Além das 4 linhas – O custo da falta de experiência

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Eu vou sempre elogiar o Raí por sua postura no clube. Um cara de quem jamais ouvimos falar nada contra sua reputação. Foi um grande jogador. Meu maior ídolo da história tricolor. Mas a falta de experiência dele para o cargo que ocupa hoje custou caro ao clube, isso deve ser dito. Ele vai conseguir crescer na nova função? Acredito que vai, mas ainda não tenho certeza.

Desde que chegou ao clube, vários jogadores contratados por ele não vingaram. Os exemplos são muitos, afinal de contas, Raí foi anunciado em 07 de Dezembro de 2017. Para 2018 vieram o goleiro Jean, Diego Souza, Anderson Martins, Trellez, Nenê, Valdívia, Régis lateral, Everton,
Reinaldo voltou, Hudson voltou e Carneiro. Quais de todos estes jogadores, nós podemos elogiar e torcer para ficar no SPFC? Tem mais erros que acertos, concorda? É a falta de dinheiro? Sim, é um grande motivo. Os melhores estão indo para Cruzeiro, Palmeiras, Flamengo e Grêmio. Claro que a falta de boas perspectivas no Morumbi faz o empresário do jogador preferir outros caminhos. A começar pelo treinador. A má gestão tricolor, que é conhecida, reflete na escolha de maus treinadores, como escrevi semana passada, afinal de contas, qual o último treinador do SPFC que tem a taça do brasileiro e da libertadores na bagagem? Foi lá em 2008, o Muricy. Neste período até o Doriva foi treinador no SPFC.

Ah o Raí é um cara conhecido, sério e um ídolo. Sim, mas não escala e treina o time, e tem acima dele um presidente daqueles para nunca mais se esquecer, como, aliás, tem sido os últimos anos do SPFC. Pelo menos temos um diretor que é do meio do futebol e não é pilantra. A figura do treinador é tão importante que o clube mais poderoso e vitorioso do mundo foi buscar de volta um velho conhecido por não conseguir no mercado um nome de peso. O Real Madrid foi buscar Zidane de volta. O nosso clube precisa entrar numa calmaria para despertar segurança nos profissionais que desejam trabalhar nele. Em 2018 e 2019 teremos 3 treinadores em cada ano. Quem aceita vir para um clube destes?

Rapaziada, ganhando ou perdendo, o clube precisa bancar Cuca até o fim de 2020 no mínimo. Um bom trabalho no médio e no longo prazo traz frutos, esta é a lógica. O que, na verdade, você que lê esta coluna espera que o SPFC conquiste neste ano? O que você pensa ser a realidade, não a vontade? Eu honestamente não espero nenhum título para mais um ano perdido por falta de boa gestão. Mas se o ambiente for de paz, ocorrerem boas contratações, Cuca tiver continuidade, a molecada boa de bola ficar e cada área trabalhar corretamente, em
2020 poderemos levantar alguma taça. Esqueçam por enquanto o SPFC de 2005, 2006 e 2007. Aquilo foi conseqüência de alguns anos de bons trabalhos e sem grandes concorrentes nacionais e internacionais pelos bons jogadores. O mercado Chinês não existia por exemplo. O
momento é de formar um bom elenco, mais uma vez. Agora pelo menos temos o Cuca a auxiliar o Raí na montagem de um elenco e time.

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O SPFC tem uma base muito forte e isso é sabido. O SPFC não consegue subir bons jogadores da base, isso é sabido e lamentado. O SPFC não tem o dinheiro que tem Flamengo e Palmeiras, isso também é sabido. Agora o clube está iniciando um trabalho com um treinador experiente e conhecido por saber formar times. Luan, Liziero, Antony, Helinho, Toró, Walce e mais alguns são jogadores jovens de seleção brasileira e estão no clube. Com poucas contratações para as posições de meio de campo e para as pontas, teremos um elenco forte. Hoje li que o plano é ter em Hernanes um jogador que flutua em todo o campo e faça o time jogar. Eu acho que pode funcionar. Além disso, o poder de liderança do Hernanes é muito importante.

Isso tudo me faz lembrar de 1984 quando Cilinho chegou. O clube tinha tido um 1982 fraco, um 1983 fraco e 1984 fraco também. Era um time velho com caras experientes que foi Bi Paulista em 1980 e 1981. Tinha cara até do time campeão Brasileiro de 1977. Só que a base
revelou uns caras bons de bola e a mescla entre eles da base com alguns mais velhos, sabiamente realizada pelo Cilinho, fez o time ser campeão Paulista em 1985, campeão Brasileiro em 1986 e campeão paulista em 1987. É assim que se constroem times campeões.

Será que o clube consegue segurar esta boa molecada pelo menos até o final de 2020 e fazer do ano que vem um ano vencedor na mão de um treinador vencedor?

Salve o tricolor paulista, o clube da fé.

Carlito Sampaio Góes é advogado, trabalha como representante comercial, frequenta o Morumbi desde 1977 e prefere o time que vence ao time que joga bonito. Escreve nesse espaço todas as quintas-feiras.

ATENÇÃO: O conteúdo dessa coluna é de total responsabilidade de seu autor, sendo que as opiniões expressadas não representam necessariamente a posição da SPNet ou de sua equipe de colaboradores.

4 COMENTÁRIOS

  1. No São Paulo está difícil de alguma coisa dar certo; antigamente a torcida reclamava dos “velhos gagas” que comandavam o clube na Direção Executiva e no Conselho Deliberativo.

    Agora, colocaram um ex-jogador jovem com vários cursos de gestão e atividades práticas; e também não deu certo. Alguns até esquecem tudo que ele já fez no clube (não é o caso do Carlito, obviamente) e colocam na vala comum.

    Nos últimos 10 anos a situação se agravou, trocaram de técnico 30 vezes nesse período – contando com Cuca. Trocaram de diretores de futebol talvez umas 20 vezes também. Até alguns que fizeram excelentes trabalhos como Adalberto Baptista (saíram por coisas menores, como compra de porsche, muitas besteiras…)

    Está claro qual é de fato o verdadeiro problema: a falta de acreditar em um projeto. Muitas trocas de diretores, treinadores e até de comando e nada se resolve. Vão colocar o Marco Aurélio Cunha de presidente, por exemplo, será a mesma coisa… ele é parte desse grupo também, só é mais mediático, porém será uma nova troca. Não há continuidade e uma aposta precisa.

    Nisso o Raí falhou. Ele tinha que manter a convicção em André Jardine, você vê hoje os números de Mancini (um técnico de trabalhos muito bons, experiente, que são inferiores ao do treinador da base, no comando do time profissional)… isso mostra mais uma vez a falta de convicção.

  2. Pode haver reputação, mas muito fraco em liderança e competência.
    Mas o fracasso do clube vêm há tempos, por falta de profissionalismo e a omissão do conselho
    de inúteis.
    A gestão do Clube tem de ser por profissionais e não por amadores em conluio com empresários,
    objetivando vantagens.
    Rumo a decadência, Fora Leco….fora Leco