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Demitido em agosto, treinador foi primeiro ponto de divergência entre presidente Mário e vice Celso. Ele recomendou contratação de Ganso, jogador que teve altos e baixos no Morumbi.
Fernando Diniz foi demitido em 19 de agosto, mas continua sendo assunto no Fluminense. Quase três meses após a decisão da direção, ele reencontrará o ex-clube nesta quinta-feira: comanda o São Paulo, às 19h30 (de Brasília), no Morumbi, pela 31ª rodada do Brasileirão. Um duelo que para o tricolor paulista significa a chance de estar na próxima Libertadores, e, para o tricolor carioca, vale a luta contra o rebaixamento.
A saída de Diniz abriu uma série de questionamentos nas Laranjeiras e causa divisão entre os torcedores até hoje. Apesar do retrospecto ruim na competição nacional (deixou o time na 18ª posição com 12 pontos em 15 rodadas), há muitos tricolores acham que ele não era o principal culpado, que a decisão de demiti-lo foi equivocada e veem a equipe da época com futebol superior ao apresentado atualmente.
Sua saída, aliás, foi o primeiro ponto de divergência da gestão que assumiu o clube em junho: o presidente Mário Bittencourt, que queria mantê-lo, e o vice-geral Celso Barros, fez pressão para demiti-lo. E às vésperas do confronto, Celso apimentou o reencontro, ao fazer uma postagem em rede social na qual creditou a má campanha do Flu no Brasileiro ao retrospecto ruim da equipe sob gestão do ex-treinador.
– Nos primeiros 15 jogos sob o comando de Diniz tivemos um aproveitamento de 27%. Sob o comando de Oswaldo de Oliveira e Marcão esse número subiu para 42%. Se durante todo o campeonato tivéssemos esse índice o FLU hoje não estaria na zona de rebaixamento. Certamente estamos sendo muito impactados pela campanha ruim que tivemos nos nossos primeiros 15 jogos – disse Celso em parte do texto.
Celso Barros fala durante a coletiva de Mário Bittencourt — Foto: Thiago Ribeiro
“O que não pode é o nosso elenco ficar com pena do Diniz. Ele treina o São Paulo. Quem treina o Flu é o Marcão”, disse Celso ao responder a um torcedor que reclamou da postagem.
Diniz e Celso não nutrem simpatia entre si. Ciente de que o dirigente foi quem mais influenciou em sua queda, o técnico do São Paulo falou, em coletiva logo após sua demissão: “Eu procurava focar em quem remava junto (…). Só agradeço às pessoas que merecem ser agradecidas”, disse na época.
Desempenho de Fernando Diniz em 2019
- No Fluminense: 18 vitórias, 11 empates e 15 derrotas em 44 jogos, ou seja, 49,2% de aproveitamento.
- No São Paulo: cinco vitórias, dois empates e duas derrotas, ou seja, 62,9% de aproveitamento
A verdade é que Celso, logo após a posse, em 10 de junho, desejava demitir Diniz. Mário foi contra até a derrota para o CSA, na qual o Tricolor entrou no Z-4. Na ocasião, o aproveitamento era de apenas 26,6% no Brasileiro. Mas, a boa impressão ficou para parte da diretoria. Tanto que um possível retorno do técnico chegou a ser cogitado por parte da direção durante um período. Mas, o São Paulo foi mais rápido na contratação, fazendo o anúncio justamente no jogo que decretou a queda de Oswaldo de Oliveira, que sucedeu Diniz e durou cerca de um mês no comando do Flu.
– Eu sou muito frio. Sou treinador do São Paulo. Podia estar meu irmão do outro lado que eu ia jogar de maneira concentrada para vencer o jogo. Mas claro que tenho um carinho pelos jogadores, comissão técnica e pessoas da diretoria. Foi um clube que me acolheu muito bem. Procurei entregar tudo que podia para ajudar o clube – comentou Diniz ao projetar o reencontro com o Flu.
Fernando Diniz fala sobre o jogo do São Paulo contra seu ex-time, o Fluminense
Carinho dos jogadores do Flu
Diniz deixou saudades não só em parte da torcida, mas em grande parte do elenco do Fluminense. Apesar de ser conhecido por ser enérgico e dar muitas broncas em treinamentos, o técnico era muito querido pelos jogadores. Tanto que sua despedida causou comoção no CT e provocou uma série de posts de agradecimento dos atletas.
Fernando Diniz, ex-técnico do Fluminense — Foto: Lucas Merçon / Fluminense
Um dos jogadores nutre um carinho especial pelo ex-comandante: Paulo Henrique Ganso. Diniz foi decisivo para a contratação do camisa 10 pelo Flu. Durante a negociação, o técnico conversou com o meia pelo telefone e garantiu que o faria render e recuperar a alegria no futebol.
Fernando Diniz e Ganso — Foto: Klaus Barbosa
O São Paulo, aliás, também guarda carinho por Ganso. Parte da diretoria e funcionários do clube já expuseram o respeito que têm pelo meia. No final de 2018, quando o jogador deixou o Amiens e decidiu retornar ao Brasil, o Tricolor paulista foi um dos clubes que monitorou a situação do jogador. Internamente, porém, houve um consenso de que naquele momento ele não se encaixava no perfil da equipe.
Ganso teve passagem de altos e baixos no São Paulo — Foto: Marcos Bezerra/Futura Press
No início de setembro, o Tricolor carioca utilizou o CT do São Paulo para se preparar para o duelo contra o Palmeiras, pela 16ª rodada do Brasileirão, e Ganso parecia se sentir em casa. Além de cumprimentar e conversar com diversos funcionários, ele passou boa parte do tempo no CT com ex-companheiros de time e até brincou com parte da imprensa paulista presente no local.
Embora ainda seja lembrado nos corredores do Morumbi, Ganso teve uma passagem de altos e baixos pelo clube. Em 221 jogos, marcou 24 gols e deu 49 assistências.Ganhou o título da Copa Sul-americana de 2012, mas não se tornou uma unanimidade na torcida.