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Mauro Cezar Pereira
O São Paulo tenta cortar os salários de seus jogadores. Suspensão de 50% do registrado em carteira (na CLT) de março, abril, maio e junho (se a crise persistir até lá) e congelamento dos direitos de imagem. Valores pendentes seriam pagos quando a crise passar. E parceladamente. Quem ganha menos de R$ 100 mil mensais receberia neste período R$ 50 mil, sem afetar os que embolsam abaixo desse valor. O elenco repele a ideia. E faz bem.
Na análise sobre os balanços de 2018 dos clubes feita pelo Itaú BBA, o São Paulo aparece como “o clube que mais sofreu com redução de Receitas de Publicidade”. Em negociações de atletas, o Palmeiras naquele ano o ultrapassou como maior vendedor: R$ 170 milhões contra R$ 130 milhões.
No EBITDA (Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) o relatório destaca: “São Paulo e Santos apresentaram números bem inferiores a 2017, o que reflete a redução nas Receitas Recorrentes, uma vez que os Custos foram controlados (…)”. Adiante, o relatório especifica: “Mesmo com o cenário mais apertado o clube manteve sua política de altos investimentos. Foram R$ 97 milhões em 2018, sendo R$ 69 milhões em Elenco Profissional. Nos últimos 3 anos o clube investiu R$ 238 milhões em atletas profissionais, sem grandes sucessos esportivos.”
A conclusão dos profissionais do Itaú BBA: “O São Paulo repete os erros dos últimos muitos anos: dependência da venda de atletas para fechar suas contas e fazer investimentos elevados sem sucesso esportivo, além da incapacidade de fazer receitas além da TV (…). Além disso as receitas com o Morumbi também perdem relevância a cada ano, as dívidas não cedem, apenas trocam de nome”.
E ao final, o documento da equipe coordenada por César Grafietti sentencia: “É uma sensação de que o clube vive numa realidade paralela, alheio ao que ocorre em seu entorno (…). O tempo vai passando, a história se repete e os adversários se fortalecem. Quando o tempo voltar a correr talvez seja tarde. Índice de Eficiência Após 2 anos com resultado zero(…)”.
Os dirigentes investiram em Jean, Tréllez, Carneiro, Diego Souza, Nenê, Everton e outros atletas, alguns bem caros, sem retorno técnico ou marcado por histórico de contusões e que voltou a se lesionar. Equilibrar receitas e despesas nunca pareceu ser prioritário na gestão do futebol, tanto que foi dado o tiro mais forte, em 2019, com a chegada de Daniel Alves. Agora, em meio à pandemia de coronavírus, surge uma repentina e nova preocupação. Difícil os jogadores aceitarem, ainda mais quando o patrão deve o passado e quer reduzir o que teria de pagar no futuro.
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