Nenê vai de candidato a ídolo a dispensável em menos de um ano no São Paulo

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UOL/LancePress

Jhony Pinho/AGIF

Nenê foi do céu ao inferno no São Paulo. Há menos de um ano, era candidato a ídolo, destaque nas redes sociais do clube e uma das referências da equipe que aparentava ter força para brigar pelo título brasileiro. Hoje, treina sozinho no CT da Barra Funda enquanto o elenco está em Cotia se preparando para o segundo semestre. Fora dos planos de Cuca, o meia de 37 anos aguarda uma proposta para mudar de clube.

O Brasileirão também estava parado a essa altura do ano passado, para a Copa do Mundo, e o São Paulo vinha embalado. Eram quatro vitórias nos seis jogos que antecederam a pausa, todas com destaque de Nenê: ele marcou dois gols no triunfo por 3 a 1 sobre o América-MG, em Minas, um nos 3 a 2 sobre o Botafogo, no Morumbi, um no 1 a 0 sobre o Athletico no dia em que o Tricolor conseguiu vencer pela primeira vez na Arena da Baixada, e mais dois nos 3 a 0 sobre o Vitória, no Morumbi, no jogo que garantiu o time no G4 durante o hiato da competição.

Depois de um começo difícil com Dorival Júnior, o veterano embalou após a chegada de Diego Aguirre, especialmente a partir da semifinal do Paulistão, em abril. O time acabou eliminado pelo Corinthians, mas ele marcou o gol da vitória por 1 a 0 no Morumbi e teve boa atuação na derrota por 1 a 0 em Itaquera – cansado, foi substituído antes do gol corintiano e, consequentemente, não participou da disputa de pênaltis. A partir dali, era difícil imaginar a formação titular do Tricolor sem Nenê.

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Ele trocou a camisa 7 pela 10, que era de Cueva, logo depois da Copa do Mundo, e virou até tema de copo vendido no Morumbi, com a inscrição “chapada do Nenê” inventada por Reinaldo. Também foi o responsável por anunciar a contratação de Bruno Peres em um vídeo da TV oficial do clube. O meia parecia trilhar o caminho para a idolatria, tanto que chegou a declarar que não se via vestindo outra a camisa até o fim da carreira.

“A ideia de parar aqui seria realmente maravilhosa, não me vejo em outro time. Estou muito feliz aqui e a ideia é ficar muito tempo ainda”, disse, em setembro de 2018, ao “Lance!”. Paralelamente à vertiginosa queda de rendimento do segundo turno que empurrou o São Paulo da liderança para a quinta colocação do Brasileirão, Nenê deixou de protagonizar notícias positivas e virou centro de polêmicas. A maior delas veio após o empate por 2 a 2 com o Flamengo, no Morumbi, em novembro: após ficar no banco durante os 90 minutos, o jogador deixou o estádio pouco depois do apito final, sem esconder a irritação com Diego Aguirre.

Dias depois, após a demissão do técnico, deu uma entrevista dizendo estar chateado, elogiando o uruguaio e afirmando que não teve nada a ver com a queda dele. Naquele dia, havia sido escalado como titular por André Jardine, algo que não havia acontecido nos quatro últimos jogos do técnico anterior, mas foi substituído sob vaias aos 27 minutos do segundo tempo. No penúltimo jogo da temporada, o 0 a 0 contra o Sport, ainda perdeu um pênalti.

Neste ano, embora seja o líder de assistências do elenco com cinco passes para gol, Nenê foi coadjuvante até o afastamento do grupo. Marcou só um gol, contra o Eintracht Frankfurt (ALE), na primeira partida da Florida Cup. Em jogos oficiais, não balança as redes desde o empate por 1 a 1 com o Paraná, em agosto de 2018, na primeira rodada do returno. São 18 jogos e apenas um gol em 2019, sendo que apenas cinco dessas partidas foram na condição de titular – nenhuma com Cuca. No ano passado, ele acumulou 12 gols em 55 partidas pelo Tricolor. Foi a temporada em que mais jogou na carreira.

Fortaleza, Goiás e Fluminense já se interessaram pelo armador ao longo deste ano, mas foram afastados pelo alto salário. Segundo o diretor de futebol Raí, também há propostas do exterior.