Além das 4 linhas – As convocações da CBF

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Falar mal do calendário do futebol brasileiro não é novidade, falar das conseqüências que este calendário traz para nosso futebol também não é novidade, mas nunca é demais apontar este absurdo, quem sabe algum dirigente do futebol com cérebro nos escute?

O SPFC fez um enorme esforço e contratou três bons jogadores que são sempre convocados para as seleções da Argentina e do Peru e ficar sem estes jogadores em jogos importantes é um crime contra o futebol, pois mata a galinha dos ovos de ouro, que são os grandes clubes do futebol brasileiro.

Um clube quando faz investimento pensa no retorno deste investimento, tanto no retorno em conquistas, como no retorno financeiro. O retorno financeiro não precisa ser o retorno direto, que seria a venda deste jogador. O retorno pode ser em rendas, vendas de camisas e etc. Pois bem, estamos perto do clássico contra o Corinthians no Morumbi e estes três jogadores não poderão estar em campo por culpa do calendário e seus gênios idealizadores terceiro mundistas.

Tenho certeza que a resposta das “autoridades” será a mesma: Não podemos paralisar os jogos nas datas Fifa pois não haveria datas para os jogos do paulistinha. Mas será que não podemos mudar o paulistinha? No Brasil o calendário é feito em função dos clubes pequenos.

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Mas se a organização do futebol brasileiro fosse profissional e não amadora e política, no pior sentido desta palavra, os campeonatos fariam os pequenos pensarem grande e não os grandes pensarem pequeno. Terceiro mundo é fogo!

Se já é difícil encontrar vinte bons clubes para a elite do brasileiro, imagina encontrar vinte clubes para a elite dos regionais? Um absurdo! O calendário deve ser organizado sempre no sentido vertical, ou seja, o clube vai ganhando e subindo até poder enfrentar a elite. Caso queiram manter os estaduais, um caso exclusivo do Brasil, que se inicie os regionais só com os pequenos até encontrarmos os melhores, que no paulistinha poderiam ser quatro clubes pequenos para enfrentar os quatro grandes em jogos de ida e volta. Assim, em seis datas resolveríamos o caso e haveria espaço para jogos importantes e tempo para treinos e descanso. Coisa parecida deve ser pensada para a Copa do Brasil, onde os clubes grandes só deveriam entrar nesta fase de agora no mínimo.

Eu sou do interior de SP e sempre vivi de perto a rivalidade entre os clubes de cidades vizinhas. Como Jauense vi o XV de Jaú jogando contra o Noroeste de Baurú, a Ferroviária de Araraquara, o São Carlense e demais clubes de todo o interior do Estado de São Paulo. Esta rivalidade também é muito bacana e pode ser apimentada através de campeonatos bem organizados.

Tentar salvar os clubes do interior apenas por conta dos jogos contra clubes grandes está fazendo há anos muito mal para os grandes de todo o Brasil. O que se deve fazer é esperar que o pequeno possa e queira ser grande através do seu esforço e não através de esmola que o fará ser pequeno para sempre. Quem tiver que morrer irá morrer, esta é a lei da vida, que regula tudo e todos. Se no primeiro mundo é assim, deve ser o melhor para o bem do futebol.

Quando se cria condições para o pequeno crescer com seriedade, as coisas dão certo. A gente tem que esperar que o SPFC foque em coisa grande, dispute campeonatos internacionais, pois chegou a esta condição graças a muito trabalho e não graças a favor das federações. O clube começou pequeno e hoje é gigante, o mais vitorioso do nosso futebol, mas é muito difícil querer e poder ser rico em país que se pensa pequeno. Que sejam criadas as condições do pobre ficar rico e não condições do rico ficar pobre.

Salve o tricolor paulista, o clube da Fé.

Carlito Sampaio Góes

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Carlito é advogado, trabalha como representante comercial, frequenta o Morumbi desde 1977 e prefere o time que vence ao time que joga bonito. Escreve nesse espaço todas as quintas-feiras.

ATENÇÃO: O conteúdo dessa coluna é de total responsabilidade de seu autor, sendo que as opiniões expressadas não representam necessariamente a posição da SPNet ou de sua equipe de colaboradores.