Diniz resgata melhor versão de Antony, que ainda precisa ser mais goleador

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UOL

Bruno Grossi

Em uma temporada com problemas de planejamento e oscilação frequente do São Paulo, Antony conseguiu ser protagonista mesmo aos 19 anos. Nas situações boas e nas más. Foi fonte de esperança no processo de reformulação do elenco e alvo de críticas quando a campanha no Campeonato Brasileiro se resumiu a lutar por uma vaga na Copa Libertadores da América. E nesse viés de queda apareceu Fernando Diniz.

O técnico chegou com muito mais desconfiança do que crédito pelos trabalhos recentes em Athletico e Fluminense. Foi rotulado de “moderno”, de “tatiquês”, mas sempre gosta de frisar que seus métodos passam muito pelo cuidado individual. Gosta de resolver angústias da vida e deficiências do campo de seus jogadores. Antony tem sido a principal “cobaia”.

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Diniz praticamente marca o atacante pela ponta direita nos jogos. Grita, orienta, cobra, gesticula. É parte de um processo maior, que passa pelo detalhe de forçar o jovem a treinar mais a perna direita. Parece simples, até óbvio na formação de um atleta. Mas esse era um problema que andava travando Antony em campo. Deixou de ser um driblador imprevisível para ser um ponta viciado em cortar para o meio.

Tornaram-se frequentes os treinos em que Diniz forçou Antony a chegar no fundo e usar a direita para cruzar. A resposta veio com duas assistências com o “pé ruim” — curiosamente as duas para Igor Gomes, nos jogos contra Fortaleza e Atlético-MG. Contra a Chapecoense, um lance bem menos importante mostra outro resultado dessa insistência do técnico. Marcado por Bruno Pacheco, Antony cortou para o fundo, ameaçou cruzar de direita e cortou novamente para a canhota. O adversário, surpreendido, caiu de costas no gramado.

A amostragem ainda é pequena, mas Diniz tem conseguido recuperar a melhor versão de Antony. Quando craque da conquista da Copa São Paulo, era o cara das assistências, que usava os dribles para desmontar defesas e definir ataques rapidamente. Foram seis passes para gol na campanha do título com o sub-20, antes de passar a receber pressão de veterano no profissional. Com Diniz, deu três assistências em sete partidas — eram duas nos 16 jogos anteriores na Série A.

O problema era — e ficou acentuado no time principal — a dificuldade nas finalizações. O Antony da Copinha fez gol na final e terminou o torneio com quatro bolas na rede. Marca que só foi igualada no profissional com o golaço sobre a Chapecoense no último sábado, depois de 39 partidas. Em que pese a diferença de nível para uma competição de base, Antony precisava e ainda precisa ser mais goleador.

Seu contemporâneo Igor Gomes é prova disso. Com quase metade dos jogos e um terço dos minutos de Antony em 2019, o meia também tem quatro gols marcados. Chances perdidas ao longo do Brasileirão, como contra o Grêmio no Morumbi, pesaram para que a pressão sobre Antony aumentasse no segundo semestre. Diniz também tenta medicar essa deficiência e aposta que o choro na Arena Condá ajude a promessa a se livrar das angústias.