Prancheta Tricolor: Quando o erro vem de onde menos se espera

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Não é exagero dizer que três lances cruciais definiram o confronto entre São Paulo e Botafogo pela Libertadores. Das quatro chances mais claras do confronto, três caíram nos pés do São Paulo: duas no do Calleri e uma no do Lucas. As três foram desperdiçadas. A quarta foi do Almada, convertida no gol que abriu o placar no MorumBis, segundo estatísticas do OptaJoao, divulgadas pelo jornalista Guilherme Mirra no Bluesky.

Chama a atenção o fato de que as duas referências técnicas do São Paulo falharam na hora agá. Calleri, especialmente, por três vezes, porque também desperdiçou o pênalti nas cobranças que definiram a eliminação do Tricolor. E Lucas, além do pênalti desperdiçado em um momento crucial (o gol do Nestor, na final da Copa do Brasil, foi no fim do primeiro tempo e mudou o jogo), já havia perdido um gol importante contra o Atlético Mineiro na Copa do Brasil.

Longe de querer personalizar a culpa na dupla, até porque sou contrário a isso: quando o time perde a “culpa” deve ser compartilhada. Vamos lembrar que Luís Gustavo também errou o domínio da bola no lance que resultou o gol do Almada, Rafael também falhou no gol, Nestor bateu mal o pênalti, Zubeldía trouxe uma escalação equivocada no primeiro tempo do jogo no Nilton Santos e Rafinha vacilou muito ao cair na pilha e provocar a discussão generalizada logo após o gol do Calleri, em um momento em que o time estava bem e ensaiava uma pressão para fazer o segundo gol. Muita gente errou, quando também muita gente acerta quanto o time ganha.

Crédito: Rubens Chiri / Sâo Paulo FC

O apontamento de dedo se estende à diretoria, que demorou muito para contratar na janela. Os novos jogadores chegaram no apagar das luzes, sem tempo para que fossem avaliados pela comissão técnica ou entrassem no nível físico do resto do elenco para as quartas-de-final da Libertadores e da Copa do Brasil. Como comparação, o Botafogo investiu em torno de R$ 300 milhões apenas nesta última janela de contratações.

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Em um confronto equilibrado – e de forma surpreendente ao meu ver, que esperava um Botafogo mais dominante – são detalhes que garantem a vitória. No caso do São Paulo, por se tratar de jogadores importantes, ídolos e referências técnicas, foram grandes detalhes que definiram a eliminação.

Terra arrasada?

Após qualquer eliminação começam os discursos de que devemos trocar treinador, mandar todo mundo embora e recomeçar do zero. Calma lá!

Zubeldía pode ter cometido alguns erros, como demorar para apostar no William Gomes, mas também enfrentou muitas dificuldades, além do pouco tempo para treinar. Perdeu jogadores importantes, como Pablo Maia, Alisson e Ferreirinha, e recebeu tarde demais os reforços.

Errado dizer que o ano acabou, como fez o Calleri ao fim da partida: ainda temos que buscar uma vaga importante na Libertadores do ano que vem, importante para manter o status de brigar entre os melhores e também financeiramente, pois são receitas importantes para o caixa do clube. O elenco atual já mostrou ter totais condições, mesmo quando ainda estava brigando em três frentes. Agora, com foco apenas no Brasileiro, a tendência é manter a luta, que não será fácil porque temos concorrentes também com foco único, qualidade e que se reforçaram mais do que o São Paulo na janela.

Seguimos com a cabeça em pé, ainda na reconstrução de um clube que ficou uma década sem dar esperanças à torcida. Na bola voltamos a estar entre os protagonistas: resta arrumar o cofre. Mas isso é tema para outra coluna.

André Barros é jornalista e são-paulino, não necessariamente nesta ordem. Integra o elenco do Boteco SPNet, o pós-jogo da SPNet, e o Manhã SPNet, que traz as principais notícias do São Paulo em menos de 1 minuto.