Mancini volta ao Morumbi um mês após saída conturbada e áudio vazado

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UOL

Arthur Sandes e Thiago Fernandes

“Sabe porque eu saí, boleirão?”. Há um mês, Vagner Mancini pedia demissão do São Paulo por insatisfação com o tratamento recebido no processo de contratação de Fernando Diniz. Hoje treinador do Atlético-MG, ele reencontra o Tricolor, às 16 horas (de Brasília) de amanhã, no Morumbi, em jogo da 28ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Mancini disse à época que se sentiu “constrangido e desprestigiado” pelo que aponta como uma falha de comunicação no São Paulo após a saída de Cuca. Então coordenador técnico, ele afirma que a diretoria tricolor mudou de ideia em questão de horas: primeiro o convidou a assumir como treinador; em seguida o avisou da chegada de Fernando Diniz. Insatisfeito com o vai-e-vem da situação, Mancini pediu demissão.

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Tudo ficou pouco explicado por algumas horas, até que um áudio de Mancini vazou. “Sabe por que eu saí, boleirão? Porque fui efetivado no cargo, aí quatro horas depois disso o Daniel Alves foi lá e pediu o Fernando Diniz. Eles me chamaram e falaram que estavam em dúvidas, então eu disse: ‘bom, então vão atrás do Diniz que eu estou indo embora, tchau'”, dizia na mensagem, reconhecida como verdadeira pelo próprio treinador.

Em sua versão, diretores do São Paulo teriam dado a entender que ele seria efetivado como técnico. “Perguntei se poderia contar com alguns profissionais, e eles disseram que sim. Por que dariam esse aval se eu fosse treinar um jogo só?”, questionou Mancini, referindo-se a um duelo contra o Flamengo, no Maracanã.

Do outro lado, o coordenador de futebol Raí classificou o caso como “mal-entendido”. No primeiro papo com Mancini, diz ele, “deixou-se a possibilidade de ele continuar, mas não conversamos sobre tempo ou condições. Quando ele soube que conversamos com os jogadores, ele ficou magoado, chateado e não quis mais”. Raí ainda admitiu que a consulta aos atletas “deu mais confiança” para o São Paulo decidir contratar Diniz. No geral, o caso expôs uma trajetória de indecisões do Tricolor durante a gestão Leco.

Citado no áudio vazado, Daniel Alves explicou seu lado sem deixar de cutucar Mancini. “Não fui o mentor [da chegada de Diniz]. Nós como capitães, jogadores experientes, damos a opinião quando somos questionados. Às vezes, em um momento de decepção, tem que respirar um pouco antes de fazer declarações”, afirmou o camisa 10. Questionado sobre o ocorrido ontem, Vagner Mancini preferiu pôr panos quentes na situação. “Tenho que defender as cores do Atlético e vou fazer isso mesmo se precisar suar sangue. Que seja um jogo limpo dentro de campo. Não tem nada, não venho com rancor que possa desaprovar qualquer atitude ou ter um peso maior dentro do jogo”, discursou em entrevista coletiva.

Mancini tem vantagem neste reencontro? O treinador do Atlético-MG passou nove meses no São Paulo e acompanhou o time de perto diariamente, mas pondera que o Tricolor mudou de cara desde a sua saída. “Eu saí no dia da chegada do Diniz, e o time foi alterado em algumas coisas. É óbvio que conheço um pouco mais o elenco do São Paulo do que o Diniz conhece o do Atlético, mas não sei se isso me dá vantagem ou não”, refletiu Vagner Mancini há alguns dias.

Ficha técnica SÃO PAULO x ATLÉTICO-MG Data: 27 de outubro de 2019, domingo Horário: 16 horas (de Brasília) Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo-SP Competição: Campeonato Brasileiro, 28ª rodada Árbitro: Bruno Arleu de Araujo (RJ) Assistentes: Rodrigo Figueiredo Henrique Correa e Carlos Henrique Alves de Lima Filho (ambos do RJ) VAR: Pathrice Wallace Corrêa Maia SÃO PAULO: Tiago Volpi; Igor Vinícius, Bruno Alves, Arboleda e Reinaldo; Tchê Tchê; Antony, Liziero, Igor Gomes e Vitor Bueno; Pato.. Técnico: Fernando Diniz. Atlético-MG: Cleiton; Guga, Leonardo Silva, Igor Rabello e Fábio Santos; Réver, Zé Welison, Nathan e Otero; Luan e Franco Di Santo. Técnico: Vagner Mancini.