As vaias a Arboleda e a intolerância que estraga o futebol

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UOL

Julio Gomes

Arboleda joga pelo São Paulo. Joga bem. Recebe do São Paulo. Pode ser um dia vendido pelo São Paulo. É um bem do clube. É profissional. Desrespeitou a instituição? Para muitos, sim. Para alguns, inclusive, de forma imperdoável. Tipo crime hediondo, pena inafiançável.

Acabou xingado por parte da torcida são-paulina no Morumbi – a organizada. Como resposta, outros setores do estádio gritaram seu nome. São sábios. Arboleda não limpou o sapato com a camisa do São Paulo. Não beijou a do Palmeiras nem fez juras de amor. Nem é reincidente. O cara deu uma viajada, não mediu as consequências, muitas vezes jogadores estão desconectados mesmo destes exageros de torcedores. Vestiu uma camisa rival a léguas de distância. Explicou, se desculpou. Gente… e daí?? No fim das contas, é esse exagero que faz as pessoas se matarem dentro e fora de estádios.

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Porque se o manto é tão sagrado assim, a ponto de o cidadão ter de ser demitido por ter usado o outro…. por que criticar quem considera o manto tão sagrado assim a ponto de bater no que veste um diferente? Futebol não pode ser religião. Um olhar frio para a história do mundo (o presente, até) revelará a verdade incômoda: a grande função histórica de qualquer religião foi ser justificativa para guerras, agressões, opressões, violações, invasões.

O fanatismo só traz desgraça. Quem encara futebol como religião acaba caindo nisso aí: guerra, agressão, violação. Eu respeito o fanático. Assim como respeito quem vive de e para sua religião. Apenas não concordo. Arboleda é um profissional. Errou, porque recebe direito de imagem e não poderia, profissionalmente falando, fazer o que fez. O clube puniu, cobrou multa. Acabou! Xingar? Perseguir? Com qual intuito? Qual o ponto? Intolerância. Essa é a palavrinha.

É preciso levar o futebol um pouco menos a sério. Mais tolerância, por favor.