Ex-reserva de Ceni elogia trabalho no Fortaleza e não vê volta ao São Paulo

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UOL

Augusto Zaupa e Vanderlei Lima

Arquivo pessoal

Companheiro de Rogério Ceni no São Paulo por seis anos, João Bosco de Freitas Chaves, o Bosco, conhece como poucos o ídolo. Tanto que o goleiro aposentado fez parte no trâmite para contratar o ex-camisa 1 do Tricolor Paulista para o cargo de treinador, em novembro de 2017. De lá para cá, o Leão conquistou três títulos sob o comando do técnico.

Em conversa com o UOL Esporte, Bosco declarou não ter ficado surpreso com a rápida adaptação de Ceni ao Fortaleza e disse acreditar que o “Mito” são-paulino não voltará tão logo a comandar o time do Morumbi, devido à rápida e turbulenta passagem como treinador do clube. Somado a isso, o ex-camisa 22 não vê empecilhos de um dia o amigo treinar os antigos rivais Corinthians ou Palmeiras.

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Bosco começou a trabalhar com Ceni em novembro de 2005, quando foi contratado pelo São Paulo para ser reversa do colega de posição. Durante mais de meia década de convívio, o ex-jogador pernambucano foi observando a capacidade que Rogério tinha para ser treinador e elogia a dedicação do amigo. “O Rogério sempre foi um profissional de excelência. Como treinador não poderia deixar de ser diferente. Com muito estudo e muita dedicação, o Rogério tem sido o diferencial no futebol brasileiro. Fico feliz porque o Fortaleza entendeu e comprou a proposta do Rogério. Ele também se comprometeu a não sair e está dando certo.”

Em apenas 19 meses, Rogério Ceni já soma três conquistas: Brasileiro da Série B, em 2018; Campeonato Cearense, em 2019; e Copa do Nordeste, também na atual temporada. Somado a isso, o Leão desfrutará a paralisação do Brasileirão devido à Copa América fora da zona de rebaixamento. O bom momento do clube não surpreende Bosco.

“O Fortaleza está se estruturando para se consolidar como um dos grandes do Brasil. Quando eu voltei para o clube, em 2016 [como preparador de goleiros], eu vi a mudança que o Fortaleza teve em termos de estrutura, de pensamento de comando. Os caras pensam grande, compram as ideias do Rogério. Ele tem inteligência para gerir o clube com estrutura, modernização de equipamento e espaço físico de qualidade para oferecer aos jogadores.”

Arquivo pessoal

Apesar de Ceni já ter declarado não ter mágoas do São Paulo devido à demissão – ele treinou o clube por apenas seis meses em 2017 -, Bosco disse acreditar que o amigo não voltará a treinar o time do Morumbi tão cedo.

“Sou um pouco incrédulo. Talvez não seja o momento. É o grande sonho do torcedor do São Paulo é ter o Rogério como treinador, com uma sequência e tranquilidade para trabalhar. Mas o São Paulo não teve essa paciência. Obviamente, o Rogério não vai fechar nenhuma porta. Mas eu acho difícil o Rogério voltar ao São Paulo nos próximos dois anos”, analisou.

“É uma opinião pessoal. Pode ser que eu esteja errado, mas acredito que o Rogério fica até o final deste ano no Fortaleza e talvez depois vai para um outro clube, mas São Paulo eu acho que ainda não”, acrescentou. Rogério Ceni no Palmeiras ou Corinthians? Durante 25 anos defendendo a camisa são-paulina, Rogério Ceni disputou 1237 jogos, marcou 131 gols e conquistou 18 títulos oficiais. Apesar da imensa identificação do ex-camisa 1 com o São Paulo, Bosco não vê problemas se um dia o amigo assumir o comando dos rivais Palmeiras e Corinthians e ainda aponta um ex-treinador como exemplo.

“O cara não pode fechar nenhum tipo de porta. Não vejo nenhuma dificuldade do Rogério receber e aceitar uma proposta do Corinthians ou do Palmeiras. Depende muito da proposta do projeto do clube porque o Rogério é um cara que gosta de desafios. Ele não vai ter dificuldade nenhuma de aceitar uma proposta de clubes grandes”, comentou.

“O próprio Muricy Ramalho tem uma identificação muito grande com o São Paulo. Ele começou a carreira de treinador no clube. Mas o Muricy não teve nenhuma dificuldade em dirigir o Palmeiras [2009]. É mais complicado receber um ídolo como ele para quem faz parte da diretoria da outra equipe e para torcida [adversária] do que para o próprio profissional”, analisou. No fim de abril deste ano, o Atlético-MG fez uma proposta para contratar Ceni, mas o treinador recusou. Para Bosco, a decisão de permanecer no Fortaleza ocorreu porque a proposta veio no meio da temporada.

“Ali teve a análise dele, porque o Fortaleza fez para ele uma proposta boa de trabalho. Não seria legal também ele deixar o time no meio da competição. Os treinadores não gostam muito de chegar no clube no meio da temporada. Eles gostam de montar o elenco, pegar as peças, escolher, e não as peças dos outros. O Rogério, como um grande estrategista que é, prefere escolher as peças, como fez no Fortaleza e está tendo sucesso”.

Arquivo pessoal

Vida nos EUA Campeão do Mundial de Clubes pelo São Paulo em 2005 e tricampeão Brasileiro (2006, 2007 e 2008), Bosco mora atualmente em Orlando, nos Estados Unidos. Apesar de ter ajudado na contratação de Ceni, os dois não trabalharam juntos no Fortaleza, uma vez que o ex-jogador pernambucano deixou o cargo de preparador de goleiros para empreender na cidade norte-americana. “Quando o Rogério Ceni chegou ao Fortaleza, eu tive que ir embora. Aqui [nos EUA] a minha esposa tem uma fábrica relacionada a produtos de beleza, e a minha posição neste negócio é só de investidor. Ela comanda tudo aqui. A mulher sempre está comandando”, brincou.

Além de investir na área de cosméticos, Bosco utiliza a sua experiência de 18 anos como profissional no futebol para gerir a carreira de atletas na BLB Sports, empresa que cuida da carreira do volante Hudson (São Paulo) e do zagueiro Lucão (atualmente sem clube), entre outros. “Trabalho com o Luciano Couto, que foi o meu procurador quando eu jogava. Ele mora na Espanha, e eu fui recentemente em Madri para combinar de trabalharmos juntos. É tudo um começo. Nós estamos indo por parte. Estou ligando para os nossos atletas, conservando, sabendo como eles estão e daí vamos dando os passos certinhos. É uma outra área, é uma outra situação onde eu estou aprendendo desde o começo.”