Febre Tricolor – Querer mais

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Velocidade marca equipe de Ricardo Gomes
Velocidade marca equipe de Ricardo Gomes

Deixei a publicação da coluna para o período da manhã devido ao congestionamento de acessos ao site da SPNet – o Termômetro da Torcida Tricolor, após a respeitosa vitória do São Paulo de 4 a 0 sobre a equipe do Corinthians. O elenco combalido dessa temporada deu mostras de sobrevida e de valores que demonstraram poder integrá-lo para a próxima temporada. Não é preciso, contudo, iludir. O Tricolor necessita de duas ou três contratações em posições ofensivas para formar uma equipe com a atual e promissora base de bons jogadores.

Conforme demonstrado por esse colunista em diferentes épocas da Temporada 2016: nem tanto, nem tão pouco. Se por um lado o ataque sãopaulino demonstrava grande ineficiência nas últimas partidas, é também verdade que a ocasião nos premiou com a possibilidade de ver jogadores de potencial como David Neres, João Schmidt e Luiz Araújo figurar entre os titulares. Têm os mesmos plenas condições de crescer no ano de 2017, ainda que o São Paulo tenha que previr algumas reformulações como um todo.

Não podem fazer o “crime” de contratar jogadores como Rafael Marques e William Bigode para tirar o espaço na equipe de jovens como David Neres, Lucas Fernandes e Luiz Araújo. A diretoria deve discernir para repatriar estrelas europeias, sobretudo para as posições de meia armador e centroavante. Está provado que essa safra da base Tricolor é talentosa e decide em clássico. Essas aquisições virão para somar e ser exemplo para os demais, colaborando por uma equipe forte e que entre na disputa por títulos.

Não me furto a apontar caminhos para reformulação. Já apontei e ratifico: a defesa do São Paulo (Rodrigo Caio, Maicon, Mena e Buffarini) é das melhores da América Latina; isso tem que ser mantido. Thiago Mendes e Cueva são essenciais para formação de um time competitivo. É preciso arrumar novos ares para Michel Bastos, Centurión, Ytalo, Wesley, Carlinhos, Reinaldo, Róbson, Daniel, por exemplo. No entanto, contaria com jogadores como Rogério, Jean Carlos e Bruno.

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Mudanças táticas

A principal contribuição do técnico Ricardo Gomes para o time do São Paulo é deixar a equipe mais veloz e menos previsível. Tentou primeiro com um meio-campo mais leve, utilizando o volante Wesley. Após lançar David Neres e tudo ter corrido bem, passou a utilizá-lo como ponta junto a Kelvin. Mesmo com a má fase deste último, o Tricolor passou a ter velocidade e dar opções aos armadores. No clássico do último sábado (5) foi diferente porque Kelvin estava em grande dia, apesar de sua contusão.

Mas não basta um técnico modificar maneira de jogar e tornar uma equipe mais coletiva, o jogador também precisa corresponder. David Neres fez isso. Todas as vezes que a bola é retomada pelo adversário, o jovem jogador persegue o lateral e geralmente retoma a bola. O poder de combate desse atleta tem contribuído demais com a defesa. Trata-se de um jogador inteligentíssimo. Poderia partir pra cima e demonstrar sua qualidade, mas sacrifica-se pela equipe.

É preciso reconhecer o trabalho de Ricardo Gomes. A mim, surpreende. Vaiado no Morumbi quando relatada a escalação, vem aprimorando a equipe a cada dia sem colocar-se como protagonista, até pelo grande caráter que tem. Mesmo na derrota contra o América-MG, quando os jornalistas voltaram a questioná-lo, não mudou sua previsão de que a equipe estava em ascensão. Foi a mesma postura de quando foi questionado sobre o G6, quando afirmou: “vamos baixar a bola”. Tem moderação.

O destaque

O tão criticado diretor de futebol Gustavo Vieira de Oliveira deu a principal contribuição para o São Paulo de 2017: a vinda do peruano Christian Cueva. A atuação desse atleta no clássico o coloca entre os principais meias do futebol brasileiro. Será protagonista se o Tricolor voltar a disputar títulos, pois não se esconde nem nos piores momentos técnicos da equipe. Ontem premiou o torcedor com uma atuação de gala: três assistências e um gol de extrema categoria (mesmo numa cobrança de pênalti). Só não foram quatro assistências porque o aguerrido Chávez não é tão preciso como centroavante. Com jogadores de qualidade ao lado no próximo ano a tendência é que o peruano transforme a equipe em campeã.

Contato:

@RealVelame ou [email protected]

Alexandre Velame é Jornalista e Advogado, são-paulino há quase três décadas e usuário da SPNet desde 1997. Escreve nesse espaço aos domingos.

ATENÇÃO: O conteúdo dessa coluna é de total responsabilidade de seu autor, sendo que as opiniões expressadas não representam necessariamente a posição dos proprietários da SPNet ou de sua equipe de colaboradores.