Além das 4 linhas – O fanático

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No dicionário, Fanatismo é o estado psicológico de fervor excessivo, irracional e persistente por qualquer coisa ou tema, historicamente associado a motivações de natureza religiosa ou política, mas que infelizmente chegou ao futebol faz alguns anos.

O que pode fazer um cidadão invadir o campo de jogo? O que pode fazer um cidadão levar uma faca para assistir a uma partida de futebol? No que uma partida de futebol pode mudar as nossas vidas?

Esta última pergunta é a mais frequente em minha cabeça. Sempre disse que as alegrias e tristezas vindas do futebol não duram mais do que 24 horas em nossas cabeças e corações. Para quem não trabalha com futebol ou produtos ligados ao futebol, o esporte não deveria mudar suas vidas de forma significativa. Das coisas importantes da minha vida nada vieram do futebol ou do SPFC. Para 99% das pessoas é assim ou deveria ser assim. É preciso entender o espaço que o futebol preenche em nossas vidas. Para os torcedores o esporte não passa de um entretenimento com paixão que deve ser entendida e controlada, sob risco de sermos dominados por uma energia negativa e graças a ela tomarmos decisões erradas. Foi o que aconteceu na partida da copinha na semana passada. Alguns descontrolados invadiram o campo e uma faca apareceu por lá. Estes caras precisam se cuidar melhor.

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Eu sou são paulino, leio sobre o SPFC todos os dias, torço para o clube evoluir sempre e tento ajudar de alguma forma escrevendo estas reflexões semanais. Sempre comprei os produtos oficiais para também ajudar o caixa do clube, o lugar mais importante de toda organização. Por conta destas atitudes intempestivas e irracionais de algumas pessoas no último sábado, o clube poderá ser prejudicado. Aliás, se os caras tomam este tipo de atitude, o futebol não está fazendo bem para eles, esta é a verdade. Se um torcedor chega ao ponto de tomar atitudes irracionais por conta do futebol este cara precisa de ajuda.

Torcer para um clube de futebol é uma delícia e frequentar o estádio é ainda mais gostoso. O que tenho de história para contar das minhas idas ao Morumbi é uma enormidade. Afinal de contas, o primeiro ano que vi um campeonato inteiro foi lá em 1977 e o nosso mais querido ganhou aquele BR de forma inesquecível. Vi todas as conquistas dos BRs e todas da Libertadores. Vi muitos paulistas também. Vi a sul-americana e a extinta conmembol e outras coisas. Nunca me meti em brigas, apesar de oportunidade não ter faltado. Mas na verdade sempre tive o futebol muito presente na minha vida como forma de diversão e não de sofrimento. Hoje em dia se o clube está ruim, e o futebol em campo reflete isso, nem sempre assisto aos jogos, sou sincero, afinal de contas, o futebol é forma de diversão e não de sofrimento, repito.

Falar disso de torcedor sofredor me lembra o Corinthians, coisa que não me agrada. Na minha família tricolor o clube sempre foi motivo de certo orgulho. Meu avô e irmãos dele ajudaram o clube a construir o Cícero Pompeu de Toledo. A expressão “clube da fé” vem da fé no trabalho e a força que isso trás para as coisas darem certo em todos os campos da vida. É assim que quero ver o SPFC, sempre focado no crescimento como fruto do trabalho sério, e é baseado nisso que nós, torcedores, temos que guiar nossa vida tricolor, sempre ajudando, nunca atrapalhando, afinal, futebol é coisa boa, coisa saudável, motivo de alegria e muita brincadeira com os amigos. Exigir trabalho sério da diretoria é tão ou mais importante do que frequentar estádio para motivar o time e sentir o prazer de um jogo bem jogado.  

Falar um pouco da copinha e deixar registrado que gostei do Beraldo, Vitinho e Caio. Estes caras chamaram a minha atenção. Deixo registrado também a todos um coisa importante: Quanto tempo leva até um bom jogador, não o excepcional, aparecer com destaque no time principal depois de jogar bem uma copinha? O Gabriel Sara, que em 2022 talvez tenha o primeiro ano como protagonista, surgiu na copinha de 2019, naquele time que ganhou a taça, que ainda tinha o Antony, que agora ganha força no futebol mundial, e Nestor, que começa a conquistar espaço num clube como o SPFC. São 3 anos meus amigos! Portanto, precisamos ter paciência quando surgem garotos bons de bola no Sub-20.

Salve o tricolor paulista, o clube da fé.

Carlito Sampaio Góes