Ainda com falhas de 2019, São Paulo evita derrota que contaminaria análises

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UOL/LancePress

A análise da atuação do São Paulo no Choque-Rei deste domingo provavelmente ficaria contaminada, caso a partida tivesse um vencedor. Primeiro porque, pelo número de chances claras, o vencedor provavelmente seria o Palmeiras, o que faria a equipe de Fernando Diniz ser alvejada com todo tipo de crítica. Segundo, um clássico na primeira semana competitiva do ano vale mais pela oportunidade de verificar erros a serem corrigidos do que pelo resultado.

Foi possível notar, por exemplo, que o São Paulo ainda precisa trabalhar em cima de um defeito que apresentou ano passado: quando o adversário se retrai, o time muitas vezes não consegue ter as ideias e velocidade necessárias para tornar útil a grande superioridade na posse de bola. Luxemburgo avisou na entrevista pré-jogo que sua equipe ficaria mais recuada para não dar ao São Paulo o que o Água Santa deu na última quarta-feira: a possibilidade de quebrar linhas com a saída de bola pelo chão e aumentar o espaço para atacar. Foi o que aconteceu.

O Tricolor ficava com a bola, mas não tinha profundidade e não criava ocasiões muito claras de gol – as melhores foram um chute de Hernanes, de fora da área, e cabeçadas de Bruno Alves e Arboleda após escanteios. De tão esquecido pelos companheiros, Pablo acabou se precipitando e arriscando chutes desastrados quando a bola chegou, um deles quase do meio de campo. A fotografia da partida foi se modificando à medida que o Palmeiras ganhava confiança para agredir, algo que parece estar mais pronto para fazer do que o São Paulo. Dudu ficou na cara de Volpi, Ramires acertou a trave em chute de fora da área e o fim da primeira etapa veio a calhar para os comandados de Diniz – mesmo que Helinho, bastante sumido em toda a primeira etapa, tenha feito Weverton trabalhar com um chute potente no lance final.

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As mudanças de peças e posicionamentos feitas pelo São Paulo no segundo tempo indicavam que a ideia era deixar a equipe menos estática e, por consequência, mais perigosa. Liziero substituiu Helinho no intervalo e aumentou a população do meio de campo tricolor: ele, Tchê Tchê e Hernanes tinham as companhias de Daniel Alves e Vitor Bueno, que abandonavam as pontas e abriam os corredores para os laterais subirem – principalmente Reinaldo.

O Palmeiras, talvez por acreditar que a vitória se avizinhava, caía mais na armadilha de subir para pressionar a saída de bola do que no primeiro tempo. Em um desses lances, Tiago Volpi foi esperto para fazer uma ligação direta e encontrar Daniel Alves sozinho e de frente para o gol, mas o camisa 10 parou em Weverton e perdeu um gol que não se perde.

O Alvi-verde ainda teve duas chances claríssimas: uma cabeçada na trave de Luiz Adriano e um tiro de Victor Luis, que deu trabalho a Volpi. O São Paulo também rondou a área, mas sem muita efetividade. Everton no lugar de Hernanes e Pato no lugar de Pablo mudaram pouco o panorama – mesmo que Pato tenha chamado a atenção por fazer dois desarmes como se fosse um lateral direito, próximos à linha de fundo no campo de defesa.

Em resumo, o clássico mostrou que o São Paulo ainda tem muito mais a corrigir do que a vitória tranquila contra o Água Santa sugeria. Mas não foi uma atuação péssima, como talvez a história contasse se uma das bolas do Palmeiras tivesse entrado: o time do Morumbi teve 59,9% de posse de bola e arriscou 17 finalizações contra 11 do rival, que, é verdade, foi mais perigoso.