SPFC x Palmeiras coloca reforços milionários contra “trem-bala de Cotia”

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UOL

Bruno Grossi e Leandro Miranda

Cesar Greco/Ag. Palmeiras / Érico Leonan/saopaulofc.net

São Paulo e Palmeiras vão colocar frente a frente na semifinal do Campeonato Paulista, que começa amanhã, duas equipes que têm sido lideradas por perfis bem diferentes. Enquanto o Verdão, com a melhor campanha do torneio, tem como destaque o trio renomado e milionário formado por Gustavo Scarpa, Ricardo Goulart e Dudu, o Tricolor ensaia um embalo recente impulsionado principalmente pelos garotos da base. É o autointitulado “trem-bala de Cotia”, que ganha espaço em um time que também fez investimentos de peso como Hernanes, Pablo e, agora, Alexandre Pato.

A utilização de jogadores mais jovens no time titular era uma reivindicação antiga no São Paulo. Imaginava-se que André Jardine executaria essa tarefa, mas a cessão de Luan para a seleção brasileira sub-20 e seguidas lesões de Liziero atrapalharam o ex-treinador. Coube então a Vagner Mancini colocar as ideias em prática. Tudo começou no jogo contra o Red Bull Brasil, quando Antony, Luan e Helinho apareceram no time titular.

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Os dois primeiros rapidamente se firmaram, enquanto Helinho ainda não correspondeu e tenta recuperar espaço. Igor Gomes apareceu bem na última rodada da primeira fase, contra o São Caetano. Depois, nas quartas de final contra o Ituano, Mancini pôde contar com a volta de Liziero. Com quatro promessas de Cotia na equipe titular, o São Paulo enfim engrenou – venceu duas partidas consecutivas apenas pela segunda vez na temporada.

Igor Gomes marcou os dois gols da vitória no jogo de ida, enquanto Liziero fez o tento que selou a classificação para a semifinal. Eles foram premiados após terem conseguido mudar o jeito de jogar do Tricolor. Saíram a burocracia e a lentidão para dar lugar à ousadia e à velocidade. O time passou a ser mais leve, a praticar mais tabelas e a agredir mais os adversários. Tanto roubando bolas no ataque como concluindo a gol.

Essas características estão no DNA desses jovens, que se conhecem, como no caso de Luan e Liziero, há quase dez anos. As categorias de base do São Paulo cultivam esse estilo mais agressivo e veloz, como era com o próprio Jardine e como segue com Orlando Ribeiro, campeão da Copa São Paulo deste ano. Assim, quando o Tricolor não dava mais sinais de reação e tinha desfalques importantes, como Nenê e Hernanes, a solução foi recorrer ao entrosamento dos garotos.

A sintonia vista em campo também aparece fora dele. Os jovens não se desgrudam, brincam e conversam o tempo todo. E é por isso que comemoram tanto os gols marcados por eles. Contra o Ituano, subiram no alambrado e começaram a mostrar outra característica que vem de Cotia: o gosto pelo funk e suas dancinhas. Mostraram que o “trem-bala de Cotia”, como gostavam de apelidar os times da base e até cantar nas arquibancadas em jogos dos amigos, está embalado.

No Palmeiras, garotos não tomam espaço de estrelas

Ale Cabral/AGIF
Imagem: Ale Cabral/AGIF

Do outro lado, o Palmeiras não tem primado pela utilização de garotos. Recentemente, acertou as saídas de atletas promissores, como o atacante Yan, emprestado ao português Estoril, e o lateral Luan Cândido, vendido ao alemão RB Leipzig por oito milhões de euros (R$ 35 milhões). Se tem pouco espaço para a base, o time compensa com investimentos pesados para contratar – ou, em alguns casos, manter – jogadores renomados e cobiçados no mercado.

É o caso do trio que lidera os melhores momentos ofensivos da equipe. Ídolo da torcida e xodó desde o “chapéu” em São Paulo e Corinthians em 2015, Dudu é um exemplo do esforço que o Palmeiras tem feito para manter seu elenco qualificado. O time paulista recusou diversas investidas do futebol chinês pelo camisa 7, a última delas no início deste ano, e renovou contrato com ele até 2023, com uma vultosa valorização salarial.

Gustavo Scarpa também demandou um investimento pesado por parte do Palmeiras, que havia acertado luvas de 6 milhões de euros (R$ 26 milhões na cotação atual) para contratá-lo no começo de 2018, quando o meia havia se desvinculado do Fluminense pela primeira vez. Já em outubro, para encerrar de vez a briga judicial com o clube carioca e liberar o meia para jogar, o Verdão aceitou pagar mais 1,5 milhão de euros (R$ 7 milhões).

Por fim, Ricardo Goulart foi a última estrela contratada pelo Palmeiras e se adaptou rapidamente à equipe – já é o artilheiro alviverde no ano, com quatro gols. O meia-atacante foi liberado pelo Guangzhou Evergrande por um empréstimo de um ano, e os chineses toparam pagar a maior parte do salário, que na China era de mais de R$ 3 milhões. O alviverde arca com cerca de R$ 600 mil por mês.

O trio tem mostrado grande química dentro de campo. Com Scarpa articulando a partir da direita, Dudu se movimentando pela esquerda e Goulart com liberdade para entrar na área pelo centro, eles também trocam constantemente de posição e dão fluidez à equipe. Pode ser a senha para melhorar uma das deficiências que o Palmeiras apresentou no ano passado, apesar do título brasileiro: a dificuldade para abrir defesas fechadas.

“O Felipão dá essa liberdade para nós, somos três jogadores de qualidade técnica”, explicou Scarpa. “No gol que fiz pela Libertadores, por exemplo, eu estava jogando pela direita, e acabei marcando o gol pela esquerda. O Felipão só pede que, quando precise marcar, independente de quem seja, tenha um na direita, um na esquerda e um centralizado. Essa qualidade tem ajudado a desenvoltura do jogo do Palmeiras”.

A bola para o primeiro duelo entre São Paulo e Palmeiras rola a partir das 18h de amanhã, no Morumbi. Já o jogo de volta da semifinal está marcado para o próximo dia 7 de abril, domingo, no Allianz Parque, às 16h.