Wesley dormiu um mês no Morumbi até ser dispensado em peneira

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Gazeta Esportiva – Tossiro Neto

Jogar no São Paulo não foi uma oportunidade que surgiu para Wesley só no ano passado, em meio à discussão para a renovação ou não do contrato com o Palmeiras. O volante de 27 anos revelou no domingo que, na adolescência, foi reprovado em peneira nas categorias de base do clube. Questionado sobre o assunto na terça-feira, ao ser apresentado de modo oficial, não soube dar detalhes do teste, porém.

“Acho que tinha uns 14 anos, por aí. Já amadureci bastante, talvez não saiba contar toda a história. Foi um aprendizado, me deu mais força para encarar outros desafios que a vida me proporcionou. Mas talvez eu fale besteira, não me lembre de tudo”, disse o jogador, que depois foi registrado no Internacional de Bebedouro e jogou também no Botafogo, de Ribeirão Preto, antes de se destacar e ser fixado definitivamente no profissional do Santos.

A história no São Paulo, conforme apurou a reportagem, ocorreu em 2002. Levado por um professor de futebol de salão de Catanduva (SP), sua cidade natal, Wesley deixou boa impressão nas primeiras avaliações e foi convidado a ficar no alojamento do Morumbi para um período maior de treinamentos. Aproximadamente um mês depois, no entanto, acabou não sendo aproveitado e retornou para o interior paulista. O treinador na época era Marcos Vizolli, que, entre tantos candidatos, não se recorda do volante.

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“São muitos garotos, mas é uma idade que está dentro desse perfil de dispensa. Quem apresentava qualidade, certa condição de continuar no clube, ficava mais tempo mesmo. Com certeza, ele deve ter ficado para essas avaliações”, diz o ex-jogador e ainda funcionário das divisões de base do clube, que vez ou outra é chamado pela comissão técnica da equipe profissional para observar jogos de futuros adversários. Ele foi a Montevidéu recentemente para ver o duelo entre Danubio e San Lorenzo, concorrentes do São Paulo na Copa Libertadores.

Fernando Dantas/Gazeta Press

Volante, que vestiu camisa do São Paulo na terça-feira, fez teste na base do São Paulo quando tinha 14 anos

Desde 2005, ano em que inaugurou CT próprio para formar atletas, em Cotia, o São Paulo não utiliza mais as dependências do Morumbi. “Acabou tudo. Tudo foi levado para lá”, explica Vizolli, que tinha Cilinho (técnico campeão paulista de 1985 e 1987) como coordenador quando Wesley fez peneira. Atualmente, o principal cargo do departamento pertence a Júnior Chávare, gerente executivo que tem comandado reformulação idealizada pelo presidente do clube, Carlos Miguel Aidar, para os times inferiores.

Foi Aidar também quem fez questão de contratar Wesley – e ganhar mais uma disputa com Paulo Nobre, mandatário do Palmeiras –, embora não tenha sido ele o responsável por apresentá-lo, na terça-feira. Quem o fez foi o diretor de futebol, Rubens Moreno, que citou de forma bem humorada sua primeira passagem pelo Morumbi. “Espero que ele possa comprovar que o São Paulo errou lá no passado, quando ele não ficou no teste”, disse o dirigente, sorrindo, antes de entregar a camisa com a qual o jogador diz sonhar desde pequeno.