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Bernardo Serrado e Emanuelle Ribeiro
Responsável por procedimento cirúrgico feito no jogador em 2018, Eduardo Saad dá entrevista em hospital no qual atacante está internado.
Divulgação
Biro Biro cai no gramado durante treino no Nilton Santos
Atendido ainda no Estádio Nilton Santos, o atacante Biro Biro, que teve um mal-estar e desmaiou durante treino do Botafogo nesta terça-feira, foi encaminhado para a Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul do Rio. Lá, o cardiologista Eduardo Saad, especialista no procedimento conhecido como ablação – pelo qual Biro Biro passou quando jogava na China -, deu um parecer sobre a situação do atleta.
Biro Biro está internado em hospital na Zona Sul do Rio — Foto: Divulgação
Saad é o médico que realizou a ablação enquanto Biro Biro ainda defendia o Shangai Shenxin, da China, no ano passado.
– Ele está muito bem, acordado, estável, conversando, com pressão boa, absolutamente normal. A gente não tem certeza ainda do que ocorreu. Ele tem histórico de ter feito no ano passado tratamento de uma arritmia benigna, nenhuma arritmia que pudesse causar morte súbita para ele ou algo que se aproximasse disso. Foi liberado para jogar, tinha exames periódicos em vários clubes diferentes, na China e no Brasil.
O cardiologista explicou que o mal-estar de Biro Biro piorou no vestiário do Nilton Santos, para onde foi levado depois de cair no gramado.
– Ele teve um mal-estar durante o treino, foi retirado do campo e depois, já deitado e em observação, o mal-estar aumentou, e ele teve a perda transitória da consciência, a gente chama de síncope. Ele não estava monitorado, não estava em ambiente hospitalar, então a gente não sabe o que causou essa síncope. Ele precisa passar por série de exames para definir isso – disse Saad.
Eduardo Saad médico Biro Biro Botafogo — Foto: Emanuelle Ribeiro
O médico relata que o mal-estar sofrido por Biro Biro não pode ser definido como uma parada cardíaca. Agrega ainda que os primeiros socorros não foram decisivos para a recuperação do atleta.
– Não sei se usaria o termo reanimado. No momento em que a pessoa perde a consciência e não se detecta uma boa circulação, ele foi muito brevemente massageado, mas isso não implica que ele teve uma parada cardíaca por alguma arritmia maligna ou alguma coisa desse gênero. Ele foi atendido naquele momento, mas não foi isso que o fez se recuperar. Ele se recuperou espontaneamente.
Também na clínica, o médico Ricardo Bastos, do Botafogo, explicou como foi feito o primeiro atendimento a Biro Biro.
– Ele caiu no campo. Vimos o sinal vital, decidimos levá-lo para dentro do nosso departamento, onde tinha uma maca. Estabilizamos o Biro Biro, o deixamos num quadro mais estável e decidimos transportá-lo para o hospital para fazer a investigação e dar mais conforto a ele – explicou Bastos, que garantiu que o problema de hoje não tem nada a ver com o problema que tirou o atacante do jogo contra o Cruzeiro.
Confira outros tópicos da entrevista de Eduardo Saad:
O futuro de Biro Biro no futebol está ameaçado?
É muito difícil afirmar isso nesse momento. Como disse inicialmente, a gente ainda não tem ideia exatamente do que causou esse mal-estar hoje. É precipitado dizer que aconteceu A, B ou C diagnósticos. Temos que reinvestigar. Nos exames recentes, ele não tinha nada de maligno no coração. Isso pode mudar? Pode. A gente precisava reavaliar, mas ainda é muito cedo para falar alguma coisa.
Como foi o procedimento realizado pelo senhor no ano passado, quando ele ainda jogava na China?
Ele fez na verdade uma avaliação elétrica do coração por cateter, chama estudo eletrofisiológico, onde se faz uma avaliação completa da parte elétrica do coração. E isso não mostrou nenhuma arritmia ou qualquer potencial de arritmia perigosa ou maligna. O que foi detectada foi uma arritmia na parte de cima do coração chamada de dupla via nodal, uma arritmia benigna, que eventualmente nem estava causando os sintomas que ele tinha na época.
Mas, por ser um atleta profissional e por ser um procedimento simples, estava com um cateter dentro do coração, ele fez uma ablação por cateter, que é a cauterização desse foco de arritmia, mas uma arritmia completamente benigna que de forma nenhuma justifica um sintoma mais grave como esse.