Além das 4 linhas – Treinador – 2

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Na coluna passada lembrei de times e de volantes de marcação, jogadores que são fundamentais para o equilíbrio de um time de futebol. Lembrei da seleção de 1982 e comparei o Telê Santana de 82 com o Telê Santana de 1992 com o SPFC, quando os volantes de marcação já eram presentes, e em 82 ainda não.

Continuei a pensar no tema durante o fim de semana e lembrei da seleção de 2002, também um bom exemplo de como os bons volantes podem ajudar, e do time de 2005 do SPFC, que jogava com 3 zagueiros, mas tinha dois bons volantes de marcação que sabiam jogar na frente deles. Time vencedor sem volante, nunca vi. Pelo menos no SPFC, os times vencedores tinham bons volantes. Lembro que são 12 as grandes conquistas do tricolor, e lembro a escalação de todos eles, e todos tinham um bom camisa 5 marcador pelo menos.

Voltando ao exemplo do jogo contra o Ceará no Morumbi pelo BR22, jogo em que eu estava lá, o nosso treinador trocou o André Anderson, um total campista, pelo Eder, um atacante, mesmo tendo opções de mais marcação no banco. O time ficou jogando no 3.4.3 sendo o meio de campo com 2 meias e 2 alas, sem volantes. Eu considero isso um erro.

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Na seleção brasileira de 2002, única seleção campeã a jogar com 3 zagueiros, o Felipão, o nosso treinador da época, foi à copa pensando numa escalação para os 3 do meio de campo. Logo percebeu que não ia funcionar. E olha que a zaga era espetacular e o primeiro volante um bom jogador. Lúcio, Edmilson e Roque Jr faziam a zaga. Cafú e Roberto Carlos as laterais e Gilberto Silva foi o primeiro volante. Um superelenco. O segundo homem de meio era para ter sido o Juninho Paulista, nosso velho conhecido. O time não funcionou, mesmo tendo na frente  3 jogadores que receberam a bola de ouro como melhores do mundo: Rivaldo, Ronaldinho e Ronaldo. Eu não me lembro de outro time que tenha jogado com 3 bolas de ouro. Aliás, quantos países possuem 3 jogadores que foram considerados melhores do mundo?

O que fez Felipão para mudar o time e ganhar a copa vencendo as 7 partidas? Trocou Juninho por Kleberson, um segundo volante leve, que sabia jogar e marcar. O time voou.

No time campeão do mundo de 2005 o SPFC tinha na dupla de volantes o seu ponto forte em minha opinião, com Josué e Mineiro, dois caras que detonavam na marcação, e sabiam jogar pelo campo todo, que davam condição para Cicinho, Junior, Danilo, Amoroso e Chulapa jogarem. Apesar de que, o Danilo ajudava demais na marcação. Este é o futebol total lançado pela Holanda em 1974. Eu não falo de volantes brucutus, caras que só sabem bater, falo de quem sabe marcar e jogar, como tantos que conhecemos.

Eu acho que RC não deveria escalar o meio de campo sem volantes de marcação, como tudo indica, fará hoje mais uma vez. Tudo bem que o elenco perdeu dois por contusão, mas há opção. Dias atrás, lendo a coluna do Tostão, ele falava sobre o treinador do Real Madri, o Ancelotti, um treinador que não inventa, faz o básico, e tem na motivação aos atletas sua maior característica. Ele tira o melhor de cada um. Mas escala cada jogador na sua função, sem invenções. Tostão escreveu assim comentando a final da copa dos campeões:

“… ganhou o jogo mais cadenciado, mais seguro, mais cauteloso, mais calmo e mais tradicional, contra o futebol mais ousado, mais intenso, de mais riscos e mais explosivo do Liverpool. O clássico venceu o rock’n’roll”. Lancelotti é o único treinador a vencer campeonatos nacionais nas 5 principais ligas europeias e o maior vencedor da copa dos campeões da Europa.

Uma vez Muricy disse: O futebol é uma coisa simples.

Salve o tricolor paulista, o clube da fé.

Carlito Sampaio Góes