Sem ideias, São Paulo pouco ameaça e sofre choque de realidade no clássico

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LANCE

A derrota para o Corinthians por 1 a 0 mostrou outra vez que o Tricolor tem problemas crônicos de jogo e de elenco, que precisam ser resolvidos e não mais remendados

Corinthians x São Paulo

Vitor Bueno foi a novidade de Cuca para o clássico, mas solução não deu certo (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)

A derrota por 1 a 0 do São Paulo para o Corinthians teve a mesma característica dos últimos dois resultados ruins do time de Cuca: muitos passes de lado, tabelas inúteis, bolas carregadas em demasia, insistência pelas jogadas pelo meio, defesa dispersa e pouca criatividade no ataque. Todos elementos já conhecidos, mas foram ofuscados pela fase da reviravolta, e que agora foram escancarados em outro clássico.

Não dá para analisar a partida sem destacar que o desejo por um centroavante não irá resolver todos os problemas. Com construção atual do time, qualquer jogador que esteja mais centralizado no setor ofensivo, vai sentir dificuldade, especialmente aquele que, como Pato, não são os homens ideais para a função. A falta de um um jogo mais agudo pelas pontas e uma maior rapidez ao concatenar os lances de frente, são resoluções que precisam de prioridade.

A escolha de Cuca por iniciar a partida com Vitor Bueno, que ainda não havia sido titular desde que chegou, não foi das mais felizes. Sem ritmo de jogo, foi engolido pela marcação corintiana e jogo ficou longe de passar pelos seus pés. É possível que Igor Gomes ou Nenê teriam vida parecida, mas pelo menos o mais jovem conseguiria igualar a intensidade que o clássico pedia. A verdade é que os são-paulinos poderiam jogar mais 90 minutos e não fariam um gol.

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Na defesa, nem a volta de Arboleda conseguiu amenizar a apatia e as distrações do setor. Mesmo que o Corinthians não tenha priorizado as ações ofensivas, sempre que chegou ao ataque levou perigo e armou as jogadas do jeito que quis, acertando passes e sendo objetivo. Colaborou a permissividade do sistema defensivo são-paulino, que tem ido bem, é verdade, porém esses “apagões” acabam colocando a eficiência em xeque.

O fator psicológico, que traz um longo jejum de vitórias em clássicos e na Arena, corintiana parece ter influência na atuação dos jogadores, a pressão cresce, o time não consegue jogar, etc. No entanto, isso é somado aos outros problemas crônicos da equipe que ainda não foram resolvidos, mas sim remendados e que, em certo momento, foram suficientes para garantir vaga na final do Paulistão e um bom começo de Brasileirão.

Agora chegou a hora de mostrar evolução e dar um passo à frente. O clássico foi mais um teste e mais uma prova de que isso ainda não aconteceu. O torcedor tem entendido o momento e colocou um ponto final no oba-oba já faz um tempo. Cuca, sua comissão técnica e dirigentes precisam utilizar a pausa para a Copa América para tentar mudar esse cenário incômodo de estagnação.