Dois jogos pela Libertadores, duas vitórias sofridas do São Paulo, dois gols no final, feitos pelo mesmo personagem. Embora ainda não tenha se firmado na equipe titular, o argentino Centurión já virou o talismã da equipe na competição sul-americana. Ele havia sido o herói no triunfo sobre o Danubio, no Uruguai, ainda pela fase de classificação, e repetiu a dose no confronto da última quarta-feira, contra o Cruzeiro, pelas oitavas de final.
Entre as duas partidas, uma diferença. No duelo disputado no Uruguai, Centurión saiu do banco de reservas para ser o salvador. Contra o Cruzeiro, ele ganhou a vaga de última hora, já que Michel Bastos foi vetado por conta de dengue e, durante 90 minutos, deu muito trabalho aos zagueiros da equipe mineira. E principalmente ao goleiro Fábio.
Ao contrário do que fazia na época de Muricy Ramalho, quando atuava sempre pelo lado esquerdo, Centurión começou a partida pelo lado direito do ataque e, logo aos seis minutos, exigiu bela defesa de Fábio em cabeçada. A partir da metade da etapa inicial, ele teve mais liberdade para se movimentar e seu jogo começou a encaixar com o de Alexandre Pato.
No segundo tempo, antes do gol, foram duas grandes oportunidades. Aos 22, Fábio levou a melhor na primeira disputa. Seis minutos depois, ele recebeu de Alexandre Pato dentro da área, mas se enrolou todo na hora da finalização. Até que, aos 37, o argentino derrubou a muralha cruzeirense que, até então, parecia intransponível. Ele aproveitou cruzamento de Bruno e, de cabeça, mandou no canto direito do goleiro do Cruzeiro que, por ironia, falhou no lance.
Não deu nem tempo de arrancar para dançar a cumbia. Assim que pulou a placa de publicidade, Centurión foi agarrado pelos jogadores reservas e a festa foi muito grande. Esgotado fisicamente, ele deixou o campo dois minutos após marcar para a entrada de Rodrigo Caio. Foi ovacionado por 66 mil torcedores. Para quem andava meio deslocado, reclamando da falta de adaptação, tudo que ocorreu com Centurión na noite deste 6 de maio pode significar o início de uma nova fase.
Para Milton Cruz, técnico da equipe, o gringo está começando a entender o futebol brasileiro e a tendência é ele crescer.
– Temos de ter paciência, ele está se adaptando ao futuro do país. Está se entrosando mais. Como falo espanhol, procuro dar atenção. Antes da partida, conversamos um pouco e falei da importância da partida. Ele jogou muito hoje (ontem), jogou bem contra o Danubio e vai ganhando confiança. Ele estava com dificuldade no esquema de jogo, não estava entendendo como a gente jogava, mas já está melhorando. É um grande jogador, uma grande pessoa, o grupo todo gosta muito dele – afirmou o treinador.