Milton cria dois esquemas táticos e renova SP para decisão no Uruguai

57

Fonte: UOL

Enquanto não recebe resposta do argentino Alejandro Sabella, o São Paulo começa a era pós-Muricy Ramalho sob o comando do coordenador e hoje técnico interino Milton Cruz. E começa bem. Em dois jogos, duas vitórias convincentes e com novas alternativas táticas. Nesta quarta-feira, às 22h, o clube precisa vencer o Danúbio, em Montevidéu, no Uruguai, pela Copa Libertadores, para não transformar o jogo contra o arquirrival Corinthians, na última rodada, em um épico dramático.

Muricy Ramalho fez 20 partidas pelo São Paulo em 2015. A não ser pelas partidas contra Bragantino e Ponte Preta, em que armou a equipe no 3-4-3, e contra o Corinthians, pela Copa Libertadores, com um 4-4-2 sem pontas, iniciou todas as partidas no 4-2-3-1 – neste esquema, ora com a linha de três ofensiva composta por um meia e dois jogadores de lado de campo, ora composta por um segundo atacante e dois jogadores de lado de campo. Muricy Ramalho deixou o cargo no São Paulo há pouco mais de uma semana dizendo que o time não jogou bem em 2015.

Em oito dias, tal cenário mudou. Aquele que tinha tudo para ser um dos piores momentos da temporada se transformou no mais positivo. O São Paulo não teve pela frente adversários imponentes, mas fez o que não conseguiu fazer em 2015 mesmo contra os inexpressivos: duas vitórias por 3 a 0, com esquemas diferentes do 4-2-3-1.

Publicidade

Milton Cruz teve dois treinos – segunda e terça-feira – depois de Muricy Ramalho anunciar sua saída para preparar uma equipe mista, sem alguns titulares, para enfrentar a Portuguesa no Morumbi. O jogo não valia nada, mas mesmo assim o time teve cara inédita: uma linha de quatro defensores, um primeiro volante à frente, dois volantes atuando de forma ofensiva, em função híbrida, dois pontas e um atacante sozinho, sem ser centroavante. Muita diferença para aquele time habitualmente com dois volantes à frente da zaga, uma linha de três e um atacante dentro na área.

O São Paulo venceu naquela quarta-feira por 3 a 0, confirmou o rebaixamento da fraca Portuguesa e mostrou intensidade que ainda não havia mostrado no ano. O esquema de Milton Cruz funcionou completamente, com destaque para as atuações de Hudson e Thiago Mendes, fazendo a função híbrida – nem meias, nem volantes. Depois de sua entrevista coletiva no Morumbi, o técnico interino parou para conversar com calma com a imprensa sobre o jogo. Questionado pela reportagem se aquele time jogara no 4-1-4-1, da moda na Europa e de tanto sucesso nos últimos tempos, Milton disse que armou um 4-3-3, mas concordou que, seja qual for o nome, as ideias são basicamente as mesmas. Pontuou que, em seu time, Jonathan Cafu e Ricardo Centurión foram mais ofensivos do que no 4-1-4-1. Só isso.

Aquela vitória contra a Portuguesa aconteceu na quarta-feira. Na segunda, dois dias antes, Muricy havia se demitido e Milton Cruz, abatido, mal havia participado do treino. Passou boa parte daquela tarde no CT da Barra Funda no telefone. Só na terça-feira fez realmente uso de sua habitual prancheta. Em um dia, criou um novo time.

Depois de mais dois dias de treino após a vitória – quinta e sexta-feira –, Milton Cruz voltou ao Morumbi para enfrentar o Red Bull Brasil pelo mesmo Paulistão. Aplicou no primeiro tempo a mesma ideia do 4-3-3, dessa vez, porém, com a estreia de Wesley e com Paulo Henrique Ganso jogando como ponta, pelo lado do campo. O time teve chances no primeiro tempo, mas não funcionou. Foi para os vestiários com vantagem porque o goleiro e capitão Rogério Ceni fez um gol de falta e impediu dois gols adversários após falhas de sua defesa.

Mas Milton tinha uma carta na manga: o São Paulo voltou do intervalo em outra formação, que viria a ser a notícia principal da noite 45 minutos mais tarde: 4-4-1-1. A linha de defesa foi mantida e a trinca de volantes deu lugar a uma linha de quatro meio-campistas, composta por Wesley na direita, Denilson e Souza no centro e Michel Bastos na esquerda. Paulo Henrique Ganso à frente deles e atrás de Alexandre Pato, ambos com total liberdade no ataque. Ganso deu o segundo gol para Pato e marcou o terceiro. Foi a melhor atuação de Ganso em 2015. Até então, ele tinha duas assistências e nenhum gol em 12 jogos na temporada.

Hoje um dos líderes do elenco e o único são-paulino na seleção brasileira, o volante Souza rasgou elogios a Milton Cruz ao conversar com jornalistas na segunda-feira, no CT da Barra Funda. Afirmou que “do Milton, a parte mais importante é que a gente conseguiu implantar no jogo aquilo que a gente treinou um dia antes”.

Nesta quarta-feira, contra o Danúbio, Milton Cruz começará a partida novamente com o trio de volantes: Rodrigo Caio, titular na função contra a Portuguesa, substituirá o suspenso Denilson. Dória, por opção técnica do interino, assume a vaga de Lucão. Na lateral direita, Paulo Miranda deve tomar o lugar de Bruno. Mas no sábado, também em conversas com os jornalistas, Milton afirmou que Hudson pode lhe dar a possibilidade, sem fazer substituição, de mudar a formação, do 4-3-3 para o 4-4-1-1, como fez contra o Red Bull Brasil.

O São Paulo tem seis pontos no Grupo 2 da Libertadores, assim como o atual campeão San Lorenzo, da Argentina. O Danúbio tem zero. Perdeu todos os jogos que disputou. Se não vencer no Uruguai nesta quarta-feira, o São Paulo pode ver a Libertadores se transformar em um drama. Na última rodada, o San Lorenzo recebe o Danúbio na Argentina enquanto o São Paulo recebe o Corinthians no Morumbi.

A diretoria do São Paulo aguardava a resposta de Alejandro Sabella para terça-feira, mas agora crê que o argentino só dará uma posição definitiva na sexta-feira sobre a oferta para suceder Muricy Ramalho.

FICHA TÉCNICA
DANUBIO-URU X SÃO PAULO

Local: Luiz Franzini, em Montevidéu (Uruguai)
Data: 15 de abril de 2015, quarta-feira
Horário: 22h (de Brasília)
Árbitro: Jose Argote (VEN)
Assistentes: Carlos López (VEN) e Luis Murillo (VEN)

DANUBIO: Torgnascioli, Matías Santos, Ricca e Cristian González; Gravi, Formiliano, Milessi e Joaquín Pereyra, Sosa; Matías Castro e Fornaroli
Técnico: Leonardo Ramos

SÃO PAULO: Rogério Ceni, Paulo Miranda, Rafael Toloi, Dória e Reinaldo; Rodrigo Caio, Hudson e Souza; Michel Bastos, Alexandre Pato e Paulo Henrique Ganso
Técnico: Milton Cruz