Em 2009 comprei o ótimo livro do Maurício Noriega sobre os 11 melhores técnicos da história do futebol brasileiro. Este tema nunca mais saiu da minha cabeça e já escrevi várias reflexões sobre isso aqui neste espaço.
Nestes últimos 12 anos muitas coisas aconteceram no futebol brasileiro relacionadas ao assunto treinadores. Na ocasião da leitura achei a lista fraca, não por falha do jornalista, mas por falta de bons nomes mesmo. A começar pela simples constatação de que nenhum dos treinadores brasileiros fez sucesso no exterior nos países importantes do futebol. Nossos jogadores são ótimos e reconhecidos, não há um grande clube sem algum brasileiro, mas treinadores não há. Em qual clube grande da Europa um treinador brasileiro fez ou faz sucesso? Quantas ligas dos campeões um treinador brasileiro já venceu? Por outro lado, quantos jogadores brasileiros já foram grandes na Europa? Quantos vezes o país ganhou o prêmio de melhor jogador do mundo? E olha que esta premiação não havia no tempo do Pelé…do Garrincha…de tantos outros craques.
A última final de libertadores foi realmente importante para mostrar o quanto nossos treinadores são fracos de fato. Renato fez fama no Grêmio e dizia que treinar o clube carioca do Flamengo era moleza, pois tinha bons jogadores em todas as posições e no banco. O que aconteceu nós sabemos. Semana passada uma notícia da Band deu conta de que Renato está fazendo um curso de treinadores, assim como Cuca e Rogério 100ni. É uma ótima notícia sobre uma obrigação de todos nós, o aprendizado contínuo para crescimento pessoal e profissional.
Faz tempo que digo que se a CBF colocasse um grande treinador de fora do país para comandar a seleção brasileira os resultados seriam bem melhores e forçaria ainda mais os brasileiros a se aperfeiçoarem. Uma frase dita por um jornalista na época do Flamengo do Jorge Jesus ilustra muito bem o que penso: ”Jorge Jesus melhoraria a seleção e Tite pioraria o Flamengo”. A mais pura verdade. Aliás, JJ seria um excelente nome para a CBF a partir do fim da próxima copa. Se eu fosse presidente da CBF faria isso e investiria muito dinheiro em cursos de formação de treinadores num projeto a longo prazo para transformar nosso futebol. Evidente que profissionais estrangeiros viriam dar aulas. A Alemanha fez um trabalho para desenvolver seu futebol no longo prazo e colheu muitos frutos, pesquisem no Google. É muito legal.
Eu estou muito ansioso pelo trabalho do Rogério no SPFC. Um treinador da nova geração que saiu do nosso clube e foi ganhar experiência e títulos pelo Brasil, recebendo muitos elogios, e agora quero vê-lo montar este time está sendo bacana. Dias atrás o MAC disse que o Rogério só precisa corrigir a relação dele com os jogadores, pois ele é exigente e perfeccionista demais, e isso nem sempre ajuda. Exercer o cargo de líder nunca é fácil em qualquer atividade. Uma pesquisa divulgada pela casa do saber diz que 80% dos líderes são dispensados pelo comportamento e não por falta de conhecimento. Rogério ainda é um jovem treinador. Mas o Flamengo dele era melhor do que o Flamengo do Renato. Isso ouvi de um flamenguista. Ele tem agora mais uma ótima oportunidade na carreira para crescer. A direção do clube está lutando por reforços para que ele tenha melhores condições de trabalho. Espero ver o CT melhor aparelhado também, pois isso hoje em dia é fundamental.
O fato é que não há mais treinadores brasileiros para o SPFC se Rogério sair. Cuca esteve recente. Renato mostrou que tem muito a aprender e os demais não vejo com grandes conquistas para poder chegar e comandar o maior de todos, o único tri mundial, que parece estar iniciando um grande projeto de reestruturação em sua administração, questão obrigatória para voltar a alcançar grandes conquistas.
Salve o tricolor paulista, o clube da fé.
Carlito Sampaio Góes