Além das 4 linhas – Esquema Zubeldía

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Semana passada escrevi e postei aqui neste espaço uma reflexão sobre o 4.2.4 do nosso Zubeldía. Desde a chegada dele escrevo aqui que o esquema é vulnerável. Já escrevi também que Rogério usava este esquema e que Dorival quando chegou povoou o meio de campo e o time decolou e conquistou a taça mais importante e pesada dos últimos 17 anos, não é pouca coisa.

Coloquei no papel duas escalações com esquemas diferentes para eu poder pensar e acabei escrevendo mais uma reflexão. Primeiro escalei um time no 4.2.4 favorito do nosso treinador: Rafael; Cédric, Arboleda, Allan e Enzo; Pablo e Alisson; Lucas, Oscar, André e Ferreirinha. Depois escalei um time no 3.5.2 que acho mais apropriado para as peças disponíveis: Rafael; Ferraresi, Arboleda e Allan; Cédric, Pablo, Alisson, Oscar e Enzo; Lucas e André. Jogadores como Ruan, Sabino, Wendell, Bobadilla, Luiz Gustavo, Marcos Antônio, Luciano, Alves, Ferreirão, Ferreirinha e Ryan são boas opções.

Talvez a grande questão seja a falta no elenco de um volante que possa atuar pela esquerda como faz Alisson pela direita, o que faria o esquema ter uma variação com Pablo centralizado. Thiago Mendes poderia ser esta peça e o esquema ser alterado em alguns jogos, mantendo nosso gol protegido por 3 volantes bons de bola e não por 3 zagueiros bons de bola como defendo com o elenco de hoje. Defender nosso gol apenas com 2 no meio e 2 na zaga acho temerário, já que em todos os jogos os adversários chegam muito, como aconteceu na estreia na copa do brasil.

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O SPFC possui 12 grandes conquistas e em todas elas havia um time equilibrado entre defesa, meio e ataque. Eu vejo o esquema do Zubeldía com meio de campo frágil na marcação e criação, coisa que afasto de imediato. Eu nada tenho contra o treinador atual, só não gosto da maneira vulnerável que escala o time.

Eu costumo comparar isso com a história do mestre Telê Santana no comando do time da CBF e no comando do SPFC. Na copa de 1982, e eu tinha 19 anos e assisti, o mestre não quis abrir mão de nenhum jogador que ele admirava. O que ele fez? No lugar de primeiro volante ele escalou um segundo volante, Toninho Cerezo. Ganhou qualidade técnica e perdeu poder de marcação. Depois, com o SPFC de 1992 e 1993, eu já tinha 30 anos, nos títulos mais importantes da nossa história, o mestre foi diferente, montou um time equilibrado entre criação e marcação e encantou o mundo. O SPFC tinha uma zaga bruta, volantes fortes e chegou a jogar com Cafú de ponta direita e Vítor na lateral direita, o que deixava o tricolor fortíssimo do ponto de vista físico. Conclusão, jogava e não deixava o adversário jogar. Ganhou e encantou o mundo.

Bom, outra época marcante foi o inédito tri campeonato brasileiro que só o SPFC tem. Como eram os times do Muricy? Muito fortes fisicamente e com 3 bons zagueiros e 2 volantes. Aliás, o time de 2005 também era forte na marcação, jogava com 3 na zaga e dois volantes de muita marcação e qualidade técnica. Nossa história só tem times fortes na marcação, pelo menos os times vencedores.

Gente, como um jogo de contato físico, ocupação de espaço, marcação, força e tudo o mais, o futebol pede e exige o tal equilíbrio entre os 3 setores do campo: Defesa, meio de campo e ataque são muito importantes, mas afirmo a vocês que o meio de campo é ainda o mais importante, como mostra a nossa história. É aí que falha Zubeldía.

Que o tempo prove o contrário.

Salve o tricolor paulista, a futura empresa da fé.

Carlito Sampaio Góes