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Guilherme Palenzuela
Do UOL, em São Paulo
Alexandre Pato vive, neste início de 2015, sua melhor fase desde que deixou o Milan, no fim de 2012. Conquistou definitivamente o técnico Muricy Ramalho, venceu certa resistência da torcida pela camisa que há pouco vestia e se tornou o principal goleador da equipe. Neste cenário, viu a nova seleção brasileira, pós-7 a 1, abolir o centroavante e abrir caminho para jogadores como ele. Mundo ideal, não fosse o azar de ter encontrado o próprio Corinthians como o adversário mais frequente do primeiro semestre – o único time que ele não pode enfrentar.
Pato tem oito gols marcados em 10 jogos neste ano. Tem jogado em bom nível, além dos gols que marca. Se até 2014 era aquele jogador para quem não se encontrava lugar em campo, hoje é quem dá movimentação no ataque são-paulino e cria alternativas ofensivas. Não é centroavante, diferente de Luis Fabiano e de Fred e Jô, por exemplo. É um atacante que se movimenta, pode jogar fora da área e também pelas pontas do setor ofensivo. Assim como Diego Tardelli, titular da nova seleção brasileira.
Desde a saída de Luiz Felipe Scolari do comando da seleção brasileira, Dunga reassumiu mostrando-se mais disposto a implementar algumas das ideias que têm funcionado no alto nível do futebol mundial. A mais visível delas foi a saída do centroavante. Desde a reestreia de Dunga, contra a Colômbia, Diego Tardelli é o titular. Só não foi quando não pôde ser convocado.
A última convocação, para os jogos contra França e Chile, em março, demostrou mais uma vez o que Dunga quer para o setor ofensivo de sua equipe. Todos os oito jogadores ofensivos chamados jogam em pelo menos três das quatro posições de ataque em que o time vem sendo armado: Oscar, Willian, Douglas Costa, Philippe Coutinho, Neymar, Roberto Firmino, Robinho e Diego Tardelli.
Alexandre Pato atende a esses requisitos. E tem feito mais gols do que Tardelli fazia no Atlético-MG e do que Robinho faz no Santos. O primeiro agora joga na China, pelo Shandong Luneng, em baixo nível competitivo, e o segundo disputa o mesmo Paulistão no qual o são-paulino brilha.
O problema, para Pato, é justamente o Corinthians. O clube que detém seus direitos econômicos e que o emprestou ao São Paulo calhou de ser seu adversário mais comum em 2015. Dunga mostra que acompanha o clube do Morumbi ao convocar o volante Souza, além de Kaká em lista anterior. No entanto, não consegue ver Pato jogar em sequência, por conta dos encontros contra o Corinthians no Paulistão e na Copa Libertadores, além de não poder ver, também, o atacante em jogos decisivos, nos quais de fato jogaria sob pressão.
“Um jogo tão importante, que significa bastante, você quer jogar. Eu não posso. É ruim porque você vem numa sequência”, admitiu Pato, na terça-feira, após o treino. “Nesse momento pesa bastante a seleção, mas a seleção é um objetivo que não vou desistir. Vou lutar cada vez mais, sei da importância que é vestir a camisa da seleção”, falou o atacante.
No domingo, o São Paulo perdeu por 1 a 0 para o Corinthians no Morumbi, pelo Paulistão. Jogou melhor, mas ainda assim mal, do que na derrota por 2 a 0 em Itaquera, pela Libertadores. Na segunda-feira, dia seguinte à segunda derrota, Pato marcou quatro gols em jogo coletivo contra a equipe sub-20 em treino no CT da Barra Funda, vencido pelos profissionais por 5 a 1.
Ainda antes da Copa América, o São Paulo enfrenta o Corinthians pelo menos mais uma vez: no dia 22 de abril, pela última rodada da fase de grupos da Libertadores. Antes disso, ainda pode reencontrar o rival pelas fases finais do Paulistão. Outros momentos nos quais Pato necessariamente terá de interromper sua sequência de jogos por motivos contratuais.
O contrato de empréstimo de Pato, do Corinthians ao São Paulo, prevê que o atacante não possa atuar contra o ex-clube, que ainda paga metade de seu salário. Para romper a cláusula, é preciso que o São Paulo pague R$ 5 milhões e ainda conte com a anuência do Corinthians. O clube do Morumbi e o próprio Pato, no entanto, já afirmaram que tal hipótese não existe.