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Leandro Canônico e Marcelo Hazan
Desejo do atacante de voltar a vestir a camisa do Tricolor ajudou o clube a dar “chapéu” no rival Palmeiras depois de o pessimismo tomar conta dos são-paulinos na noite de terça-feira.
Marcos Ribolli
O desejo de Alexandre Pato voltar a vestir a camisa do São Paulo foi fundamental para que a novela do retorno do atacante ao Brasil tivesse final feliz para o Tricolor – veja aqui o anúncio do reforço.
Mas para entender melhor a importância do posicionamento de Pato na reta final da negociação é necessário voltar à noite da última terça-feira, quando o Palmeiras ficou mais perto do atacante.
Havia no São Paulo o temor real de perder a negociação pela maior força financeira do Palmeiras e porque o Tricolor ficou sem comunicação por algum tempo com Pato. Paralelamente a isso, o rival cresceu.
O cenário mudou quando Alexandre Pato entrou novamente no circuito por volta das 12h da última quarta-feira, dia do acerto do retorno do atacante ao clube do Morumbi.
Nos bastidores, foram determinantes a atuação do gerente executivo, Alexandre Pássaro, responsável por conduzir as negociações supervisionado pelo comando de Raí no futebol, do departamento financeiro e de outros funcionários. O presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, foi entusiasta da contratação desde o início.
Pato comemora gol marcado contra o Vasco na primeira passagem — Foto: MIGUEL SCHINCARIOL – Agência Estado
Entenda a negociação
Monitorado há meses pelo São Paulo, Alexandre Pato voltou a ter contato com a diretoria do clube logo que rescindiu o acordo com o chinês Tianjin Tianhai. A troca de mensagens foi imediata.
Assim que desembarcou no Brasil, o atacante deixou o controle das negociações nas mãos do pai, Geraldo Rodrigues da Silva, e do empresário André Cury.
Ciente disso e da concorrência do Palmeiras (e do Santos, que corria por fora), a diretoria do Tricolor optou por adotar a estratégia de ficar mais em cima do pai do atacante, enquanto o rival alviverde tratou com Cury.
Pato e Kaká em jogo pelo São Paulo — Foto: Reprodução / Instagram
Empresário de boa relação com Alexandre Mattos, diretor de futebol do Palmeiras, André Cury deu maior esperança ao rival do São Paulo. Mas tudo mudou quando Pato e o pai voltaram ao circuito.
Geraldo, desde o início, se mostrou animado com um possível retorno do filho ao São Paulo. No entanto, os dois “sumiram” nos últimos dias (o pai do atacante viajou para Pato Branco), após colocarem o dia 27 de março como prazo para definição. A dupla era o canal de negociação do São Paulo e ficou incomunicável. Esse “sumiço” deu margem para o crescimento do Palmeiras.
Mas a estratégia do São Paulo não estava errada. Quando Pato e o pai voltaram a aparecer, no fim da manhã da última quarta-feira, o Tricolor entrou forte nas negociações, depois de ver o esforço que o jogador fez para entender a realidade financeira do clube, principalmente neste ano de 2019.
Isso porque o orçamento foi readequado pelo departamento financeiro após a queda na Libertadores e o clube prometeu ao técnico Cuca que a contratação de Pato não inviabiliza a busca por outros reforços.
Vídeo motivacional e conversa com Cuca
O São Paulo usou um vídeo com o tema “aqui o coração bate mais forte” para anunciar o reforço de Pato nas redes sociais do clube. Antes, porém, esse material foi envolvido na negociação.
Na noite de terça-feira, quando o negócio parecia caminhar para o rival, Alexandre Pássaro pediu ao departamento de comunicação a confecção desse vídeo e mandou na manhã desta quarta-feira a Geraldo e Pato.
Antes, no sábado, o São Paulo intermediou um papo entre Pato e Cuca por telefone. O técnico, que no começo precisou ser convencido da contratação do atacante, teve papel importante.
A conversa entre Cuca, que assume o São Paulo na próxima terça-feira, e Pato foi muito positiva, mas depois disso o atacante só voltou a falar com o Tricolor nesta quarta-feira.
Assinatura digital
O São Paulo precisou ser rápido no desfecho da negociação com Pato, que está na capital paulista, mas não esteve presencialmente com os diretores do Tricolor.
Por isso, Alexandre Pássaro resolveu utilizar uma função do celular para colher a assinatura de Pato rapidamente e poder finalizar a negociação com o anúncio oficial do reforço.
O atacante recebeu uma mensagem da diretoria, na qual havia a explicação sobre como funcionava o aplicativo. Pato prontamente fez o procedimento da assinatura digital e enviou ao São Paulo.
Essa foi uma forma também de acabar o mais rapidamente possível com a negociação e evitar que houvesse qualquer reviravolta em relação ao Palmeiras.
A arte usada pelo São Paulo no anúncio de Alexandre Pato — Foto: Reprodução
Paixão pela namorada
Rebeca Abravanel, filha do apresentador Silvio Santos, é a atual namorada de Alexandre Pato. Ela vive em São Paulo e foi um dos motivos de o atacante ter acertado a rescisão na China.
Ficar longe de Rebeca não estava nos planos de Pato. E o mais próximo que ele poderia ficar perto da namorada era acertando com um time da capital paulista.
Nem mesmo a Baixada Santista foi levada em consideração pelo jogador. Tanto que o Santos, que também fez oferta, jamais esteve perto de contratar Pato.
Na última quarta-feira, Alexandre Pato, durante o jogo do São Paulo com o Ituano, pelas quartas de final do Paulistão, publicou a foto a seguir:
Alexandre Pato postou no Instagram — Foto: Reprodução / Instagram
Os números da operação
O total da “operação Pato” custará cerca de 8 milhões de euros (R$ 35,9 milhões). O clube não pagará nada à vista.
Desse total, 2,5 milhões de euros (aproximadamente R$ 11 milhões) diluídos ao longo dos três anos e oito meses do contrato são para “reembolsar” Pato por ter pago a rescisão na China. Ou seja, é como se o São Paulo estivesse pagando esse valor pela compra dos direitos econômicos.
Gerente executivo de futebol Alexandre Pássaro — Foto: Érico Leonan/saopaulofc.net
O valor restante representa salários, com valores que não ultrapassam R$ 3 milhões no primeiro ano (metade do gasto previsto com Diego Souza), e comissão dos empresários (aproximadamente 6%).
Os agentes vão receber na negociação com o São Paulo uma porcentagem menor do que seria pago aos empresários caso Pato fechasse com o Palmeiras. O jogador e seu pai reconhecem o trabalho de André Cury principalmente na rescisão do contrato na China. Advogados e agentes auxiliaram o jogador nesse processo. Por isso, o atacante fez questão de que os empresários recebessem uma parte do valor.
Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, presidente do São Paulo, e Raí, executivo de futebol — Foto: Marcos Ribolli
A primeira proposta feita para Pato foi apresentada ao agente do jogador no último sábado. O modelo da oferta estava alinhado com o pai do jogador e previa uma meta: Pato teria de jogar 45% das partidas na primeira temporada para renovar por três anos.
Na sequência, a única alteração na proposta original que o São Paulo fez diante da forte concorrência do Palmeiras na negociação foi tirar a cláusula de produtividade, o que deu mais segurança ao jogador.