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José Eduardo Martins
Nesta final do Campeonato Paulista, São Paulo e Corinthians trabalharam bastante fora das quatro linhas para manter as suas estratégias em segredo. Antes da decisão de amanhã, na Arena, os dois clubes se dedicaram nos últimos dias a esconder tudo que poderia servir de informação para o adversário. Por isso, o clima de mistério dominou desde os treinamentos até os boletins médicos.
No CT da Barra Funda, a entrada da imprensa não foi permitida durante os testes táticos realizados pelo técnico Cuca. Os únicos momentos em que os jornalistas puderam acompanhar os atletas em ação foram no jogo-treino com o São Caetano, na terça-feira, e no aquecimento. Vale destacar que no teste com o Azulão apenas os reservas estavam à disposição.
Cuca sempre foi preocupado para guardar as suas estratégias. Em 2017, quando treinava o Palmeiras, por exemplo, reclamou da suspeita de espionagem do São Paulo, então comandado por Rogério Ceni. Na ocasião, ele acreditava que funcionários do Tricolor poderiam pegar informações ao observar as atividades do Alviverde em um dos prédios vizinhos à Academia de Futebol.
O torcedor só vai saber qual será a escalação minutos antes do jogo. Entre as dúvidas estão a entrada de Jucilei, que pode substituir Liziero, a confirmação de Hernanes como titular, e a presença de Gonzalo Carneiro na vaga de Pablo, que se recupera de cirurgia para retirada de um cisto artrossinovial na região lombar da coluna. Fábio Carille não fica muito atrás na desconfiança. O Corinthians até abriu o seu treino de ontem. Porém, a última atividade antes do clássico, será fechada para a imprensa. O treinador do Alvinegro também tenta esconder qual escalação vai começar a partida. Dúvidas como se Jadson ou Sornoza vai jogar são guardadas a sete chaves.
A irritação de Carille com a suspeita de espionagem já chamou a atenção nesta temporada. O técnico reclamou antes do clássico com o Santos, pela semifinal do estadual. Na ocasião, ele desconfiou que jornalistas teriam passado informações sobre o treino de bola parada. Como consequência, não permitiu a entrada da imprensa no CT Joaquim Grava na véspera do jogo e, depois da partida com o arquirrival, discutiu com um repórter.
Para reforçar o mistério, os clubes não divulgaram o prazo de retorno de jogadores que estão no departamento médico. Desta maneira, o adversário fica com um ponto de interrogação na hora de saber se determinado atleta terá condições de atuar. Por exemplo, até agora, Carille não sabe se Cuca poderá utilizar Liziero, que reclamou de dores na coxa esquerda na última semana. Já no Corinthians, Júnior Urso, com lesão moderada no músculo adutor da coxa direita, ainda não teve a sua participação totalmente descartada. Porém, em casos assim, geralmente o jogador demora duas semanas para ser liberado. Talvez, pelo menos essas duas dúvidas sejam sanadas com a divulgação da lista de relacionados, que os clubes costumam divulgar.