Paulistão: dos quatro grandes apenas o São Paulo evoluiu, embora pouco

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GloboEsporte

Maurício Noriega

Veja análise do desempenho dos rivais neste início de ano.

Enfim houve bom senso e a Federação Paulista de Futebol decidiu interromper as atividades por tempo indeterminado. Bom momento para fazer uma análise do desempenho dos quatro grandes, as principais forças do estadual que é considerado o mais competitivo do País.

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Dos gigantes paulistas, entendo que apenas um evoluiu – e pouco: o São Paulo. O Palmeiras está estagnado, e Santos e Corinthians regrediram. Explico minha opinião caso a caso, abaixo.

São Paulo

Em relação a 2019 houve uma evolução, ainda que pequena. O time consegue transformar a posse de bola em algo produtivo, embora precise melhorar o aproveitamento de seu ataque. Mesmo em alguns jogos nos quais foi derrotado o Tricolor teve bom desempenho, criou muitas oportunidades de gol, mas não foi efetivo. As derrotas para Santo André e Binacional são bons exemplos.

Ainda falta equilíbrio dentro das partidas e de jogo para jogo. Há momentos em que a equipe apenas fica com a posse de bola e não consegue produzir e ainda se expõe aos contragolpes do adversário (empate com o Novorizontino). A ideia de jogo está sendo bem compreendida. Se os principais atletas tiverem um desempenho individual melhor, a tendência é que a evolução seja maior. Daniel Alves é o grande destaque individual como organizador da equipe.

Daniel Alves tem sido o grande organizador do São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

Palmeiras

Embora seja o grande com a melhor pontuação, o futebol está empacado em conceitos e problemas de 2019. Houve boas ideias como o recuo de Zé Rafael para uma nova posição no meio-campo e a tentativa de um ataque com quatro homens. Mas o Verdão de Luxemburgo repete problemas dos tempos de Felipão e Mano: tem enorme dificuldade para resolver partidas contra adversários mais fracos e insiste em forçar jogadas com passes longos a partir de seus zagueiros ou até mesmo do goleiro Weverton.

Ainda não venceu adversários da Série A do Brasileiro na temporada – a única derrota foi para o Bragantino, que está na Série A. A largada da Libertadores foi boa e o melhor momento da equipe no ano foi o segundo tempo da partida contra o Guaraní. O maior problema do sistema de jogo é a falta de compactação: o meio-campo não promove a união entre defesa e ataque.

Luxemburgo ainda tenta resolver problemas do Palmeiras — Foto: Eduardo Carmim/Estadão Conteúdo

Luxemburgo ainda tenta resolver problemas do Palmeiras — Foto: Eduardo Carmim/Estadão Conteúdo

Santos

O Peixe saiu da agitação de Sampaoli para águas mais calmas – às vezes quase paradas – de Jesualdo Ferreira. Embora esteja virtualmente classificado, o Santos é o líder do grupo que menos pontuou no estadual e perdeu dois dos três clássicos que disputou. Quando se esperava que a vitória de virada fora de casa na Libertadores e a sequência de vitórias no Paulista fizesse a equipe deslanchar vieram uma atuação pífia contra o Delfín, apesar da vitória, e a derrota para o São Paulo.

O time está cada vez mais dependente de Sánchez e Soteldo, com uma diferença: produz pouco coletivamente para que seus expoentes possam brilhar. O setor de criação vive praticamente dos bons passes e inversões de jogo do uruguaio, mas ele não resolve tudo sozinho, e quando está bem marcado falta companhia. Soteldo é a válvula de escape, mas não pode ser abastecido apenas por bolas longas de zagueiros e volantes.

Carlos Sánchez tem se destacado, mas precisa de ajuda dos companheiros no Santos — Foto: Ivan Storti/Santos FC

Carlos Sánchez tem se destacado, mas precisa de ajuda dos companheiros no Santos — Foto: Ivan Storti/Santos FC

Corinthians

A ideia de uma mudança radical no conceito de futebol do atual tricampeão paulista tem se mostrado um fracasso retumbante. O Corinthians até enganou a Fiel com algumas boas atuações, mas após a vitória sobre o Santos entrou em espiral decadente. O vexame na fase eliminatória da Libertadores minou a confiança dos jogadores e, ao que tudo indica, também de Tiago Nunes, que tem promovido mudanças que não combinam com seu discurso e nada impactam no rendimento do time.

Das principais contratações e retornos, Cantillo é quem joga melhor, mas está evidentemente sobrecarregado na função organizadora. Sem contar que ele joga muito longe dos atacantes para ser o elemento de criação. Um fator demonstra-se mais grave: o anímico. O time completa seis jogos sem vitória e o elenco não reage, parece estar conformado com a situação.

Tiago Nunes ainda não conseguiu acertar o Corinthians — Foto: Marco Galvão/Estadão Conteúdo

Tiago Nunes ainda não conseguiu acertar o Corinthians — Foto: Marco Galvão/Estadão Conteúdo

Quatro equipes do interior se destacaram até agora. O Bragantino, que tem recursos abundantes, demorou para engrenar, mas está classificado e evolui a cada rodada. O Novorizontino é o único invicto e tem um bom jogo conservador, dentro de suas limitações. Melhor pontuação do torneio, o Santo André está perdendo fôlego na reta final. Com uma equipe rápida e de contra-ataque muito bem treinado, o Mirassol foi o time do interior mais agradável de se assistir.