As recentes declarações dadas a uma TV argentina em que dizia estar sofrendo para se adaptar à cidade levantaram dúvidas sobre o futuro da principal contratação do São Paulo no ano, o meia-atacante Ricardo Centurión. Mas o suposto desabafo acabou ofuscando uma tentativa real do jogador, novo queridinho da torcida são-paulina, de se sentir à vontade longe de casa.
Desde que chegou a São Paulo, o argentino de 22 anos tem se esforçado para tornar a mudança de país menos traumática. Além de viver num condomínio próximo ao centro de treinamento do time, na Barra Funda, e andar de táxi para evitar o stress no trânsito da capital, Centurión tomou outras providências: convenceu a namorada, Melody Pasini, a vir morar com ele e, sempre que possível, traz amigos e parentes para passar alguns dias no confortável apartamento de pouco mais de 120 metros quadrados onde vive.
Exceto na breve temporada em Gênova, na Itália, Centurión sempre viveu próximo de amigos e da família em Avellaneda, na região metropolitana de Buenos Aires. Apesar de introvertido, não está acostumado a ficar sozinho.
“Acho que ele ainda não fez grandes amigos aqui. Mas a casa quase sempre tem hóspede”, contou um funcionário do condomínio, na sexta, 24. Recentemente, Centurión hospedou a sogra, Meliza, no imóvel. Na semana passada, uma amiga de sua noiva passava dias no local. A própria família do jogador passou uma temporada por aqui.
Agrado à noiva
Se a vinda da noiva, há quase três meses, foi uma das soluções de Centurión para combater a solidão, ela acabou também dificultando o entrosamento com os colegas de clube. Nem mesmo o fato de ser vizinho do volante Souza, que vive com a mulher e o filho pequeno no mesmo condomínio que ele, facilitou o processo. Os dois não conseguiram estabelecer uma amizade.
Por causa da namorada, Centurión quase não sai em São Paulo. Quando o faz, a leva a shoppings e restaurantes nas imediações. Apesar de jovem, o atacante passa longe de baladas – talvez também pelo gosto musical da mulher. Melody costumava frequentar festas eletrônicas na Argentina.
Aqui, o programa mais comum é ir aos jogos do São Paulo. Torcedora fanática do Racing – time que revelou Centurión -, já foi vista num camarote no Morumbi usando a camisa que leva o nome do jogador.
Mel “sofre” na adaptação até mais que o craque – em conversas com amigos no Instagram, afirmou se sentir “perdidíssima” na capital. Sem ocupação e sem falar português, passa boa parte do tempo sozinha no condomínio, aproveitando a piscina do local. Para agradá-la, Centurión desembolsou pouco mais de R$ 10 mil por um bicho de estimação.
Bruz, o buldogue francês que está com a família há quase dois meses, é o “filho” do casal. Vez por outra, o próprio jogador compartilha fotos com o animal na sua conta do Instagram.
“Centurión estava procurando um cachorro para lhe fazer companhia. O Bruz nem estava à venda, mas como a noiva gostou muito dele – por causa da mancha em forma de coração que tinha na lateral -, ele acabou me fazendo uma oferta. O preço foi um pouco mais alto do que a média, mas ele não se importou. Ela é apaixonada por animais, já tinha cães na Argentina”, conta o criador Christian Feliciano, que chegou a antecipar a entrega do bicho por insistência dela.
Além do “filho canino”, outra distração de Centurión são os jogos eletrônicos. Centurión é fã de GTA e de games de futebol. Nos dias de folga, o jogador também faz questão de acompanhar os jogos do Racing – outra forma de matar saudade da Argentina.