Chuta mais a bandeirinha, Luciano!

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Por muitos anos o torcedor são-paulino sofreu com elencos formados por jogadores com técnica mediana e uma irritante falta de indignação. Passam das dezenas as ocasiões em que, finalizado um jogo importante, o autor desta coluna tinha vontade de quebrar objetos porque, além de não ter conquistado um resultado aceitável, os jogadores saíam de campo com cara de paisagem, conformados com o resultado e demonstrando nada mais do que uma enfadonha fleuma.

Há exatos quatro anos, no meio da pandemia, na noite de 20 de agosto, após controversas e acaloradas discussões nas redes sociais pela troca inusitada por Everton, estreou Luciano. O gol de cabeça nos acréscimos contra o Bahia, empatando um jogo que estava perdido, me fez ter vontade de, mais uma vez, quebrar objetos – mas, desta vez, de felicidade!

Foi o início da virada. Luciano é o oposto do jogador apático: por vezes sua vontade de vencer extravasa os limites do aceitável. Mas eu prefiro assim. Sim, não é o único neste elenco atual, que tem mais jogadores com melhor técnica e mais brio, mas Luciano movimenta o time, faz todo mundo se indignar, contagia o elenco com a sua competitividade.

Mais: é decisivo. Segundo levantamento do GE são 18 gols em 41 partidas eliminatórias pelo São Paulo, o quinto maior artilheiro do Tricolor em mata-matas. À frente dele apenas França, Luís Fabiano, Raí e Rogério Ceni, todos com pelo menos o dobro de jogos.

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E Luciano provoca!

A voadora na bandeirinha da Neo Química Arena, no ano passado, lhe rendeu um injusto amarelo, repetido pela punição ao mesmo gesto no Allianz Parque. E vemos torcedores criticando a vítima, no caso ele, por tomar um cartão por comemorar um gol!

Crédito: Rubens Chiri/saopaulofc

“Ah, mas provocou a torcida!”. E qual o problema? Existe na arbitragem brasileira uma tara pela punição, pelo excesso de rigor e de autoridade. Quer um exemplo?

Um dia após a voadora de Luciano na bandeira verde, o atacante Jamie Vardy reestreou no Leicester, onde foi campeão inglês, contra o Tottenham. Leonardo Bertozzi, da ESPN, postou o que ele fez:

Sabe o que aconteceu depois disso? Ele continuou jogando, sem levar cartão amarelo. 

Se fosse aqui teria tomado amarelo, gandula ia chamar pra porrada, torcedor emocionado ia xingar muito no X e tudo mais. Precisamos evoluir e aceitar algumas coisas que existem no futebol, inclusive a provocação. E de ambos os lados, que fique bem claro! Isso sem contar o VAR, que é tema para outra coluna…

Pode dar mais voadora (na bandeirinha), Luciano! E que dê mais vinte na quinta-feira!

Ausência de Ferreira

Preocupa a contusão do Ferreira, que o tirará de campo por oito semanas. Já está fora da partida decisiva contra o Nacional e do duelo das quartas-de-final da Copa do Brasil, pelo menos.

Zubeldía, ao meu ver, tem duas alternativas: manter o esquema atual e escalar Nestor no lugar do Ferreira ou mexer em tudo, invertendo Lucas para a esquerda e escalando o Rato no lado direito.

Apesar de preferir a primeira opção, acredito que o treinador mexerá na estrutura do time. Rato traz o trunfo da bola parada, importante em partidas decisivas, e recompõe melhor. O único porém é Lucas jogar invertido, algo que não me agrada. 

Outra possibilidade seria tirar Luciano do time e voltar o esquema do ano passado, usado por Dorival Júnior. Mas quem leu até aqui a coluna já conhece a minha opinião: quero Luciano em campo para dar voadora na bandeirinha de escanteio.

André Barros é jornalista e são-paulino, não necessariamente nesta ordem, e participa do Boteco SPNet, live pós-jogo que ocorre ao fim de toda a partida do Tricolor. Não perca a próxima no canal da SPNet no YouTube!