Prancheta Tricolor – Os erros de Bobadilla e da diretoria

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Não gostaria de ver Damián Bobadilla novamente com a camisa do São Paulo. Acredito em seu arrependimento, expresso no pedido de desculpas divulgado pelas redes sociais, mas uma punição do clube seria justa, assim como espero que venha uma da Conmebol, que tem feito todo esse esforço (não seria bem este o termo, mas vamos usar assim) na luta contra o racismo. Desejo toda sorte ao jogador na sequência de sua carreira e não duvido de que seja um bom profissional e pessoa, mas seu ciclo no Tricolor, ao meu ver, encerrou na última terça-feira.

Ele merece uma segunda chance, em um novo clube, em novos ares. Que tenha aprendido a lição e nunca mais cometa ato tão deplorável.

Bobadilla alegou ter sido ofendido antes por Navarro e, sabemos, no calor do jogo coisas que não deveriam ser ditas são ditas para desestabilizar o adversário. Zidane foi expulso de uma final de Copa do Mundo por dar uma cabeçada em Materazzi, após o italiano ter ofendido sua família. Mas nada justifica atos de xenofobia, ainda que, novamente, sabemos que existem e ainda estão em campo.

Sem minimizar, a diretoria do São Paulo poderia ter usado o episódio para traçar a linha do que é permitido. Bobadilla avançou esta linha: sem desvalorizar ou prejudicar a carreira do jogador paraguaio, que o afaste alegando que ele precisa se defender, como fazem muitos políticos quando são denunciados, e peça aos seus empresários que corram atrás de propostas pelo volante. Ele tem mercado lá fora.

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Os erros da diretoria

Esclarecida a minha opinião a respeito do jogador, agora venho lamentar a postura da diretoria na condução de todo o caso. A primeira nota oficial foi divulgada mais de 17 horas depois do ocorrido.

Entendo e considero correto que Bobadilla tenha direito a defesa, mas Casares devia satisfação à torcida. Não foi correto deixar toda a bomba estourar no colo do Zubeldía, que também foi mal em suas declarações, mas pode ter sido pego de surpresa. Como presidente do São Paulo Futebol Clube é o dever de Casares mostrar a cara e dar a versão do clube.

Seria simples: uma declaração dizendo que está apurando tudo do lado do jogador e que lamenta todo o ocorrido do lado de Navarro. Com tudo apurado, o clube tomará sua decisão. E que dará o suporte jurídico a seu atleta.

As ofensas de Navarro, os atritos dele do passado com jogadores paraguaios? São problemas do Talleres.

O silêncio da diretoria, não só neste como em diversos outros temas, faz com que muitas coisas sejam especuladas. Parece que Casares e seus diretores gostam disso, apesar da diretoria ter pregado a transparência logo que foi eleita.

André Barros é jornalista e são-paulino, não necessariamente nesta ordem