Fonte: UOL – Dassler Marques, Pedro Lopes e Thales Calipo
Por mais que o Corinthians tenha demonstrado mais vontade de vencer e merecido o placar de 2 a 0, há muitas razões que ajudam a explicar a atuação muito superior ao São Paulo no clássico da noite de quarta-feira, no Itaquerão.
O duelo era histórico, representava uma rivalidade marcante que, enfim, chegou à Copa Libertadores. Mas os dois times, em si, se apresentaram muito diferentes. O Corinthians em ritmo forte de competição ainda em fevereiro, estratégia definida, variações e à vontade em sua casa. O São Paulo, com mistério na escalação, alternativas pouco utilizadas e muita lentidão.
Abaixo, veja esses e outros detalhes que juntos determinaram a vitória do Corinthians. E que, mesmo com um gol de jogada irregular, foi pouco contestada pelo São Paulo.
1 – Compactação corintiana
A linha defensiva do Corinthians próxima ao meio e este setor recheado de jogadores limitou muito a ação do São Paulo, que não conseguiu jogar com profundidade. Em nenhum momento a equipe visitante foi capaz de acuar os corintianos e a posse são-paulina ficou sempre entre as intermediárias. “É como um xadrez, não pode errar. Talvez tenha sido taticamente a nossa melhor partida”, disse Renato Augusto.
2 – Falta de mobilidade do São Paulo
Jogador mais rápido da equipe, Michel Bastos foi escalado na lateral porque Muricy apostou em uma partida mais cadenciada. No fim, sobraram passes – quase 200 a mais que o Corinthians – e faltou velocidade do meio para frente. PH Ganso não se encontrou, Maicon ficou muito preso em seu setor e Souza se desdobrou para acompanhar Fagner. “Acho que hoje eu posso dar mais em outra posição”, disse Michel.
3 – Defesa tricolor sem entrosamento
Depois do jogo, Maicon admitiu que o primeiro gol corintiano foi um erro completo da defesa são-paulina. No lance, Danilo sai até o meio acompanhado por um zagueiro e Elias se infiltra no espaço vazio. Foi o primeiro jogo de Michel Bastos, no ano, como lateral. E a segunda partida de Dória, que no fim de semana jogou em outro sistema tático.
4 – Movimentação de Danilo
Escalado na função de Guerrero, Danilo abriu espaços de maneira inteligente. É verdade que em alguns momentos faltava um corintiano na área, mas a equipe de Tite soube se infiltrar nos espaços vazios com Jadson, Fagner, Emerson e Elias. O São Paulo, apesar de três volantes para congestionar o meio, não conseguiu fechar os espaços criados por Danilo.
5 – Irritação são-paulina
Quando as coisas não funcionam em campo, cresce a irritação dos jogadores. Com o São Paulo, essa máxima se repetiu. Na saída para o intervalo, Maicon estava nervoso por ter sido questionado se deveria marcar Elias, que na volta levou cotovelada de Denílson. Com o erro da arbitragem no segundo gol corintiano, os são-paulinos ficaram transtornados, cercaram o árbitro, e não tiveram ânimo algum nos 20 minutos finais. Ainda por conta do lance, Michel Bastos reclamou duro com o colega Bruno, que sofreu a falta de Sheik. Até mesmo Rogério Ceni perdeu a linha com um gandula, por uma suposta demora na reposição de bolas em alguns momentos.
6 – Ritmos diferentes
Para o São Paulo, foi a estreia, mas para o Corinthians já era o terceiro jogo pela Copa Libertadores. Tudo isso depois de uma pré-temporada marcada por jogos duros contra times alemães. As duas equipes sentiram a partida de maneiras diferentes e os são-paulinos entraram desligados em campo. Tite, na véspera, havia admitido que começar 2015 com pressão, no fim das contas, trouxe efeitos positivos.
7 – Gramado escorregadio
Os corintianos já estão adaptados e se aproveitam do campo que permite um jogo mais rápido, mas os visitantes sentiram dificuldade no gramado e proporcionaram uma série de escorregões. Em um raro avanço com espaço pela direita, por exemplo, o lateral são-paulino Bruno acabou no chão. O fato foi apontado por Rogério Ceni após a partida. “O estádio é bacana, mas o gramado estava escorregadio. Todo mundo levou bastante tombo”.