O São Paulo venceu o São Bento, por 1 a 0, no Morumbi, com um futebol ruim. Tão ruim que a torcida protestou e, de forma irônica, puxou um coro de “olé”. Os pouco mais de quatro mil são-paulinos que foram ao estádio protestaram contra o time e a diretoria. Mas gritaram o nome de Muricy Ramalho – alguns torcedores incentivaram e outros cobraram o treinador.
O problema é que, internamente, Muricy se sente pressionado. Por isso, na entrevista coletiva após o jogo, ele voltou a desabafar, dando indício de que está descontente com os acontecimentos recentes envolvendo o presidente Carlos Miguel Aidar – o mandatário declarou que o técnico só vai sair do clube por sua vontade própria.
– É o seguinte: meu sonho era voltar ao São Paulo e me aposentar aqui. Voltei em um momento difícil. Porque devo muito a esse clube e à torcida. A torcida me trouxe de volta. Ainda bem, porque ajudei o time a não passar por um desastre (um eventual rebaixamento no Brasileiro de 2013). Vou lutar sempre por tudo o que represento no futebol. Temos de ganhar dos adversários e precisamos nos juntar. É fundamental estarmos em paz. Todos precisam pensar positivo para o time. Sem isso, não tem sucesso – disse Muricy.
Muricy chegou a falar sobre uma “divisão” no São Paulo e externou descontentamento com a falta de blindagem ao grupo, em comparação com o ano passado
– Aconteceram fatos neste ano que não estão iguais ao ano passado. Está diferente. Isso não é bom e tira a tranquilidade. Não dá resultado. Prejudica muito. Mas pressão no futebol é normal. Time grande tem de jogar bem e ganhar. É assim mesmo. Temos de estar mais unidos e juntos. Não adianta separar. Estamos muito divididos. A verdade é essa e não podemos esconder. Mas ninguém chega em mim e pressiona. Tem de ter coragem e ser forte para me peitar. Eu gosto desse tipo de pessoa, que encara – afirmou.
Diante da pressão interna, o técnico chegou a ser questionado sobre uma eventual saída.
– Só na hora que as forças que existem no futebol tentarem me derrubar, porque se não vou brigar até o fim. Sou determinado. Cresço nos momentos ruins, mas sei que não é fácil. Conheço bem as coisas aqui. Com certeza vamos sair desse momento difícil – afirmou.
O momento ruim citado pelo treinador se deve principalmente aos dois Majestosos diante do Corinthians. O Tricolor perdeu duas vezes para o rival: 2 a 0, na Taça Libertadores, e 1 a 0, no último domingo, pelo Paulistão.
Sobre o fato de a torcida ter protestado contra o time e contra ele próprio, pedindo “trabalho”, bordão consagrado pelo treinador, Muricy comentou:
– É estranho e é a torcida que grita o meu nome, mas vamos continuar trabalhando mesmo, porque é a nossa obrigação. Esperamos o apoio deles. É um momento ruim. Entendemos a irritação da torcida. Não fomos bem nesses jogos, mas isso só muda com vitórias. Pedimos com humildade o apoio deles. É o São Paulo. Não eu, mas o time – finalizou.
Confira os principais trechos da entrevista coletiva do técnico Muricy Ramalho:
FUTEBOL RUIM
– O mais importante é reconhecer. Jogar mal e dar desculpa, não. A gente reconhece que precisa melhorar muito. Precisamos de mais tranquilidade. Se analisar friamente, estamos nos dois campeonatos. Não estamos fora de nenhuma. A cabeça está voltada ao San Lorenzo mesmo. É a hora de dar força. Precisamos dar força e ter mais união aqui dentro, que é fundamental. Não adianta ter um baita time e não ter isso. Ano passado era mais blindado, agora está muito aberto. Isso não é desculpa, mas atrapalha. E será fundamenta a torcida abraçar o time. Quando quase caímos eles trouxeram de volta. E agora precisamos deles para classificar.
GANSO FORA: QUAL MOTIVO
– Teve indício de problema muscular. O Souza e Luis (Fabiano) acusaram problemas. E estamos ligados nisso para esse jogo do San Lorenzo. Queremos os jogadores inteiros nesses jogos. Domingo vamos preservar vários atletas. O Michel e o Denilson estão sentindo. Então aproveitamos para tirar o Ganso, porque preciso dele contra o San Lorenzo. Ele treinou forte hoje. O Ganso e o Toloi treinaram. E o Centurión sentiu também no jogo hoje. São partidas perigosas.
DIVISÃO INTERNA
– Estamos muito divididos. A verdade é essa e não podemos esconder. Acontece isso. Ninguém chega em mim e pressiona. Tem que ter coragem e ser forte para me peitar. Eu gosto desse tipo de pessoa, que encara. Aconteceram fatos nesse ano que não está igual ao ano passado. Está diferente. Isso não é bom e tira a tranquilidade. Não dá resultado. Prejudica muito. Mas pressão no futebol é normal. Time grande tem de jogar bem e ganhar. É assim mesmo. Temos de estar mais unidos e juntos. Não adianta separar. Precisamos nos unir mais. Entre os jogadores não. O grupo é ótimo. Lá dentro não tem divisão. É algo chato (declarações de dirigentes), que não resolve nada no futebol. Está extrapolando.
COMO UNIR O CLUBE
– A vitória é importante. Só existe uma coisa para mudar no futebol: vitória. Principalmente contra o San Lorenzo, aí pega o embalo e a torcida vem junto. Estamos trabalhando sério, porque esse jogo é muito importante. Estamos falando todos os dias com os jogadores sobre esse jogo, porque traz tudo de volta com essa vitória. É fundamental.
PRESSÃO PODE FAZÊ-LO SAIR
– É o seguinte: meu sonho era voltar ao São Paulo, como voltei no momento difícil, e me aposentar aqui. Porque devo muito a esse clube e a torcida. A torcida me trouxe de volta. Ainda bem, porque ajudei o time a não passar por um desastre. Vou lutar sempre por tudo o que represento no futebol. Só na hora que as forças que existem no futebol tentarem me derrubar, porque se não vou brigar até o fim. Sou determinado. Cresço nos momentos ruins, mas sei que não é fácil. Conheço bem as coisas aqui. Com certeza vamos sair nesse momento.
PÚBLICO RUIM
– Hoje não dá. O Paulista na primeira fase é chato. Não é crítica. É difícil o torcedor vir em um jogo como esse, ainda mais depois de perder um clássico. A gente entende. Mas a torcida nunca abandonou nos piores momentos. A vida continua. É só um mal momento. Temos de nos juntar contra os inimigos.
IRONIAS DA TORCIDA AO TIME
– É estranho e é a torcida que grita o meu nome, mas vamos continuar trabalhando mesmo, que é a nossa obrigação. Esperamos apoio deles. É um momento ruim. Entendemos a irritação da torcida. Não fomos bem nesses jogos. Só muda com vitórias. Pedimos com humildade apoio deles. É o São Paulo. Não eu, mas o time.
MICHEL BASTOS PEDIU QUE JOGADORES FOSSEM MAIS COMO MURICY
– Entendo o momento deles. O lado emocional é fundamental. Quando perde clássico, machuca muito. O cara não pensa, erra passe. Sei quando devo pegar duro. Nesse momento tem de abraçar e dar força. Eles jogam no limite. Precisam ter confiança. Sei a pressão que é. O Michel correu muito e não tá tendo folga.
HUDSON BEM NO JOGO
– Ele joga em várias posições e se prepara muito bem. Já jogou de lateral, volante e meia. É assim. Foi bem. A conversa foi essa. Quando o cara aproveita a chance e vai bem, ganha muitos pontos. Agora passa a ser olhado de outra maneira, porque aproveitou a oportunidade.