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Campanha sofrível, sequência de decisões questionáveis, contratações que não dão certo, bola que insiste em não entrar… O Cruzeiro vive neste Brasileirão uma crise que há pouco tempo assustava o São Paulo, mas os times se enfrentam às 21 horas (de Brasília) de hoje vivendo cenários completamente diferentes.
A crise do Cruzeiro começou após a conquista do estadual. O time voou no Campeonato Mineiro e na fase de grupos da Libertadores, mas levou um choque ao pegar adversários mais difíceis no Brasileirão e nos mata-matas. O clube ainda foi chacoalhado por uma série de denúncias contra a atual gestão, acusada de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e falsificação de documentos. A turbulência dos bastidores se misturou com a má fase em campo, e o time nunca mais foi o mesmo.
Foi mais ou menos o que aconteceu com o São Paulo em 2013, 2016 e 2017, anos em que o clube do Morumbi tomou sustos no Brasileirão e correu riscos de rebaixamento. A equipe havia sido campeão da Copa Sul-Americana em 2012 (seu último título) e tinha alta expectativa para a temporada seguinte, mas o elenco de Rogério Ceni, Lúcio, Ganso e Luis Fabiano não foi capaz de suprir a ausência de Lucas, vendido ao Paris Saint-Germain (FRA).
Três anos depois, em 2016, Edgardo Bauza até arrumou o São Paulo com uma bola aérea forte e Calleri artilheiro, mas o futebol estritamente “de resultados” perdeu o encanto ao longo do Brasileirão. Torcedores invadiram o CT da Barra Funda e agrediram jogadores, em ato similar ao de cruzeirenses fizeram na Toca da Raposa há duas semanas.
Em 2017, Rogério Ceni voltou ao São Paulo como treinador e não deu jeito: foi demitido após seis meses, com o time na zona de rebaixamento – pelo Cruzeiro, o desfecho chegou antes até (seu trabalho durou apenas oito jogos). Aquele foi um ano de numerosas mudanças no elenco do Tricolor, que só se salvou com as chegadas de Dorival Jr. e, principalmente, Hernanes.
De modo geral, os anos ruins do São Paulo foram temperados por administrações bastante criticadas, mudanças súbitas de filosofia e muito mais trocas de técnicos do que prevê um bom planejamento – fatores todos que estão presentes no Cruzeiro atual. Tratando-se de um clube que nunca caiu, assim como o time mineiro, cada briga contra o rebaixamento teve reações fortíssimas da torcida, bastidores em combustão e crises sequenciais.
Daí que o 2019 cruzeirense lembra bastante o passado recente do São Paulo. Mano Menezes não suportou a má fase, e nem a parada da Copa América ajudou; depois Rogério Ceni perdeu uma espantosa queda de braço com os medalhões do elenco. Agora é a vez de Abel Braga tentar separar o vestiário do que está fora de campo. Os bastidores do clube talvez sejam ainda mais conturbado do que o desempenho do time em campo, com as denúncias de corrupção e as quedas de dois dirigentes (o diretor-geral Sérgio Nonato e o vice-presidente de futebol Itair Machado). A ver se o Cruzeiro agora encontra as mesmas forças que salvaram o São Paulo em anos recentes.
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