Jogadores, comissão técnica, diretoria e conselheiros do São Paulo discutem os motivos da crise instaurada no clube. Conturbado apenas politicamente no início do ano, o Tricolor viu o momento ruim também afetar o futebol. Os motivos apontados internamente são variados e mostram como o time do Morumbi está dividido sobre quais as reais causas da fase turbulenta. Confira abaixo, em tópicos, as razões citadas nos bastidores.
TRABALHO DE MURICY
O bordão que consagrou Muricy Ramalho agora virou motivo de questionamento. A principal queixa é sobre a fragilidade tática do Tricolor, visto como desorganizado por diversos setores do clube, incluindo parte dos jogadores, descontentes com a falta de padrão e as constantes mudanças. Os métodos de treinamentos também são contestados. Muricy reconheceu que agora, no fim de março, ainda busca um time ideal. Por isso, adiantou que fará trocas na equipe titular. Isso depois de colocar o cargo à disposição da diretoria, mas ser convencido pelo vice de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, e até pelo goleiro Rogério Ceni de que não era a hora de sair. As escolhas do treinador também são contestadas, como a substituição de Pato no Choque-Rei, e a falta de chances para garotos como Auro e Boschilia diante dos rendimentos de Bruno e Ganso, lateral e meia respectivamente.
SAÍDA DE KAKÁ
A transferência do ídolo do São Paulo para o Orlando City, em dezembro, era de conhecimento geral. Mas quatro meses depois do desligamento, a ausência do jogador ainda é sentida e apontada como uma das causas da crise. Muricy exalta principalmente a contribuição de Kaká como um líder fora de campo. Mas internamente também há o entendimento de que ele funcionava como uma espécie de treinador dentro do gramado. Além disso, afirma-se no clube que ele dava mais rapidez e qualidade na saída de bola do time.
TRANSIÇÃO LENTA
Para tornar o São Paulo mais dinâmico com a bola, o time precisa de passes mais velozes e objetivos na transição das jogadas. Ou seja, toques mais rápidos, “verticais” e menos “de lado”. Essa é a conclusão de quem está dentro de campo. Nesse caso, o problema apontado não é atribuído a Muricy, mas sim aos próprios atletas. Os jogadores do Tricolor, inclusive, reconhecem que precisam melhorar de rendimento para mudar a fase do time. A esperança para melhorar esse quadro é Wesley, que terá condições de jogo a partir das quartas de final do Paulista.
BLINDAGEM EXCESSIVA
Ataíde Gil Guerreiro não gosta da interferência de outros departamentos no seu trabalho. O dirigente, alinhado com Muricy, é elogiado no CT da Barra Funda por blindar elenco e comissão técnica. Mas isso também é motivo de críticas internas a ele, pois existe a impressão de que esse ambiente deixa jogadores e comissão acomodados pelo que é chamado de excesso de blindagem. Nesse raciocínio, o local de treinamentos é visto como uma ilha intocável, onde há frieza e desconexão com a realidade.
DIRIGENTE BOLEIRO
Uma crítica entre os conselheiros do São Paulo é sobre o que consideram um “buraco” entre diretoria e elenco. Eles sentem a falta de uma figura como o ex-dirigente Marco Aurélio Cunha para fazer a aproximação entre cartolas e atletas. Tal função poderia ser atribuída ao diretor de futebol Rubens Moreno, outro que tem papel questionado no clube. Em comparação com o rival Corinthians, citam o exemplo do gerente Edu Gaspar, mais misturado com o elenco, do que Gustavo Vieira de Oliveira, gerente Tricolor com perfil executivo e menos ligado aos atletas.
Tudo isso é resultado em insistir em jogadores aposentados