Wesley foi apresentado como reforço do São Paulo, mas o Palmeiras dominou os assuntos na entrevista coletiva. O volante foi questionado várias vezes sobre a polêmica transferência de um rival para outro. Em conversa com o Tricolor desde março do ano passado, o jogador disse ter tomado a decisão de trocar o Verdão pelo Tricolor apenas após o fim do Brasileiro. Na última segunda-feira, o vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro admitiu acerto antes do término do vínculo do atleta com o time alviverde.
Em baixa na parte final da sua passagem de três anos pelo Palmeiras, Wesley entende que não precisa provar nada no São Paulo, clube com o qual assinou até o fim de 2018. O atleta, inclusive, promete comemorar gols contra o rival, em um futuro clássico.
– Claro. Se não comemorar, estarei desrespeitando os companheiros que estão comigo. Vou comemorar, e muito, porque é fruto de trabalho. Eu ralo para caramba, fico longe da família e tenho de dar o máximo aqui no São Paulo – afirmou.
Vaiado e xingado constantemente pelos palmeirenses nas últimas rodadas do Brasileiro, Wesley diz não guardar mágoas do ex-clube. O atleta entende que cumpriu bem seu papel no Verdão e lembra não ser o primeiro a trocar de rivais.
– Faz parte, mudar para o rival não é fácil. Isso já aconteceu outras vezes (o atacante Alan Kardec fez o mesmo caminho). Tenho muitos amigos no Palmeiras. O importante é que tomei a minha decisão. Se há uma regra (assinar pré-contrato com seis meses de antecedência), mesmo sendo torcedor e não gostando, não adianta nada. Nada mais justo do que deixar o jogador seguir a vida dele – afirmou.
Fora da primeira fase do Paulista e da Libertadores, Wesley só poderá estrear pelo São Paulo no dia 12 abril, data das quartas de final do estadual. Logicamente se o Tricolor garantir a classificação para a próxima fase da competição. Obrigado a treinar separado do elenco palmeirense nos dois primeiros meses sem atuar, o volante diz ter cumprido todos os horários. E diz que não renovou com o Verdão pela demora nas conversas.
– Falam que o presidente colocou um contrato na mesa e eu não quis assinar, mas não foi bem assim. As coisas não aconteceram como as duas partes queriam. Demorou e deixei o tempo correr um pouco para tomar a melhor decisão. No final, resolvi vir para cá e agora quero seguir em frente no São Paulo. Não podia encontrar com o grupo (nos treinos). Mas sou profissional, tinha de respeitar o contrato – finalizou.
Antes da apresentação, Wesley treinou no gramado do CT da Barra Funda pela primeira vez. O volante correu no gramado junto com Carlinhos, lateral-esquerdo que se recupera de uma lesão no joelho esquerdo e ainda não tem retorno confirmado.
Confira os principais tópicos da entrevista coletiva de Wesley:
Quando acertou com o São Paulo? Por que a mudança?
Para mim, é um desafio novo. Acho que sou movido a isso. Todo dia que levanto para trabalhar, quero algo novo. Achei que era o momento para mim. Então, nada mais justo do que eu poder ter minha escolha. As tratativas começaram depois que acabou o Campeonato Brasileiro. Decidi realizar esse sonho. Para ficar claro, foi depois que acabou o Campeonato Brasileiro.
Manifestação da torcida do Palmeiras
Normal. A rivalidade é muito grande, a gente sabe de todas as histórias que foram envolvidas. Comigo, não ia ser diferente. Mas estou supertranquilo. Estou com a cabeça tranquila de que fiz ótimo papel. Respeito, agradeço a todos, e agora quero seguir meu caminho.
Acho que não preciso provar nada, eu estou em busca da minha luta todo dia. O balanço que faço, na minha concepção, foi ótimo, dentro de algumas dificuldades que encontrei desde quando cheguei até minha saída. Mas é uma situação que já passou, daqui para frente só quero pensar no São Paulo.
Quais funções pode desempenhar?
Tenho minha preferência como segundo volante, saindo para o jogo, onde tive sucesso muito grande, onde cheguei à Seleção. Mas todos sabem que sou versátil, sendo lateral-direito, como já tive destaque, como primeiro homem de marcação. Mas a função de que mais gosto é segundo volante. Se o professor Muricy precisar, ajudarei da melhor forma em outras posições. Estarei sempre à disposição.
Torcida do Palmeiras tratou Valdivia de forma diferente?
O torcedor vai ao estádio, paga o ingresso e quer ver o resultado. No momento em que a gente se encontrava, não estava em momento bom, as cobranças apareceram. Mas sempre fui cara transparente, procurei jogar todos, nunca fiquei de fora. Nas últimas partidas do Brasileiro, não tinha condições e fui para o jogo. Por isso, mais uma vez eu saio de cabeça tranquila, fiz minha escolha.
Quando achou que era hora de mudar?
Depois que acabou o Campeonato Brasileiro, sentei em casa junto com minha esposa, a gente sempre conversa bastante. Era projeto meu, nova casa, nova situação, eu queria essa situação nova para mim. Sou maior de idade e sempre vou definir o que quero para mim. Dos três anos que fiquei no Palmeiras, tive uma lesão de cruzado, depois consegui me recuperar. Mas nisso o time já tinha caído. Nessa luta, na época para subir, fui peça fundamental, dito por vocês da imprensa. Nesse momento, tive várias coisas para sair, tanto fora do país quanto aqui. Resolvi ficar, porque era desafio comigo. Eu queria dar continuidade nisso. Mas depois do Brasileiro, resolvi mudar.
O contrato com o São Paulo era dado como certo há meses…
Não sei de onde partiu, mas realmente teve (contato). Mas quero frisar que a decisão foi tomada depois do Campeonato Brasileiro.
Sai magoado com o Palmeiras por ter segurado-o até o último dia de contrato?
Lógico que nenhum jogador quer passar por essa situação, fiquei treinando separado, longe do grupo. Mas tinha contrato. Sou profissional, tinha de respeitar. Nunca deixei de ir ou de cumprir o horário. Agora, em relação a ficar sem jogar, é complicado, a gente fica triste, mas as coisas vêm para o bem. Estou tranquilo em relação a isso. Agora é focar na preparação física para poder estar à disposição.
Parceria com Ganso
Costumo chamá-lo de Paulo, temos uma amizade muito grande. Qualidade indiscutível. Tivemos um ano abençoado no Santos. A gente se completava. Ele é um meia pensante, faz a equipe jogar. Eu vinha mais de trás com a bola, com bastante dinâmica, mudança de posição. Não sei ainda como vai ser. Já se passaram alguns anos. Se tiver oportunidade, a gente vai procurar pôr em prática aqui no São Paulo.
A reação da torcida palmeirense o faz repensar algo?
Faz parte, é uma mudança para um rival. Não fui o primeiro, já aconteceram outras situações, mas isso daí eu deixo para a torcida. Eu sempre vou respeitar, carinho com as pessoas, com as amizades que fiz, isso é natural. Importante é que tomei minha decisão e vou seguir em frente.
Quanto tempo até ficar pronto para jogar?
Independentemente de qualquer coisa, vou ter tempo. Creio que só vou poder estar à disposição no dia 12 de abril. Até lá, tenho certeza de que os profissionais saberão o que fazer, dosando, mas deixando à disposição para jogar.
Por que a renovação com o Palmeiras não deu certo?
É lógico que muito se fala de acordo, que o presidente colocou o contrato na mesa e eu não quis assinar. Não foi bem assim. No final, resolvi tomar essa decisão.
O palmeirense que o xinga vai chorar no futuro?
Eu não penso nisso, não gosto de criar tumulto nessa parte. Sempre vou procurar trabalhar, fazer minha parte no dia a dia. Para o meu bem, para o bem do São Paulo, se isso vier a incomodar não tenho culpa.
Quando surgiram as especulações sobre São Paulo, Dorival o defendeu. Já havia algo?
Já trabalhamos juntos, é conhecedor do futebol, já passou por bastante situação. Lógico que estava com o grupo. Foi depois que acabou o Brasileiro que tomei minha decisão. O grupo sabe da minha pessoa, da minha índole. Deixei claro que ia ficar até o final do ano, que depois eu não saberia o que ia acontecer. Joguei mesmo sem ter condição, não é tirar minha responsabilidade, gosto de colocar em pauta porque poderia muito bem ter ficado de fora. Nos exames, constaram, e eu quis jogar.
Wesley corre ao lado de Carlinhos durante treino no CT da Barra Funda (Foto: Fernando Vidotto)
Ter muitos conhecidos no São Paulo vai ajudar?
Chegar aqui e reencontrar velhos amigos é bacana, porque a gente sabe que o mundo dá volta. A gente fica feliz. Pessoal já fez sacanagem comigo, mas deixa eu entrosar um pouquinho mais que vou devolver. É bom se sentir bem.