Além das 4 linhas – Futebol, Carnaval e Fanatismo

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Eu sou contra o envolvimento do futebol com o carnaval por razões óbvias: O futebol ficou lugar de fanatismo e com ele veio junto a violência.

Explico: É um absurdo total um cidadão ser linchado por estar vestindo a camisa de um clube de futebol. Isso é prova de muita burrice e ignorância. Jogo de futebol com torcida única passou a ser o diploma pendurado na parede do ignorante. Nós enquanto sociedade somos incapazes de conviver com as diferenças. Isso é um absurdo assustador.

Assim, levar este absurdo para o carnaval é um erro de quem tem o poder de proibir tal fato. Pior: Se ocorrer no carnaval o que ocorre no futebol, quem autorizou tal barbaridade deve ser responsabilizado pelos fatos ocorridos.  O carnaval é festa e na festa não cabe fanatismo. E era assim no  futebol…

O fanatismo é explicado  como sentimento obsessivo que pode levar a extremos de intolerância. Também é uma adesão cega a uma causa. Sempre esteve na religião e na política. De uns anos para cá chegou ao futebol. Uma pena.

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Acontece que futebol é um jogo e carnaval é uma festa. Os dois são considerados entretenimento, diversão e passa tempo das horas onde não estamos ocupados com as coisas importantes da vida, como Família e Trabalho. A ignorância fez isso mudar. O fanatismo chegou ao futebol  transformando uma coisa em outra coisa. O futebol olhado por este lado piorou muito. Frequentar estádios deixou de ser diversão para ser aventura de adultos sem crianças e famílias.

Pois bem, cabe às autoridades competentes cuidar da forma como as pessoas envolvem-se com o futebol e agora também com o carnaval. Mas como sabemos, o Estado brasileiro, a quem por  direito cabe cuidar da sociedade,  não nos presta bons serviços e esperar deste Estado que cuide do carnaval, já sabendo que não cuida do futebol, é sinal de pouca inteligência ou malandragem, coisas típicas do Brasil.

O que sempre foi um divertimento, sair de casa para ir ao estádio ver o nosso clube do coração jogar, principalmente jogar um clássico, passou a ser uma aventura sem final conhecido. Se por acaso, um torcedor indo ou voltando do estádio, vestindo a camisa do seu clube, cruzar com um grupo de torcedores de outro clube, o que pode acontecer tem conseqüências não imagináveis. Agora isso pode ocorrer com o carnaval. E o cenário vai piorando, pois em 2018 teremos mais uma torcida dita “organizada” desfilando pelo sambódromo, a torcida independente do SPFC. Uma lástima. Uma ameaça. Gente que inviabiliza os estádios pode passar a inviabilizar o sambódromo e seus arredores.

Será que um dia teremos desfile de carnaval com torcida única? Este é o ponto onde chegamos quando misturamos o fanatismo com a diversão.

Nossa sociedade está doente. Vamos cuidar dela? Devemos começar cuidando de nós e nossa intolerância.

Salve o tricolor paulista, o clube da Fé.

Carlito Sampaio Góes

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Carlito é advogado, trabalha como representante comercial, frequenta o Morumbi desde 1977 e prefere o time que vence ao time que joga bonito. Escreve nesse espaço todas as quintas-feiras.

ATENÇÃO: O conteúdo dessa coluna é de total responsabilidade de seu autor, sendo que as opiniões expressadas não representam necessariamente a posição da SPNet ou de sua equipe de colaboradores.