GloboEsporte.com
Beatriz Zara*
Principal estrela do time, Cristiane ficou fora por lesão, mas time mostrou outros talentos.
Elenco do São Paulo — Foto: Anderson Rodrigues/saopaulofc.net
Em 2017, o São Paulo anunciou a volta do futebol feminino, em parceria com o Centro Olímpico. De lá pra cá, peneiras foram feitas, jogadoras subiram da base e, no primeiro ano como profissional, o time conquistou, no último domingo, contra o Cruzeiro, um campeonato nacional: o Brasileirão A2.
Cristiane, jogadora de seleção brasileira e principal reforço do Tricolor, não atuou pelo time na campanha do Brasileirão. Lesões, convocação para a Copa do Mundo na França e mais lesões atrapalharam a vida da atleta. Com isso, novas protagonistas surgiram na equipe do São Paulo.
Conheça os destaques do time campeão:
Bruna, a xerife da zaga
Bruna, zagueira do São Paulo — Foto: Cristiane Mattos/saopaulofc.net
Bruna Cotrim chegou ao São Paulo neste ano, mas já conquistou a titularidade do time. Com passagens por São Bernardo, Centro Olímpico, Foz Cataratas e Sport, a zagueira de 22 anos conta o motivo pelo qual aceitou o novo projeto do São Paulo.
– Eu já conhecia o Lucas Piccinato (técnico do São Paulo) do Centro Olímpico. Sei que ele faz um bom trabalho e é justo. Como foi muito bom ter convivido com ele no passado, achei que poderia ser uma experiência muito boa pra mim, e acabei vindo para o São Paulo – disse.
Bruna é uma jogadora versátil. Jogou de lateral e de volante. Porém, o lugar em que se sente mais confortável é na zaga. E a atleta se identifica com um jogador conhecido da torcida tricolor.
– Eu me identifico muito com o Bruno Alves. Número três para três. Ele é monstro – completou.
Carlinha, o termômetro do time
Carlinha, goleira do São Paulo — Foto: Cristiane Mattos/saopaulofc.net
Com passagens por Osasco Audax, Centro Olímpico e Grêmio, Carlinha também chegou ao São Paulo também neste ano e conquistou a titularidade. Com boa saída de bola e habilidosa com os pés, a jogadora falou que se sente horada em jogar em um time que revela grandes goleiros, como Rogério Ceni. Porém, suas referências como atleta são outras.
– Dentro do Brasil é o Alisson. Acho que temos um perfil parecido, de gostar de jogar com o pé, de jogar em linha alta. E fora, é o (alemão) Neuer. Acho que é o primeiro goleiro que eu vi jogar tão moderno. Ele gosta de ter a posse, gosta de ajudar o time na saída. É um estilo que eu gosto muito e me inspira bastante – disse.
Na próxima temporada, o São Paulo jogará a Série A1 do Campeonato Brasileiro. Carlinha fala da expectativa de competir na elite do futebol feminino.
– Sempre soubemos que o principal objetivo era subir pra Série A1, porque é onde os times grandes como o São Paulo devem estar. Jogar na elite do futebol, ter clássicos, jogos muito duros, mas acredito que a expectativa é a melhor possível – completou.
Com uma defesa muito consistente no Campeonato Brasileiro, sofrendo apenas quatro gols, Carlinha falou como definiria o time do São Paulo em uma palavra.
– Em uma palavra? Guerreiro. Somos um time que não tem bola fora – falou.
Natane e Chaiane, as gêmeas do Tricolor
Natane, à esquerda, e Chaiane, à direita — Foto: Instagram/Reprodução
Gaúchas de Garibaldi, as irmãs Natane e Chaiane reforçaram o São Paulo em 2019. Apesar de atuarem em diferentes posições (Natane é lateral-esquerda e Chaiane é meio-campista), sempre jogaram pelos mesmos times.
Natane e Chaiane estavam no Santos desde 2016, e falaram o porquê saíram do clube, um dos times com maior tradição no futebol feminino, para jogar no São Paulo.
– A gente queria buscar algo novo para carreira. Sabíamos que seria um projeto novo, mas pelas pessoas que estavam por trás, a gente sabia que seria um bom trabalho, com uma boa estrutura para que a gente pudesse trabalhar – disse Natane.
– O que ajudou muito essa decisão foi que o nosso ano de 2018 não foi tão legal no Santos. Tivemos poucas oportunidades, e vimos que seria necessário sair – completou Chaiane.
Valéria e Larissa Santos, as artilheiras do São Paulo
Valéria é natural de Piauí. Com passagens por Tiradentes, Osasco Audax e Vitória, a atacante de 20 anos foi uma das principais jogadoras na conquista do Campeonato Brasileiro, com seis gols marcados.
– É um time muito grande e o projeto novo foi uma iniciativa muito boa pra gente. Desde o inicio, vem crescendo o futebol feminino do São Paulo, vem da base. Eu acho que com o nome da Cris também me fez vir pra cá. Iria ter uma visibilidade muito boa – disse.
Valéria, atacante do São Paulo — Foto: Anderson Rodrigues/saopaulofc.net
Por outro lado, Larissa Santos, atacante de apenas 17 anos, é da base do São Paulo. Também com seis gols marcados no Brasileiro, Larissa fala da oportunidade que está tendo no time profissional.
– Já faz dois anos que eu estou aqui e é um projeto muito bom. Tive bastante convívio com a base, mas o profissional é diferente. É outro ambiente, e a oportunidade que o São Paulo dá para as meninas de fora é muito boa, pela estrutura que tem. A oportunidade é para todas – completou.
Com 31 gols marcados no Brasileirão A2, Larissa e Valéria falam da sensação de serem artilheiras do São Paulo.
– No meu caso, é algo muito novo, já que é meu primeiro ano como profissional. Eu aproveitei da melhor maneira possível as oportunidades que me foram dadas. É uma sensação boa, não só de ser artilheira, mas de poder ajudar a equipe com gols – disse Larissa.
– Ser artilheira não envolve só nós duas, mas a equipe inteira. Se não fossem por elas, a gente não seria artilheira desse campeonato. Por onde eu passo, tento ajudar ao máximo a equipe com os meus gols – completou Valéria.
Larissa Santos, atacante do São Paulo — Foto: Igor Amorim / saopaulofc.net
Ary, a camisa dez
Com apenas 19 anos, Ary já veste a camisa 10 do São Paulo. Com passagens pelo Centro Olímpico e Sport, a meio campista conta como chegou ao Tricolor.
– Minha paixão como torcedora falou mais alto. Ano passado eu estava no Sport e acabei recebendo uma mensagem do Lucas (treinador), falando do novo projeto do São Paulo. E eu sempre pergunto para o meu pai. Falei dessa proposta do São Paulo, e ele, são paulino também, aceitou e ficou muito feliz. É um sonho você jogar pelo seu time do coração – disse.
Ary, camisa 10 do São Paulo — Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net
Ary também falou da temporada do São Paulo que, em seu primeiro ano como profissional, disputou (e ganhou) a final de um campeonato nacional.
– É um time que trabalha demais e que começou muito cedo. Estamos colhendo os frutos que plantamos desde o começo do ano. A gente sonhou, mas sonhamos um pouco mais tarde, depois de ver que estava dando certo, começamos a realmente acreditar que poderíamos chegar onde estamos – completou.
Yaya, a jovem promessa
Yaya, meio-campo do São Paulo — Foto: Karina Veiga/Saopaulofc.net
Vitória Yaya é outra da parceria com o Centro Olímpico. Com apenas 17 anos, é um dos destaques do time do São Paulo, o que rendeu uma convocação para a seleção principal.
– Eu não esperava. Eu sabia que iria ter a convocação, mas não esperava que eu fosse (convocada). É algo sem explicação, ainda não caiu a ficha. Jogar com as pessoas com quem eu me inspiro, como a Marta e a Formiga… – disse.
Yaya, na verdade, é um apelido que foi dado por um de seus técnicos do sub-15, quando jogava no Centro Olímpico.
– É por causa do Yaya Touré. Eu me inspiro muito nele. Desde lá (do sub-15) até agora, é só Yaya, nem é mais Victória. Eu assistia aos vídeos dele e concordo que o meu estilo de jogo é muito parecido com o dele – completou.
Yaya concilia a vida de jogadora de futebol com a de estudante, está no último ano do ensino médio. Apesar de querer seguir com a carreira no esporte, Vitória falou que, mais para frente, quer cursar faculdade.
– Eu quero ser agrônoma. A ideia veio por conta da minha mãe e da minha tia. Elas amam muito a natureza, aí surgiu essa vontade imensa de fazer agronomia. Além disso, gosto muito de química – completou.
Confira a trajetória do São Paulo até o título do Brasileiro A2
Primeira fase – Grupo 06
- São Paulo 1×0 América MG
- Chapecoense 0x6 São Paulo*
- São Paulo 6×0 Duque de Caxias-RJ
- São Paulo 7×0 Botafogo-RJ
- Vila Nova F.C. 1×6 São Paulo
*Cristiane iria para o jogo, mas sentiu a panturrilha no aquecimento.
Oitavas de final
Quartas de final
Semifinais
Final
* Colaborou sob a supervisão de Leandro Canônico.