Análise: São Paulo usa falhas do rival, resgata Jucilei e se recupera ante a Chapecoense

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GloboEsporte

Martín Fernandez

Técnico conquista primeira vitória fora de casa desde que assumiu o Tricolor.

Foi meio estranha a vitória do São Paulo sobre a Chapecoese, que serviu para instalar o Tricolor confortavelmente no G-4 do Campeonato Brasileiro:

  • melhor jogador em campo foi o goleiro do time que venceu por 3 a 0;
  • O time que perdeu por 3 a 0 tentou 26 finalizações; o que ganhou tentou 11.

Felizmente futebol é um negócio que não se explica só por atuações individuais e números pinçados ao acaso. O São Paulo até foi pressionado em Chapecó, mas mereceu ganhar. Principalmente porque soube usar a seu favor as fragilidades de um rival que patina na parte mais baixa da classificação da Série A. E porque as alterações que Fernando Diniz fez em relação ao jogo contra o Palmeiras funcionaram.

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O plano de jogo da Chapecoense era bem simples: trancar-se lá atrás, deixar a bola com o São Paulo e tentar um contra-ataque. Durou cinco minutos. O gol de Bruno Alves obrigou o time catarinense a atacar – algo que não estava nos planos, que o time não está acostumado a fazer. Resultado: contra-ataque perfeito do São Paulo e 2 a 0 na metade do primeiro tempo.

A “reestreia” de Jucilei mostrou-se um acerto. O camisa 8 ajudou o São Paulo a ter uma saída limpa –enquanto esteve em campo, foi quem mais acertou passes (47) e errou um só. Na frente, Raniel não precisou ser brilhante para oferecer mais ao time do que Pato vinha oferecendo.

O lance do segundo gol teve sua participação decisiva: Raniel desce até a intermediária de defesa, faz um pivô com Daniel Alves, que lança Antony, que então rola para Vitor Bueno marcar. O chefe gostou:

– Raniel foi bem. Brigou pelas bolas longas e deu sua contribuição – disse Fernando Diniz.

Gol do São Paulo! Vitor Bueno mostra muita frieza e amplia, aos 23' do 1º tempo

Gol do São Paulo! Vitor Bueno mostra muita frieza e amplia, aos 23′ do 1º tempo

Se no primeiro tempo tudo funcionou, no segundo não foi bem assim. O São Paulo tirou o pé e se permitiu ser pressionado pela Chapecoense – aí se explicam os dois pontos que abrem este texto: uma série de finalizações do time da casa e a ótima atuação de Thiago Volpi. O Tricolor correu riscos evitáveis. Contra um rival com mais recursos, o preço a pagar teria sido mais alto.

Na teoria, as trocas de Diniz deveriam ter funcionado: Luan por Jucilei para ter mais fôlego à frente da área, e Hernanes por Vitor Bueno para ter mais pausa e menos pressa na frente. Na prática, não deu tão certo assim. A outra substituição se deu por motivos médicos: Daniel Alves sentiu “um desconforto” e deu lugar a Juanfran. O São Paulo chegou ao terceiro gol (um golaço) mais por uma jogada extraordinária de Antony do que pelo funcionamento coletivo do time.

São Paulo comemora gol em Chapecó — Foto: Liamara Polli/Estadão Conteúdo

Em Chapecó, Diniz conquistou sua primeira vitória fora de casa, achou uma nova opção para o meio e deixou a impressão de que entende cada vez melhor seu elenco.

– O mais importante é que os jogadores não estão satisfeitos – disse o técnico, numa demonstração de que a apatia que se viu contra o Palmeiras ficou para trás. Bom sinal.

Nunca é demais lembrar do seguinte: Fernando Diniz estreou no comando do São Paulo no dia 29 de setembro e, desde então, disputou nada menos do que nove jogos: um a cada quatro dias, com viagens para Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e Santa Catarina. Conseguir implantar uma ideia de jogo nessas condições é tarefa para mágico, não para um treinador de futebol.