Fonte: Globo Esporte
O mistão do São Paulo comandado pelos garotos da base bateu o Marília com facilidade neste domingo, por 3 a 0, no Morumbi. Alan Kardec, duas vezes, e Ewandro fizeram os gols do jogo, que teve também ótima atuação de Boschilia. Após a partida, o técnico Muricy Ramalho aprovou a oportunidade de observar os garotos da base – Auro e Rodrigo Caio também foram titulares. Mas o treinador não gostou da atuação do time no segundo tempo.
– No primeiro tempo eu gostei de todo mundo. No segundo eu não gostei de ninguém (risos). Até que foi legal o primeiro, mas o segundo foi muito ruim – disse o treinador, que mostrou bom humor durante a entrevista.
Boschilia e Alan Kardec participaram do primeiro gol, marcado por Ewandro. No segundo, o meia deu assistência para Kardec, também servido por Ewandro no lance da terceira bola na rede.
Mesmo com a deficiência técnica do Marília, a fragilidade do adversário não foi motivo para Muricy diminuir a importância do jogo para os garotos. O teste de jogar no Morumbi em uma partida oficial do Paulistão foi ressaltado pelo treinador. Ainda assim, ele voltou a criticar o regulamento do estadual, pela limitação de 28 inscritos por time.
– Não é igual a um treino coletivo, porque jogar no Morumbi vai fazer parte da carreira e do aprendizado dos garotos que colocamos. Foi importante para tirar lições, principalmente pelos meninos que tiveram essa experiência. O Morumbi é muito grande e quem joga sabe que isso fica marcado para o resto da vida – declarou.
– Também foi importante para dar rodagem a quem estava sem jogar havia mais tempo. Só lamentamos não poder usar mais garotos, porque hoje eu não tinha lateral-esquerdo e era a chance de usar alguém. Talvez o futebol brasileiro tenha perdido a oportunidade de ver algum novo jogador aparecer aqui – finalizou.
Com 26 pontos, na liderança do Grupo 1, o São Paulo agora volta a jogar na quarta-feira, às 22h, contra o rival Palmeiras. O Choque-Rei ocorrerá na arena do time alviverde.
Confira abaixo a íntegra da entrevista de Muricy Ramalho:
VITÓRIA EM JOGO FÁCIL
– Em relação ao Marília, a gente lamenta. Sei a situação que eles estão vivendo. Fui jogador e treinador em time menor e sei as dificuldades, não é fácil ficar muitos meses sem receber, pouca estrutura. Tentaram o melhor deles e nós também.
NÍVEL DO PAULISTÃO
– Eu acho que esse ano ficou um pouco mais complicado para os pequenos, porque o investimento é sempre menor. Eles desequilibravam na pré-temporada, quando os grandes voltavam depois e só treinavam uma semana. Agora não tem mais isso. A gente teve mais tempo para se preparar, aí a melhor qualidade, o investimento pesam sobre os pequenos. Gosto de ver futebol e vejo todos os dias, mas está difícil de ver o Paulista. E eu vejo, porque sou teimoso, mas caiu demais a qualidade. Por isso vemos públicos pequenos. Está difícil.
ALAN KARDEC
– Sobre o Kardec, às vezes a gente cria espaço para ele para não tirar a confiança. É um goleador e a confiança volta quando faz gol. Peço muito para ele ficar perto da área e fazer gols. Se dedica muito sem a bola, trabalha para o time e se prejudica. Daqui a pouco volta a jogar. Pra jogar com dois enfiados com o Luis só em outro tipo de esquema, como fiz com o Corinthians e não deu certo. Toda vez que faz o esquema pensamos no jogador, mas dentro de campo não resolveu.
DIRETORIA ESTÁ COM VOCÊ ATÉ O FIM?
– O que eu acho é que no futebol brasileiro existe parceria das pessoas. Futebol é dinâmico e eu não fico triste se isso muda. Se não tem resultado o cara que morreria abraçado te deixa sozinho, porque às vezes não dá para ele ir junto. Se eu falar diferente é hipocrisia, demagogia. Eles estão sempre comigo porque é obrigação deles e eu tenho que dar resultado. Estamos no Brasil, não na Inglaterra onde o cara não ganha nada durante 10 anos e continua. Se eles assinaram o contrato é porque confiam em mim.
CRISE E AGORA PAZ
– Estava sendo pressionado e com razão, porque não estava jogando bem e sem resultado contra rivais. Não podia querer outra coisa. Na base de muito sacrifico, emocional pesado, eles se recuperaram bem e foram até o fim para bater o campeão da América. Só assim, na base do trabalho, que muda. Não pode reclamar de crítica, porque você esconde a realidade. Aceitamos e estamos tentando melhorar.
PALMEIRAS
– Todo clássico é importante. Isso é antigo no futebol. Todo clássico ajuda a fortalecer. Mesmo sem ser decisivo como o de quarta, mas é sempre importante para os dois times. Você mede as forças, ganha confiança, mostra defeitos para corrigir. Faz parte da história. Já joguei e dirigi em clássico. Existe a rivalidade, mas é só futebol.
QUATRO VITÓRIAS E MELHOR ATAQUE
– Importante ter os números a favor. Você pode mostrar para os jogadores, falar que tipo de time você é. Tem de ficar em cima disso, fortalecer o que pensamos de que todos na frente precisam participar mais. Esse time é assim: toma gol porque joga aberto. É a característica dos jogadores. Ser o time que mais faz gols é importante.