O Paulistão pode não acabar! Saiba quem foi contra a paralisação e os riscos em jogo

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GazetaEsportiva

Tiago Salazar e Alexandre Silvestre

A Federação Paulista de Futebol comunicou a paralisação do Campeonato Estadual após reunião com os clubes, na sede da FPF, na manhã dessa segunda-feira. A decisão, no entanto, não foi unânime, conforme relatou o presidente do Santo André à Gazeta Esportiva.

“Dos 15 participantes (na reunião, mantiveram a posição até o final (contra a paralisação) o Santo André, o Água Santa, o Guarani e o Novorizontino”, revelou Sidney Gerson Riquetto.

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Vai ter fim?

A reportagem apurou que é real e bastante considerável a possibilidade do Paulistão 2020 não terminar.

A princípio, o plano dos organizadores é voltar com a competição em até 10 dias. Porém, se o combate ao coronavírus não apresentar um panorama positivo, de evolução nesse período, FPF e clubes ainda não imaginam como dar sequência ao torneio por falta de datas no calendário. O Campeonato Brasileiro está previsto para começar dia 3 de maio.

Sidney Gerson Riquetto, inclusive, reconheceu a possibilidade da atual edição do Campeonato Paulista não chegar ao fim.

“Muito difícil (o Paulistão ir até o fim). As informações que vêm são de um possível agravamento dessa crise. As estimativas são pessimistas e não se fala em término dessa crise antes de, pelo menos, seis meses. Quando seria isso? Praticamente em 2021. Ai teria de se fazer um conselho técnico, criar novas regras para essa finalização do campeonato, a contratação de novos jogadores… Eu não credito, infelizmente, por força da propagação dessa transmissão do coronavírus, que esse campeonato termine”.

Contra a paralisação?

O mandatário do clube do ABC aproveitou para explicar as motivações dos clubes que preferiram se opor a paralisação imediata do Campeonato Paulista.

“Nossa posição era que a primeira fase do campeonato fosse concluída, até porque com isso nós resolveríamos a situação de dez clubes, oito classificados e dois rebaixados. E essa paralisação, no meu entender, foi intempestiva”, afirmou.

“Você vê que os próprios órgão públicos do Estado de São Paulo estão suspendendo atividades até de escolas de forma paulatina para que tudo seja paralisado dia 23. A posição do Santo André era exatamente essa. Por que não usar esse mesmo critério, certamente tomado com fundamento em informações clínicas, médicas, e usar essa semana para antecipar as duas rodadas e concluir a primeira fase? Acho que seria a medida mais sensata”, completou.

E para manter os elencos?

Outro temor apontado pelos representantes dos clubes que aceitaram a contragosto o adiamento dos jogos é o fato de a maioria deles terem contratos com os atletas especificamente para a disputa do Estadual.

“Dos nossos 26 atletas inscritos, 21 têm contrato até 30 de abril”, revelou Sidney Gerson Riquetto. “Nosso colega do Água Santa até citou que tem 24 atletas com contratos que terminam em abril. Novorizontino levantou a mesma questão, o prejuízo financeiro”, continuou Riquetto.

Vai ter dinheiro?

Além do risco de não terem mais os jogadores de agora em uma eventual retomada das partidas, dependendo da época que isso ocorrer, os clubes temem não receber receitas previstas para as fases finais do Paulistão.

“Hoje, somos os líderes do campeonato. Estamos em uma posição de brigarmos em condições boas por colocações e premiações. Nós vamos ficar com o ônus do pagamento dos salários desses atletas até o final de abril e sem o bônus de saber o que nós poderíamos receber da Federação pela nossa posição no campeonato. E até a última cota da televisão ainda está no limbo, porque não sei se a emissora vai manter o pagamento da última cota com o campeonato paralisado. Esse seria o grande prejuízo”, explicou o mandatário do Ramalhão.

O que a FPF diz?

Gazeta Esportiva entrou em contato com a Federação Paulista de Futebol para buscar esclarecimentos sobre as questões levantadas pelo presidente do Santo André, como o risco do Estadual não terminar e as dúvidas sobre os pagamentos de cotas e premiações, além do fato de muitos clubes serem obrigados a dispensar boa parte de seus elencos ao fim de abril.Em nota, assessoria de imprensa da FPF respondeu apenas que “nesta segunda-feira, a reunião tratou apenas da suspensão da competição. Todos demais assuntos serão discutidos com os clubes e definidos de forma colegiada oportunamente”