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Diego Salgado
O São Paulo fará amanhã no Morumbi um treino aberto ao torcedor na véspera da partida decisiva contra o Palmeiras, pela semifinal do Campeonato Paulista. Nos últimos anos, a prática tem se tornado comum entre os clubes da capital paulista – Corinthians e time palmeirense, por exemplo, prepararam-se para a final do Estadual 2018 com atividades em suas respectivas arenas.
Há 66 anos, porém, o palco de treinos foi bastante inusitado. São Paulo e Corinthians treinaram no Carandiru, sob olhares de centenas de presos. No dia 3 de dezembro de 1953, o time são-paulino compareceu ao local com todas as suas estrelas, depois de um pedido do diretor da Penitenciária do Estado, Silva Teles à diretoria do clube.
A ideia de Teles era criar um tipo de entretenimento aos presidiários com a exibição. E a estratégia deu certo. Segundo um relato do jornal Folha da Manhã, o médio-volante Bauer, cumprimentou todos os 1.200 presos que assistiram às atividades. “Foi quebrada a rotina que se observa diariamente na Penitenciária”, relatou a publicação. O São Paulo, na ocasião, estava invicto havia 20 jogos e já tinha encaminhado o título paulista. Dali a três dias, o time do técnico Jim Lopes bateu o Ypiranga por 1 a 0 no Pacaembu, gol de Teixeirinha. Pouco menos de dois meses depois, o clube se sagrou campeão estadual ao derrotar o Santos por 3 a 1 na Vila Belmiro.
O Corinthians, por sua vez, compareceu ao Carandiru exatas duas semanas após o treino são-paulino no local, em novo convite feito por Silva Teles. Dessa forma, o atual bicampeão paulista se preparou para um clássico contra o Santos na penitenciária. Como aconteceu com o São Paulo, todos os titulares desfilaram seu futebol em um dos pavilhões do Carandiru, que foi inaugurado em 1920 e implodido em 2002. Os titulares venceram os reservas por 7 a 3, com seis gols de Baltazar, que também definiu o triunfo corintiano diante do Santos, no Pacaembu, no domingo seguinte – o placar foi de 3 a 2.