Além das 4 linhas – O esquema

463

RC gosta muito do esquema de jogo 4.1.3.2 como já escrevi aqui neste espaço, mas acabou indo para o 3.5.2 por conta da falta de opções no elenco, causada por contusões, não contratações e má fase de alguns, como Rigoni, que faz muita falta e ganha salário todo mês. O 1 no esquema é um volante de marcação, que ele não tem disponível. Ontem vendo Atlético x Flamengo observei os dois com este primeiro volante forte. Na linha de 3 o treinador tem problemas com Nikão e Sara, dois prováveis titulares, além de Alisson, também machucado. O sistema preferido do treinador foi deixado de lado.

É muito complicado contratar jogador, em muitas vezes não se sabe como vai ser, pois os jogadores que se conhece, que se sabe que darão certo, são caros e todo mundo quer, e nosso clube não consegue contratar estes melhores ainda. Tem que arriscar em contratações duvidosas, Rigoni foi um. Marcos Guilherme está sendo outro. Mesmo jogadores como Nikão, que tinham passe livre por contrato terminado e tem boa carreira, pode demorar a engrenar, como de fato ocorre.

Montar um elenco e depois fazer isso funcionar como uma engrenagem perfeita é muito difícil. No tri brasileiro de Muricy o SPFC teve muita alteração no elenco de um ano para outro, mas na época a administração do clube estava bem, tudo andava como um relógio e a piscina tinha água, além de muitas outras coisas necessárias para uma organização funcionar corretamente. De uns anos para cá o clube não tem tido a administração funcionando e isso fez tudo desandar. Precisamos muito entender isso como a causa dos outros problemas do dia a dia. Jogador de futebol tem contrato, não pode ser demitido de uma hora para outra, por isso, contratar bem é tão importante, mas custa o que o clube não tem, dinheiro. Esta equação é danada.

Publicidade

Tenho certeza de que o tempo do Rigoni, por exemplo, já passou no SPFC. Um jogador não pode ficar tanto tempo sem render. Mas o SPFC o contratou por falta de opção, tenho certeza, como também foi com o Eder.

É muito difícil para um torcedor de um clube como o SPFC, pensar e concluir que o clube não vai ganhar nada. Mas este é o momento do clube. Eu vejo uma parte da torcida consciente, mas uma parte ainda não conseguiu entender o momento e fica pedindo a cabeça de muita gente, como se o clube tivesse opção. Se mandar o RC embora, por exemplo, quem o clube pode contratar? Isso vai resolver?

Um colega outro dia disse que a culpa é do treinador. Eu juro a vocês que eu adoraria pensar e ter certeza de que o problema do SPFC é o treinador. Eu adoraria, repito. Isso seria dizer que o clube não tem mais os problemas que tem, que o elenco funciona, que a estrutura toda está em dia, que dívidas estão renegociadas e em dia e que novas contratações podem ser realizadas, sem romper o acordo com o elenco de que só haverá contratação após as dívidas serem quitadas. O clube vive um drama jamais vivido e os caras querem que eu concorde que o problema é o treinador? Eu não consigo pensar assim.

Hoje tem mais um jogo decisivo contra o melhor time da América. Vocês lembram quando o SPFC tinha o melhor time da América e era o atual bi campeão da libertadores? Eu tinha 30 anos e a gente ia para o Morumbi numa confiança danada. Era duro ganhar do SPFC. O time sobrava em campo. Hoje este time é o adversário e o SPFC vive para sair da sua pior fase na longa história. Deixemos o fanatismo de lado, que sempre impede o bom raciocínio, e passemos a apoiar o clube para este sair da dura fase, e não para ganhar dos melhores, pois isso é difícil de acontecer. Portanto, deixemos os chiliques de lado.

Desculpem o realismo, hoje aos 59 anos quase completos, já não consigo acreditar que uma organização possa de uma hora para outra ultrapassar o líder do segmento de uma forma rápida e sem ter seus problemas resolvidos. Funciona assim numa oficina, numa gráfica, numa fábrica de refrigerantes, num hospital ou numa fábrica de celulares. Concluo isso ao ver o mundo da boa administração de empresas chegar de vez ao futebol e conseguir bons resultados. O mundo mudou e o futebol faz parte do mundo. Quando o SPFC foi bi mundial, a Coreia do Sul ainda não era uma potência tecnológica. Vejam o que aconteceu em 30 anos e o nosso clube continua o mesmo, ou melhor, conseguiu regredir.

O SPFC é chamado de clube da fé não por conta da religião, mas por conta dos seus primeiros administradores que, com tanta dificuldade para tornar este clube gigante, tinham fé de que o trabalho árduo traria os resultados pretendidos. Isso aconteceu, mas foram necessários muitos anos deste trabalho árduo na direção correta. Só assim se alcança o sucesso. Bora exigir isso do clube?  

Salve o tricolor Paulista, o clube da fé no trabalho.

Carlito Sampaio Góes