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BLOG DO PERRONE
Entre outras críticas, a torcida do São Paulo, especialmente a uniformizada Independente, não perdoa o clube pelas duas derrotas para o Corinthians nesta temporada, na Libertadores e no Paulista. A demolidora cobrança, no entanto, não leva em conta que a diferença de performance do tricolor para o alvinegro em campo tem sido menor do que na arquibancada.
Na Libertadores, competição que mais interessa aos dois clubes, o Corinthians acumula na fase de grupos três vitórias em três jogos, aproveitamento de 100%. Já o São Paulo perdeu uma de suas três partidas, conquistando cerca de 67% dos pontos, ou 33% a menos do que o rival. Apenas três pontos separam os dois times paulistas. Numa rodada só a equipe de Muricy pode alcançar a pontuação do time comandado Tite.
Mas, na venda de ingressos como mandante, o abismo entre os dois clubes é muito maior. O São Paulo vendeu 16.689 bilhetes para a partida em que venceu o Danúbio no Morumbi por 4 a 0. Diante do mesmo adversário, nesta quarta, o Corinthians colocará pelo menos o dobro de pagantes em Itaquera. Até segunda-feira já tinham sido comercializadas 33.500 entradas.
Na soma de suas duas primeiras partidas no torneio em casa _ contra o Once Caldas, na briga por uma vaga na fase de grupos, e diante do São Paulo _ o Corinthians registrou 73.722 ingressos vendidos. A média é de 36.861 pagantes, sem contar a venda antecipada para o confronto com o Danúbio.
Já o São Paulo negociou 26.236 ingressos para a sua vitória por 1 a 0 sobre o San Lorenzo, acumulando 42.925 pagantes em duas partidas no Morumbi. Sua média em casa é de 21.462,5 pagantes. A marca corresponde a cerca de 58% da média corintiana, o que também configura uma diferença maior do que entre o aproveitamento de pontos dos rivais.
Já pensou se cartolas e jogadores resolvessem protestar contra os torcedores tão intensamente como têm sido cobrados? Só por dizer que nem com portões abertos os são-paulinos encheriam o Morumbi contra o Corinthians, o vice de futebol tricolor, Ataíde Gil Guerreiro já foi hostilizado no estádio. E por torcedor que não era de organizada.
O estímulo para a torcida, incentivar, vem do que ela enxerga dentro de campo. Não adianta encher o Morumbi com 70 mil, se o time não mostrar garra e vontade, ou teremos 70 mil calados, apreensivos e chateados torcedores, ou teremos milhares e milhares de torcedores vaiando e xingando.
Tem que saber o que o time quer receber, apoio pelo esforço ou paz pra jogar essa atual “bolinha” que vem apresentando.
Muito fácil é “cobrar” presença de torcida, muito se ouve falar sobre quem resolve são os jogadores dentro de campo.
O futebol brasileiro, refém e amante da Rede Globo, acata os bizarros horários de 22h, os calendários que servem grade televisiva, etc. Soma-se ao famigerado horário, o atual preço abusivo de ingresso, as condições de estrutura oferecida aos torcedores, tudo que envolve ir ao estádio (estacionamento, insegurança, transporte), e dentro de campo, o espetáculo
mostra um time fraco, sem vontade, sem raça, sem criação…
Como é que pode haver incentivo ao torcedor, diante de um cenário em que tudo conspira para que a maioria da torcida prefira não ir aos jogos.