Fonte – UOL
O mistério que precedeu o jogo contra o Corinthians ficou para trás. No sábado (21), logo depois de o São Paulo ter vencido o Audax por 4 a 0 em partida válida pelo Campeonato Paulista, o técnico Muricy Ramalho já disse qual vai ser a equipe que enfrentará o Danubio na próxima quarta-feira (25), no Morumbi, pela segunda rodada da fase de grupos da Copa Libertadores. A mudança de postura, contudo, não significa que esteja tudo resolvido no time tricolor. Com oito formações diferentes em oito apresentações oficiais nesta temporada, ainda há pelo menos cinco pontos a serem resolvidos nos próximos dias.
No fim de semana antes de enfrentar o Corinthians, Muricy decidiu poupar titulares; no último sábado, em contrapartida, usou força máxima para encarar o Audax. A mudança de postura tem a ver com o que o técnico queria para a equipe: ele tratou a goleada como recuperação de confiança para o confronto com o Danubio. “A gente colocou para jogar porque não queria sofrer por muito tempo. Era importante para eles se recuperarem emocionalmente”, ponderou o treinador.
Em relação ao time que enfrentou o Audax, Ganso pode ser a única novidade do São Paulo na quarta-feira. Se estiver recuperado do mal-estar que o fez pediu para não entrar em campo no sábado, o camisa 10 substituirá Thiago Mendes contra o Danubio. Mas será que isso resolverá todos os problemas da equipe tricolor?
1 – O que vai acontecer com Paulo Henrique Ganso
O camisa 10 foi figura apática contra o Corinthians (derrota por 2 a 0 na primeira rodada da fase de grupos da Libertadores). Depois, interpelou a comissão técnica, alegou que não estava bem e pediu para não ser escalado no Campeonato Paulista.
“No dia em que ele [Muricy Ramalho] montou o time titular que enfrentaria o Audax a gente notou a ausência do Ganso, mas ninguém sabia o porquê. A gente pensou que era algo físico, uma dor ou alguma coisa assim, mas depois falaram que ele não estava bem. Foi honesto da parte dele. Se não está bem, melhor ficar fora e descansar porque quarta-feira a gente tem uma decisão pela frente”, avisou Luis Fabiano.
Pela atuação ruim contra o Corinthians ou pela postura pós-jogo, o fato é que Ganso entrará extremamente pressionado contra o Danubio.
2 – O lado esquerdo
A vitória sobre o Audax foi também uma vitória do meia Michel Bastos sobre o lateral esquerdo Michel Bastos. Escalado na ala contra o Corinthians, o camisa 7 voltou a ser armador e teve participação determinante para o triunfo do São Paulo (marcou duas vezes, deu uma assistência e ainda foi artífice da maioria dos lances ofensivos).
Contra o Danubio, está claro que Michel Bastos será armador. O problema é que isso significa a escalação de Reinaldo na lateral esquerda, e o jogador foi um dos motivos de Muricy Ramalho ter mudado o time contra o Corinthians.
“Contra o Santos [empate por 0 a 0 no Campeonato Paulista], fomos muito mal pelo lado esquerdo. O técnico não pode aceitar algo assim e precisa mudar”, disse Muricy no sábado, depois da vitória sobre o Audax, sobre a escalação usada na estreia da Libertadores.
A comissão técnica do São Paulo já tem um diagnóstico sobre o Danubio. Até os jogadores do time brasileiro assistiram à estreia dos uruguaios na Copa Libertadores (derrota por 2 a 1 para o San Lorenzo). E uma das características mais marcantes deles é justamente a velocidade pelos lados.
“O Danubio é um time chato e mostrou isso contra o San Lorenzo, atual campeão da América, que sofreu para ganhar. Eles são rápidos pelos lados, e certamente vai ser uma pedreira”, apontou Muricy.
3 – Os jogadores em má fase
Luis Fabiano foi titular contra o Audax e participou de três dos quatro gols do São Paulo. Alan Kardec, que ficou no banco, entrou no segundo tempo e mostrou dedicação na marcação da saída de bola. Mas os dois são parte de um problema que Muricy Ramalho precisa resolver para o duelo com o Danubio: os atletas que vivem má fase.
“Eu não gosto de sair sem fazer gols. Tentei ajudar, mas não consegui marcar. Espero que eu consiga fazer na quarta-feira”, disse Luis Fabiano. “Nós nos cobramos muito. Sabemos que é preciso reagir contra o Danubio”, completou Kardec.
4 – A falta de profundidade
Muricy passou grande parte da última janela de transferências pedindo que a diretoria contratasse jogadores que dessem profundidade à equipe. No entanto, Jonathan Cafu ainda não foi usado na Libertadores. E Centurión, que seria opção, cumprirá na quarta-feira a segunda partida de uma suspensão que ele carregava desde quando defendia o Racing.
“O que nós queríamos era um jogador de lado. Indicamos alguns, mas não conseguimos trazer. O futebol hoje está assim no mundo todo: os times jogam atrás da linha da bola, com saída em grande velocidade. Nós não temos isso. Temos posse de bola, mas não temos profundidade”, admitiu Muricy Ramalho. “O garoto argentino [Centurión] mostrou isso. Fizemos treinamentos com ele para entrar por trás da defesa, e ele fez muito bem isso. É uma característica que outros não têm”, completou.
No sábado, ainda que de forma intermitente, o São paulo teve profundidade contra o Audax. Contudo, nem Muricy usa isso como parâmetro: “Eles jogam de um jeito legal, mas dão muito espaço”.
5 – As crises internas
Depois da derrota para o Corinthians, membros de uma torcida organizada do São Paulo cobraram a demissão de Muricy Ramalho. No sábado, o público que foi ao Morumbi gritou o nome do técnico no segundo tempo da vitória sobre o Audax. Contraditório? Não para ele.
“Eu estou no São Paulo há muito tempo. Muito. Comecei aqui aos nove anos, e essa aqui é a minha casa. Fico mais aqui do que na minha casa, mesmo. A torcida sabe o quanto eu trabalho, mas algumas pessoas querem fazer com que eles pensem outra coisa. Mas eu conheço tudo nesse clube, e qualquer movimento eu sei que acontece. É difícil fazer a cabeça da torcida, mas eu estou ligado e sei quem são [as pessoas que tentam fazer isso]”, disse o treinador.