Além das 4 linhas – O SPFC

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Eu andei dizendo aos amigos mais próximos que estou me rendendo ao trabalho do Diniz no SPFC pelas coisas boas que vejo. Os títulos não vieram? Eu penso que teriam vindo se não tivéssemos tido a pausa da Covid. O time jogava o melhor futebol no paulista e tinha os melhores jogadores do campeonato, Daniel Alvez voando e Antony abrindo defesas. Tava redondo.

O mundo do futebol voltou todo estranho da pausa com o Barcelona tomando de 8 e nosso tricolor capengando no paulista. Ninguém jogava bem. Coisa doida. Mas o mundo é redondo e a bola girou e parece que o bom futebol do tricolor está dando as caras de novo. Eu não digo isso só pela vitória sobre o Flamengo onde além de futebol tivemos sorte, coisa que também não estava do nosso lado. Também não digo por conta da primeira vitória na casa dos porquinhos com direito a bom futebol também. Também não digo por um ano de 2020 sem derrotas em clássicos paulistas, coisa rara nos últimos anos. Escrevo isso com o olhar otimista pela realidade de ver o time com a melhor campanha do campeonato mais difícil do mundo que é o BR. Sim, o SPFC tem a melhor campanha do campeonato brasileiro.  Pelos anos que estamos vivendo, é um bom recomeço. É pouco? Sim, mas tem coisa boa.

Um outro grande motivo que me enche de orgulho em 2020 são as revelações de Cotia. Este é o assunto mais importante para mim do momento tricolor. Lembro que começamos o ano imaginando que Hernanes seria o meia e Daniel Alves o segundo volante. Logo surgiu um garoto que deixou o profeta no banco, Igor Gomes. O moleque deu outra dinâmica ao time. Todo são paulino se rendeu. Depois veio o Sara atrapalhar o sonho do Hernanes ser volante pela esquerda com Daniel pela direita. Sara bota a bola para correr e faz o time funcionar. Eita moleque diferente. Diego ainda patina na zaga, mas sabe jogar com a bola no chão e tem muita personalidade e potencial. Hoje o time precisa de um zagueiro mais rodado. Luan também tem potencial. Por fim o menino Brenner, aquele que ninguém queria no Morumbi, que foi trocado por Calazans com o Fluminense, mostra para o mundo como se faz gol com apenas um toque na bola. Moleque ligeiro, habilidoso, oportunista, esperto e humilde. Uma pedra preciosa a ser lapidada. Tudo isso graças à coragem do treinador Fernando Diniz, queiramos ou não admitir. Criticado quase humilhado o cara fincou pé nas convicções de um futebol vistoso que o time já havia mostrado no início do ano. Vai vencer campeonatos? Eu não sei dizer, mas faz bom trabalho e planta uma semente interessante. Se sair hoje deixa tudo melhor do que pegou indiscutivelmente. A troca Everton por Luciano foi coisa do Diniz e o resultado não precisa comentar.

Hoje digo que prefiro Diniz até o fim do brasileiro. Quero analisar o trabalho tendo sequencia, já que a Covid interrompeu a primeira parte. Nesta semana fiquei marcado pelo programa bem amigos e pela coluna do PVC, um dos caras que mais gosto de ouvir e ler. Também gosto muito do Muricy e do Maurício Noriega, que comentou a vitória no Maracanã e dizia francamente o bom futebol do nosso SPFC.

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O que falar de um trabalho que chega, usa a base como ninguém fazia há muitos anos, não pede contratação, dispensa os caras que levavam uma grana para casa sem entregar nada ou quase nada para o SPFC? Eu não estou babando ovo no cara, estou vendo a realidade apenas. Tudo o que eu queria no clube era um cara usar a base sem medo de ser feliz. Aí o cara chega e nós vamos mandar embora assim num ano maluco como este sendo que o clube já vinha numa draga enorme? Tem que fazer milagre? Tem coisa ruim para falar? Tem muita e tenho feito isso aqui neste espaço. Mas quis falar das boas hoje, pois devem ser colocadas na balança para julgamento.

No futebol e na vida não tem milagre. Após a eliminação no mata-mata da sul-americana penso que Diniz ainda não sabe jogar este tipo de disputa. Por isso digo que Diniz plantou uma semente interessante. Eu não sei dizer se vai ser ele a colher, mas eu gosto do que vejo, afinal, o clube estava uma coisa horrível e hoje disputa a frente de um campeonato nacional. É possível negar a evolução em 2020 comparando com anos anteriores? Claro que gostaria de estar comemorando a classificação sobre o Lanús. Dizem que os dois candidatos a presidente irão convidar Muricy e Rogério para assumirem cargos de coordenador e treinador. Quem sabe eles venham a colher os frutos em 2021?

Salve o tricolor paulista, o clube da fé.

Carlito Sampaio Góes