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Pivô da polêmica que culminou com a renúncia de Carlos Miguel Aidar, o vice Ataíde Gil Guerreiro depôs na semana passada no São Paulo sobre a agressão ao ex-presidente, ocorrida em 2015. Antes de dar sua versão dos fatos, ele questionou o juiz que presidiria a audiência, de acordo com relatos contados à ESPN.
Conforme apurou a reportagem com fontes ligadas ao caso, ao encontrar com o presidente da comissão de ética, José Roberto Ópice Blum, Ataíde disse que este não poderia estar à frente do caso sob alegação de que Blum havia dado entrevistas a alguns veículos, citando inclusive a ESPN.
Dar entrevistas é algo que, na condição de juiz, o presidente da comissão que julga o caso não poderia fazer. A atitude intempestiva de Ataíde, entretanto, segundo a visão dos presentes, foi vista como uma tentativa desesperada de diminuir o poder da comissão e intimidar o presidente.
Segundo os presentes relataram a conselheiros e também à reportagem, Blum, que é advogado de formação, respondeu que a lei citada não se aplicava a ele, uma vez que ele está aposentado como juiz há mais de 20 anos. Assim, Gil Guerreiro deve que se recolher e aceitar a posição do presidente da comissão.
O depoimento do Ataíde ocorreu no salão nobre do Morumbi, às 11h da última quinta-feira.
O vice foi o último a depor no caso e fez isso perante os cinco membros da comissão de ética, entre os quais o presidente José Roberto Ópice Blum, o vice-presidente do São Paulo, Roberto Natel, o vice de Comunicação e Marketing, José Francisco Manssur – estes dois na condição de testemunhas de Guerreiro – e o advogado José Luis Oliveira Lima, representando a defesa de Aidar.
Procurado pela reportagem, Blum não quis se pronunciar. Ataíde, por sua vez, também foi procurado, mas ainda não respondeu se gostaria de comentar o assunto.
O depoimento
Após o episódio relatado acima, Gil Guerreiro admitiu ter agredido Aidar durante uma discussão no Hotel Radison, em São Paulo, em 5 de outubro do ano passado. Negou ter atingido o ex-presidente com um soco no rosto, embora tenha afirmado que tocou a face de Aidar com o punho fechado e revelou que o segurou pelo pescoço. De acordo com relatos para a reportagem, ele até reproduziu como teria ocorrido com ajuda de Natel.
Segundo ele, a discussão ocorreu por causa do conteúdo que está na gravação – no qual Aidar oferece repartir com ele comissão pela contratação de um jogador da Portuguesa.
Sobre as denúncias contidas no áudio, o vice de futebol confirmou que o conteúdo contempla todas as denúncias que tem contra Aidar e não apresentou mais provas.
Os contratos que Gil Guerreiro afirma possuir no áudio, no entanto, não foram entregues à comissão de ética tricolor – havia expectativa de que ele pudesse apresentar mais provas.
Antes desta quinta-feira, Ataíde Gil Guerreiro já havia sido convocado três vezes para depor. Os dias foram 18 de janeiro, 19 de janeiro e 3 de fevereiro. Todas as vezes ele teve compromissos e desmarcou. Por isso foi o último a se pronunciar.