Além das 4 linhas – Para voltar a ser gigante

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Há alguns dias fiquei curioso para conhecer um pouco da historia do Liverpool, e fui procurar algumas coisas no Google. A minha curiosidade nasceu quando li que fazia 30 anos que eles não venciam o campeonato nacional. Minha primeira surpresa foi que eles estavam praticamente falidos quando uma empresa norte-americana assumiu o controle do clube.

Esta empresa norte-americana começou uma revolução dentro do clube, primeiramente nas finanças. Muitos profissionais de alto nível foram contratados para a administração. O processo teve início em 2011. Como o país é rico e vários clubes são bem administrados, o Liverpool levou estes 9 anos para conseguir levantar a taça nacional. Em 2019 já tinha vencido a liga dos campeões e o mundial, sendo vice no Inglês.  O clube foi cuidadosamente evoluindo em todos os setores fora e dentro de campo. Acho muito bonito ver coisa bem feita dar frutos. Coisa muito bem planejada e depois executada com sabedoria.

Eu hoje imagino que esta é a única solução para o também falido futebol brasileiro. Assim como acontece na política, onde os políticos não querem as privatizações para não perderem as tetas onde mamam do nosso leite suado, nos clubes de futebol vejo quase a mesma coisa, ou seja, os muitos grupos políticos internos procurando ganhar alguma coisa com a “administração” dos falidos clubes nacionais. O SPFC não foge à regra e se encontra em momento delicado dentro de campo, de onde não vejo mais saírem as taças, e fora de campo, onde as dívidas não param de crescer. Estes grupos políticos, numa demonstração de pura “esperteza”, lançam candidatos para as eleições, após conseguirem unir-se a vários grupos, tentando manter o poder e sabe-se lá mais o que às custas da paixão de muitos, que teimam em gastar seu limitado dinheiro para ir ao estádio ver um time que não vence nada há 7 anos e correu o risco de ser rebaixado mais de uma vez nos últimos anos, coisa inédita na história. A paixão é um sentimento que nos tira a razão e nos faz acreditar no inacreditável. Se o clube levantar alguma taça neste ano, Leco deve fazer seu sucessor, o que seria triste ao ver o clube não mudar seu rumo.

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Neste ponto torço por mudança e isso é representado pelo MAC neste momento. Mas não vejo neste caminho a salvação ou reencontro com a grandeza por parte do SPFC. O futebol hoje é muito caro e requer gente muito qualificada e fortes investimentos. Isso, como citado acima, aconteceu com os grandes do futebol Inglês, a liga mais rica da Europa, onde vários clubes podem vencer, assim como sempre foi aqui,mas agora, graças às péssimas gestões, poucos clubes vencem. Lá os clubes estão nas mãos de grandes empresas. Assim como com o PSG na França. Se olharmos apenas para o estado de SP já encontraremos as respostas para a incapacidade administrativa de todos os clubes, que vivem em crise. O palmeiras vive fase aparentemente melhor justamente por conta de parceiros investidores e administradores. Já tinha vivido isso com a Parmalat e quando a perdeu foi duas vezes rebaixado, mostrando que nada aprendeu com a gestão do grupo profissional.

O SPFC, que por anos foi modelo, caiu na vala comum faz algum tempo. Nada de diferente para melhor acontece no clube nos dias atuais como acontecia antes com alguma frequencia. Agora a frequencia é de más notícias. O clube tem a terceira torcida do país, tem grande programa sócio torcedor, tem boa presença de torcedores em seu estádio, expressiva venda de camisas e PPV na televisão, tem boa participação nas cotas de patrocínio e bons patrocinadores de camisa, um grande e próprio estádio e um CT para a base que é coisa de primeiro mundo. Mas isso não vem bastando, ao contrário, o clube cada vez tem dívidas maiores e ausência nas finais dos campeonatos, coisa importante para reforçar o caixa com dinheiro, matéria prima número um do esporte neste século XXI.

Sendo assim, o que falta ao clube? O que tem o Grêmio de Porto Alegre que não tem o SPFC? Sim, o Grêmio vence mais e tem menos dinheiro do que o SPFC. O clube Gaúcho tem gestão melhor. Mas isso já não basta mais. O buraco hoje é bem mais para cima. Para fazer frente aos grandes clubes europeus, vamos precisar de mão de obra muito qualificada nos escritórios, de onde sairão os grandes jogadores, treinadores, preparadores e demais integrantes da administração do departamento de futebol.

Foi isso que precisou fazer o Liverpool para voltar a ser grande. Será que mais uma vez nós brasileiros vamos teimar em não seguir os melhores exemplos do primeiro mundo?

Salve o tricolor paulista, o clube da fé.

Carlito Sampaio Góes