O auxiliar técnico Milton Cruz dirige o São Paulo de forma interina pela 26ª vez nesta quarta-feira, na partida contra a Portuguesa, pelo Campeonato Paulista. Funcionário do clube desde 1997, o ex-jogador virou a principal opção como tampão para o cargo de treinador da equipe dois anos depois, aproveitando as férias do preferido da diretoria para a função.
Alternando a condição de auxiliar e as missões como técnico, Milton Cruz teve prestígio no Morumbi por um bom tempo, mas já não é mais unanimidade. Com resistência na diretoria e criticado também por parte da torcida, o profissional tem nova chance à frente da equipe no Morumbi, acumulando um retrospecto de 25 jogos, com 11 vitórias, seis empates e oito derrotas.
A primeira oportunidade como interino surgiu em 16 de dezembro de 1999. Na época, a diretoria havia definido que Pita, ex-jogador e então técnico dos juniores, seria o substituto interino do demitido Paulo César Carpegiani e comandaria a equipe diante do Atlético-PR, em partida decisiva por um torneio seletivo para a Copa Libertadores da América seguinte. Porém, o preferido não pôde assumir.
“Não sabíamos que o Pita estava em férias. Ele agradeceu o convite, mas rejeitou, porque já estava com viagem marcada”, declarou o diretor de futebol da época, José Dias, em edição do dia 14 de dezembro de 1999 do jornal A Gazeta Esportiva.
Assim, Milton Cruz acabou alçado à condição de interino, com o objetivo de vencer o Atlético-PR no segundo jogo da semifinal da seletiva por pelo menos dois gols de diferença, depois de o São Paulo ter perdido por 4 a 2 em Curitiba, placar que custou o emprego de Carpegiani.O ex-jogador se sentia pronto para a missão. “Já tenho uma vivência grande no futebol e trabalhei com vários técnicos de nome”, afirmou, na época. O São Paulo conseguiu vencer em casa, mas o triunfo por 2 a 1 não serviu para garantir a classificação, sendo eliminado pelo Atlético-PR em um jogo marcado por duas quedas de energia no Morumbi.
O clube paranaense abriu o placar com gol de Lucas, logo no início do segundo tempo. Porém, França bateu pênalti sofrido por Souza para empatar. No momento em que o Tricolor aumentou a pressão, os refletores se apagaram, e a partida ficou paralisada por 25 minutos.
O imprevisto gerou até desconfiança do são-paulino Jorginho. “É muito estranho, principalmente em época de eleições. Espero que não seja obra da oposição”, afirmou o tetracampeão. As luzes foram novamente acesas, e a virada saiu em gol contra do zagueiro Leonardo.
Porém, mais uma vez, os refletores tiveram um problema. A partida ainda foi recomeçada, mas o placar por 2 a 1 persistiu, garantindo a vaga ao Atlético-PR, que acabaria sendo campeão na decisão contra o Cruzeiro.
O fim da trajetória do Tricolor na seletiva também abreviou a primeira passagem de Milton Cruz como interino, já que o combinado era de que o auxiliar ficasse à frente do time até o fim da temporada, encerrada justamente na eliminação frente aos paranaenses.No entanto, a partir de então, o funcionário fixo da comissão técnica passou a ser solicitado sempre que havia alguma demissão de treinador ou impossibilidade do efetivo dirigir o time. Antes de reassumir o elenco nesta quarta-feira, Milton Cruz não era interino desde janeiro, quando Muricy Ramalho não pôde participar do Torneio de Manaus por problemas de saúde.
Agora, a diretoria de futebol espera que o auxiliar treine a equipe por até quatro jogos, que é o prazo máximo esperado para a contratação de um novo técnico. Apesar de Milton Cruz ter perdido prestígio no Morumbi, o vice-presidente de futebol do clube, Ataíde Gil Guerreiro, avisou que o auxiliar voltará à função normal quando o novo treinador chegar.