Além das 4 linhas – A força da grana

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Quando aliamos o dinheiro ou a possibilidade dele com a competência administrativa os resultados são realmente espetaculares. O círculo virtuoso tem início no momento que unimos estas coisas e o poder multiplicador desta união faz tudo melhorar de forma surpreendente.

O Flamengo é o exemplo a ser seguido no momento. O clube vem de alguns anos na direção do bom trabalho, mas não estava colhendo os resultados esperados e nem por isso o clube mudou a direção, apenas aprimorou os métodos. Primeiro equacionou sua enorme dívida, para que os recursos fossem bem direcionados.  Isso feito, em questão de tempo as contratações foram subindo de nível. Hoje o elenco do clube é de nível internacional e a vitória sobre o “forte” grêmio por 5 x 0 mostra a exata diferença entre as estruturas. A diferença para o segundo colocado no BR19 é também um demonstrativo do que o dinheiro pode fazer quando bem utilizado.  Nunca um clube venceu o BR e a Liberta no mesmo ano e isso pode acontecer em 2019.

Na semana passada escrevi que isso me preocupa por ser muito verdade. Para qual lado andará o futebol brasileiro? Teremos apenas dois clubes grandes como na Argentina, na Espanha, na Alemanha, em Portugal e em tantos outros lugares ou continuaremos a ser e a ter o campeonato nacional mais competitivo do mundo, onde vários clubes podem vencer? A real profissionalização dos clubes pode fazer com que isso continue acontecendo e a não profissionalização pode fazer acabar a chance de muitos clubes . O SPFC pode manter-se na frente graças a força da sua torcida, mas precisa urgentemente de boas gestões para as vitórias levarem sua torcida a pagar altos valores por ingressos, camisas e transmissões de TV. O jogo de ontem entre Flamengo e Grêmio teve uma renda de bilheteria no valor de R$ 8.150.000,00 milhões. Quanto foi o faturamento com TV? Com venda de camisas? Quanto será agora com o clube na grande final? Isso só faz aumentar a nossa diferença para eles.

Quando o SPFC estava a 2 pontos dos líderes do BR19 o estádio vivia mais cheio e as rendas eram maiores. A empolgação com a chegada do Daniel Alves era grande. Em poucas rodadas a distância cresceu e inviabilizou o título e o estádio está menos cheio e as arrecadações são menores. Haverá dinheiro ou o clube “terá” que vender bons atletas? É preciso muita seriedade para analisar o que houve e muita humildade para trabalhar na direção das correções. O que faz jogadores mais velhos jogarem todos ou quase todos os jogos e alguns mais jovens não no SPFC? A resposta a esta pergunta pode levar o clube ao próximo passo, ou seja, dispensar quem os contratou, dispensar os atletas problemáticos ou quem cuida deles! Os números dizem da importância da dupla de ataque do Flamengo para o time deles. E se o Bruno ou o Gabriel ficarem fora da final por contusão? E se eles já não tivessem jogado a semi final contra o Grêmio?

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Bons jogadores o SPFC tem. Como tirar mais deste elenco é uma coisa para os especialistas. Eu sempre vi muita diferença entre os treinadores nacionais e os estrangeiros, apesar da imprensa nunca gostar de falar nisso para não causar problemas nas relações entre eles. O fato é que vimos um time do Flamengo com o Abel e outro com o Jesus. E volto a citar o ótimo livro do Maurício Noriega enumerando os 11 melhores treinadores da história do futebol brasileiro, cuja a lista é muito fraca. Afinal de contas, crescemos ouvindo endeusarem Parreira e Zagalo. Mas quantos brasileiros e libertadores venceram estes caras? Para mim o sucesso deles está baseado na qualidade dos jogadores que tiveram nas mãos nas grandes conquistas das duas copas do mundo. Na verdade, esta é a realidade de todo o futebol brasileiro, que só vence pela qualidade dos jogadores e não dos treinadores. Nossa última vitória em copa do mundo tinha no time 3 jogadores que receberam o prêmio de melhor do mundo, todos no ataque. Nenhuma outra seleção teve isso na história.

Salve o tricolor paulista, o clube da fé!

Carlito Sampaio Góes