Rampa B – Telê ficou feliz

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PLACAR TELE

Telê Santana. Foto: Revista Placar

No primeiro jogo no Morumbi depois do aniversário de 10 anos do falecimento de Telê Santana, o São Paulo parece ter feito uma homenagem ao mestre. A pegada e a qualidade técnica do time diante do Toluca, além da fantástica atmosfera proporcionada pela torcida no Morumbi, lembraram aquelas noites mágicas no início dos anos 1990. E enchem o torcedor de esperanças e expectativas depois de um início de ano sofrido.

Não se trata de comparação entre os times, longe disso. Mas especificamente este jogo de quinta-feira trouxe alguns aspectos que permitem remeter à aura que cercava o São Paulo naqueles idos, quando víamos os adversários serem encurralados, massacrados sem piedade no Morumbi. Quando víamos o São Paulo vencer e convencer, com a autoridade de um time campeão. Quando saíamos no outro dia na rua vestindo o manto sagrado, orgulhosos.

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Se Telê viu este jogo, de onde estiver, certamente ficou muito feliz.


A vitória de 4 a 0 sobre o Toluca foi a segunda goleada com este placar que o São Paulo aplicou na fase oitavas-de-final da Libertadores. A anterior ocorreu em 14 de abril de 1993, quando o Tricolor eliminou o Newell’s Old Boys, que tinha no meio de campo Gerardo Martino, atual técnico da seleção argentina.

A diferença é que naquela ocasião era o segundo jogo e o São Paulo precisava reverter a vantagem do time argentino, que vencera na partida de ida em Rosário por 2 a 0. O timaço de Telê Santana atropelou o adversário e seguiu a trajetória que culminaria na conquista do bicampeonato continental.

A exemplo do que se passou no jogo contra o Toluca, naquela memorável partida de 1993 o melhor jogador em campo também foi o camisa 10 tricolor. No caso, Raí. A propósito, uma curiosidade: se Ganso enfrentou o Toluca com luvas, Raí atuou contra o Newell’s com a mão direita enfaixada.

SÃO PAULO 4 x 0 NEWELL’S OLD BOYS (14/04/1993)

Local: Morumbi

Árbitro: Ernesto Filippi.

Gols: Dinho 28’, Raí 38’ e 74’ e Cafu 83’.

São Paulo: Zetti; Vítor, Lula (André Luiz), Ronaldão (Válber) e Ronaldo Luís; Pintado, Dinho, Cafu e Raí; Palhinha e Müller. Técnico: Telê Santana.

Newell’s Old Boys: Scoponi; Saldaña, Llop, Pochettino e Berizzo; Cozzoni (Odriozola), Martino, Berti (Garfagnoli) e Castagno; Zamora e Mendoza. Técnico: Eduardo Manera.

https://www.youtube.com/watch?v=WUQWhq2r_Ys

 


O São Paulo disputa na tarde deste domingo, com a equipe sub-20, um amistoso contra o Chacarita Juniors, em comemoração ao 110º aniversário do clube argentino. O São Paulo goza da simpatia da torcida do Chacarita devido à semelhança dos uniformes.

Não é a primeira vez que o São Paulo é convidado para um jogo festivo na Argentina. Em 20 de fevereiro de 1994, o Tricolor derrotou o San Lorenzo, de virada, por 3 a 2, no recém-inaugurado estádio Nuevo Gasómetro, com gols de Euller, Guilherme e Leonardo, este uma verdadeira pintura.  O Tricolor formou nesta partida com: Zetti; Cafu (Vitor), Júnior Baiano, Gilmar e André Luiz; Doriva, Axel, Juninho (Caio) e Leonardo; Euller (Danilo) e Guilherme.


Fernando AlécioFernando Alécio é jornalista. Fundou a SPNet em 1996. Escreve neste espaço aos domingos.

ATENÇÃO: O conteúdo dessa coluna é de total responsabilidade de seu autor, sendo que as opiniões expressadas não representam necessariamente a posição da SPNet ou de sua equipe de colaboradores.

2 COMENTÁRIOS

  1. Acho que não tem nem comparação o time do Bauza com o time do Telê. As filosofias de jogo dos dois são completamente diferentes, e jogador por jogador o time de 93 põe no bolso fácil o time de hoje. Hoje em dia jogador de futebol é muita marra, cabelinho diferente, pescoço tatuado, chuteira platinada…. Os caras são mais popstars do que jogadores propriamente, o cara aparece no juniores ou time pequeno já se acha o super craque. Na hora que a coisa aperta (como em 93 que tinha perdido o jogo de ida), não tem mais um Raí que você sabe que, se ele tá em campo em jogo importante, ele decidia. Não tem mais uma filosofia de jogo digna da história do futebol brasileiro, com o time chamando o protagonismo e impondo o toque de bola envolvente e jogo pra frente (olha os passes do Palhinha nesse vídeo!). O Bauza fez o time jogar num sistema de marcação pressão e saidas em velocidade pelos cantos do campo (muitas vezes com bola longa). Deu certo e o time foi bem contra o Toluca, mas não é a mesma coisa.