Raí, 55 anos. No seu aniversário, o craque, o ídolo e o dirigente: “Não sonho mais que estou jogando”

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GloboEsporte

PVC

Nesta conversa-homenagem, ele se lembra dos grandes momentos de jogador e projeta o futuro do São Paulo.

Raí, Raí, o terror do Morumbi! Nesta quinta-feira, o grande craque do São Paulo dos anos 1990 comemora 55 anos.

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E quantas vezes se ouviu o canto ecoar sobre o terror do Morumbi em festas de vitórias dos anos 1990. Seja em 1991, quando Raí marcou três vezes contra o Corinthians, na primeira partida das finais do Paulistão, vencida com 3 a 0 e depois empate por 0 a 0 no segundo jogo.

Ou no retorno, em 1998, quando se despediu do Paris Saint-Germain com o título da Copa da França, no sábado, 2 de maio, e vestiu-se de tricolor no domingo seguinte, dia 10, para marcar o primeiro gol no título conquistado com 3 a 1 sobre o Corinthians.

O sorriso com que comemorou o gol do título contra o Barcelona, correndo em direção a Telê Santana, foi o mesmo estampado nos rostos de milhões de são-paulinos. Raí é um mito da história do São Paulo, pelos títulos estaduais de 1989, 1991, 1992, 1998, pelo Brasileiro de 1991, as Libertadores de 1992 e 1993, o Mundial contra o Barça de Johan Cruyff, em 1992.

Raí em entrevista no São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

Raí em entrevista no São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

Sua missão agora é conduzir a transição. Ajudar o São Paulo a sair do jejum de títulos, que começou em 2012, quando ele não estava lá. E formar a nova geração de troféus para a galeria são-paulina.

Raí comemora seus 55 anos. Na conversa abaixo ele mostra que, agora como dirigente e antes como craque, representa uma mensagem de esperança para o retorno do São Paulo aos seus dias gloriosos.

PVC – Como você se sente aos 55 anos?
RAÍ – 
Eu me sinto bem. Sempre brinco que é a melhor idade. Pena que não para aqui. “O tempo não para. Não para, não para, não, não para!!!” A finitude pode ser cruel, mas sempre provocadora. Quando fiz 50, fiquei cheio de reflexões, avaliações, projeções, análise de planos possíveis. Creio que daqui pra frente, esta sensação reapareça com uma freqüência cada vez maior.

Em 1991, os gols de São Paulo 3 x 0 Corinthians, pelas finais do Campeonato Paulista

Em 1991, os gols de São Paulo 3 x 0 Corinthians, pelas finais do Campeonato Paulista

PVC – Você ainda sonha que está jogando futebol?
RAÍ – 
Sinceramente, não sonho. E não me lembro de sonhar com isso nos últimos quinze anos, ou mais. Acredito ser um sinal de que foi uma transição bem resolvida.

PVC – Como jogador, o que foi inesquecível?
RAÍ – 
As duas sensações inesquecíveis estão relacionadas à torcida. A favor e contra. A favor, na chegada ao estádio na entrada em campo, nas reações às belas jogadas e gols (o êxtase). Da torcida contra, quando sentia uma reação de reverência, mesmo sendo adversário.

PVC – O que ficou ficou faltando?
RAÍ – 
Ficou faltando jogar uma final de Copa do Mundo. Como joguei em cinco dos sete jogos da Copa de 1994, incluindo a semifinal, não posso reclamar. Até porque fomos campeões do mundo.

Raí contra a Suécia na Copa de 1994 — Foto: Getty Images

Raí contra a Suécia na Copa de 1994 — Foto: Getty Images

PVC – Como você avalia o estágio atual do São Paulo?
RAÍ – 
Extremamente confiável. Temos um super elenco, dentro e fora de campo. Alto nível técnico, comprometido, personalidade, identidade com o clube. E um treinador/comissão técnica competente, madura, em ascensão e inovadora. A receita completa. Agora, vamos à prática!

PVC – O que você imagina para os próximos anos do São Paulo?
RAÍ – 
Para o São Paulo, assim como para qualquer outro clube no Brasil, um futuro de sucesso amplo e ambicioso, passa por se reinventar, preparar sua estrutura organizacional para competir com os maiores clubes do mundo. Historicamente, o São Paulo sempre foi pioneiro. Acredito neste DNA.

Raí bate a falta do segundo gol do São Paulo no Mundial de 92 — Foto: Arquivo Histórico SPFC

Raí bate a falta do segundo gol do São Paulo no Mundial de 92 — Foto: Arquivo Histórico SPFC

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